Aracaju, 19 de abril de 2024
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A DANÇA DAS CADEIRAS, ESCREVE VEREADOR Dr. EMERSON FERREIRA

*Dr. Emerson Ferreira

Não é a corrupção o que de pior acontece na vida política nacional, mas sim a falta de renovação política, a tal dança das cadeiras, que fundamenta as mesmas velhas práticas políticas no Brasil. Em Sergipe, por exemplo, e mais especificamente em Aracaju, essa dança tem travado nosso desenvolvimento e comprometido o exercício mais amplo da cidadania.

Não se muda uma realidade mantendo as mesmas práticas, quer na vida privada, quer na pública. Os donos dos partidos políticos, na permanente disputa pelo poder, continuam promovendo negociatas entre si, de olho, por exemplo, no tempo de televisão a que as legendas têm direito durante o processo eleitoral. Por alguns segundos a mais de tempo de TV, para que seus marqueteiros possam induzir os eleitores a concederem-lhes o voto, loteiam a administração pública entre eles. Eleitos, nomeiam para gestores pessoas sem compromisso com o cidadão, e sim com os seus padrinhos políticos e a perpetuação destes no poder e, em muitos casos, com o enriquecimento ilícito deles.

Esses mesmos “donos dos partidos” também negociam, com alguns empresários desonestos, o financiamento de suas campanhas, especialmente para a compra de votos. Uma vez no poder, enviam para o legislativo projetos, medidas provisórias, licitações fraudulentas ou superfaturadas para a realização de obras e serviços públicos que beneficiem seus financiadores – e, claro, exigem receber parte do “doce” feito com o leite das tetas do poder conquistado. A maioria dos governadores e prefeitos, para tanto, ainda garante um pedaço do bolo para ser pilhado pelas chamadas bancadas de apoio – normalmente constituídas por parlamentares que adotam as mesmas práticas políticas. Não por acaso, em cidades como Aracaju, tais parlamentares recebem “mimos” de vinte, trinta, quarenta ou mais cargos para indicarem seus afilhados políticos. A valsa em torno das cadeiras fica, assim, assegurada a todos.

Em Aracaju, por conta mesmo de tal realidade, ouve-se, aos quatro cantos, o desejo do eleitor votar em algum nome diferente, um nome que não compactue com as velhas práticas políticas, práticas que carcomem nosso futuro enquanto cidade. Há um clamor do povo por renovação política, um povo que não aguenta mais os mais dos mesmos e que sofre as consequências das práticas da velha política e, por conseguinte, com os desmandos na gestão pública. Como bem afirma o filósofo Santo Agostinho, a indignação e a coragem são filhas da esperança. Certamente, o circo de horrores no qual se transformou o cenário da política brasileira tem gerado mais que indignação nas pessoas, tem gerado, também, a coragem necessária para mudar tal realidade. E ela virá através das urnas.

*Dr. Emerson Ferreira – Vereador de Aracaju.

 

 

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