Faltando 24 horas para saber se continuará enfrentando o processo de impeachment que tramita na Câmara, a presidenta Dilma Rousseff passou o sábado (16) em reuniões, analisando o cenário de votações para este domingo (17).
Além de escalar sua equipe para fazer o “corpo a corpo” com deputados, Dilma recebeu o apoio de parlamentares e aliados e dedicou o dia a uma agenda reservada. A única agenda pública que teria, a participação em um ato de apoio com movimentos sociais, foi cancelado devido a compromissos com lideranças parlamentares. A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento, de acordo com um interlocutor do Palácio do Planalto, foi suficiente e permitiu que ela se preservasse.
Pouco antes das 15h, Dilma saiu do Palácio da Alvorada, sua residência oficial, e foi para o Palácio do Planalto, onde se reuniu com deputados do Piauí e o governador do estado, Wellington Dias (PT). Dentre os parlamentares piauienses que se declararam contrários ao impeachment está o ex-ministro Marcelo Castro (PMDB), que deixou o cargo para fazer o “enfrentamento político” como deputado, segundo o governo.
No fim da tarde, o ex-governador do Ceará, Cid Gomes, que, no início do mês, apresentou um pedido de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer, o qual foi arquivado dias depois pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conversou com jornalistas antes de se dirigir para o Alvorada.
“Vai ser uma luta até a última hora. Não tem nada decidido. Quem tiver cantando vitória antes do tempo, pode queimar a língua”, afirmou. Cid Gomes disse que ficará em Brasília durante o tempo em que puder ajudar a presidenta, mas que proporá um distanciamento do seu partido, o PDT, da base do governo caso o impeachment seja derrotado neste domingo.
“No final das contas, as pessoas vão perceber que o que está em jogo é uma disputa entre um partido e outro, para boa parte das questões. Eu estou envolvido nisso. Não tenho nenhum interesse. Defendo que o meu partido, no dia seguinte à Dilma permanecendo, a gente saia do governo. Acho que o Brasil precisa de muitas mudanças, mas o que a gente tem que defender é um valor democrático. Mandato é uma coisa consagrada pela população”, disse Cid Gomes.
Apesar de publicamente afirmar que tem mais de 180 votos para impedir que o impeachment passe na Câmara e seja analisado pelos senadores, o Planalto prefere trabalhar com a ideia de que os oposicionistas não possuem o apoio necessário e que tentam criar uma onda de “já ganhou”. O governo continua apostando que pelo menos dez deputados faltem à votação. Para aprovar o processo de impeachment são necessários 342 votos favoráveis. Isso significa que aqueles que são contra o processo precisam de 172 votos, que podem incluir abstenções ou mesmo ausências.