Aracaju, 25 de abril de 2024
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O INIMIGO NÃO ESTÁ ENTRE NÓS, ESCREVE BOSCO ROLEMBERG

Eleições são sempre um momento propício para a formação de conflitos entre os interesses dos diversos partidos, mesmo numa base aliada comum — como é o caso dos partidos que dão sustentação ao governo estadual. E inclusive na fase de gestação de candidaturas, como é a que estamos vivendo. Delicado por si só, o momento recomenda tranquilidade, tolerância, companheirismo e, principalmente, firmeza de foco, para não se perder de vista o objetivo central da disputa, que neste caso é o de retomar o comando da cidade d e Aracaju para as forças progressistas do estado.

Em face disso, soaram muito estranhas as declarações do presidente do diretório estadual do PMDB, João Augusto Gama, atacando o pré-candidato do PCdoB, Edvaldo Nogueira, no Jornal do Dia do último domingo.

Quem lê suas declarações tem a nítida impressão que o inimigo do PMDB é Edvaldo Nogueira e seu partido, o que é flagrantemente desmentido pela história passada e recente. Há pouco menos de dois anos, o PCdoB estava imbuído do propósito de consolidar o governo de transição liderado por Jackson Barreto, por conta da enfermidade de Déda, e logo depois, ao lado de siglas como o PT, PSB, PSD, PDT, PRB, PMDB e tantos outros partidos, integrava o projeto que ajudou a eleger Jackson Barreto governador de Sergipe.

O PCdoB sempre foi aliado histórico do PMDB de Jackson e do próprio Jackson em diversos momentos históricos (eleitorais ou não) da vida sergipana, atuando sempre como fator de unidade e mantendo-se dentro do bloco de forças progressistas do estado. Exemplo disso, no presente, é a intergiversável defesa da democracia contra o golpismo, camuflado na tentativa de impeachment da presidente Dilma Rouseff.

A pré-candidatura de Edvaldo Nogueira não é uma invenção do partido. É o entendimento claro do clamor que a cidade faz para resgatar o projeto de cidadania que Aracaju viveu e que encontrou nas administrações de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira a expressão atualizada de um projeto popular, que começou ainda com Jackson em 1985 e que contou, inclusive, com a contribuição do próprio Gama, quando se elegeu prefeito em 1996.

Com inúmeros serviços prestados à cidade e ao seu povo, com realizações marcantes que são referências de qualidade de vida para a população, é crescente a simpatia dos aracajuanos pelo retorno de Edvaldo à Prefeitura de Aracaju, até mesmo como resposta da população aos quase quatro anos de administração desastrosa de João Alves, que penaliza o cidadão e destrói conquistas históricas.

Onde quer que vá Edvaldo tem sido bem recebido, e tem visto crescer nos olhos dos aracajuanos a esperança de dias melhores. Assim como os outros pré-candidatos, Edvaldo tem legitimidade para buscar consolidar sua candidatura junto ao povo e junto aos partidos, sobretudo neste momento em que a conversa e o diálogo fraterno e sincero são as ferramentas adequadas para partidos companheiros se conduzirem na discussão política.

E todos estão conversando e tentando se viabilizar. Por que só Edvaldo não pode? Se considerarmos os critérios que o próprio governador traçou como referência para dar o seu apoio, temos absoluta convicção que Edvaldo é o que melhor preenche tais requisitos.

O que não podemos perder de vista é que o adversário a ser derrotado nas próximas eleições é o DEM de João Alves Filho e qualquer projeto atrasado para Aracaju. Para nós do PCdoB, Edvaldo é o nome mais forte para a consecução deste objetivo, e isso é facilmente comprovado nas variadas pesquisas que têm surgido. Sua candidatura reúne condições para enfrentar e derrotar o esquema de forças que se articulam no bloco conservador.

O PCdoB é um partido pequeno, mas leal. Diferente de outras siglas, não dispõe de grandes espaços dentro do governo: sua participação esteve restrita à direção da AGRESE e mantém apenas a coordenadoria de Direitos Humanos dentro da SEIDH. Mas independente disso tem dado sustentação incondicional ao governo, principalmente na Assembleia Legislativa, apoiando os projetos do interesse estadual através da atuação do deputado Padre Inaldo.

Num governo de coalizão, onde o PMDB já ocupa o posto principal da aliança com o governador, nunca questionamos sua busca de ampliação de espaço com uma candidatura à Prefeitura. Até consideramos natural e justo que Gama tenha preferência pelo candidato do seu partido. Mas o projeto é maior que o PMDB, que o PCdoB, que o PSB, que o PT, que o PDT, que o PSD ou qualquer partido individualmente.

O que deve nos guiar agora é a construção de um candidato forte, com condições de vencer as eleições de outubro. Uma candidatura que não sirva apenas aos interesses de uma pessoa, ou de um partido, mas que seja a candidatura de um projeto, liderado pelo governador Jackson Barreto. Candidatura que nos una e não nos separe, afinal, o inimigo não está entre nós.

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