Aracaju, 29 de março de 2024

Alunos da UFS expõem resultado de pesquisa no Perímetro da Ribeira (Foto assessoria)

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Estudantes

Manejo e proteção do solo, uso racional e protegido dos agrotóxicos, associativismo e sustentabilidade, foram os temas abordados pelos alunos do Curso de Engenharia Florestal, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em um ciclo de palestras. Um evento promovido como complemento à apresentação de um trabalho de conclusão de mestrado, avaliando esses aspectos no Perímetro Irrigado da Ribeira, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) em Itabaiana. A atividade ocorreu neste local, na manhã desta terça-feira, 24, tendo como público os agricultores irrigantes do polo agrícola.

Orientado pela Professora Doutora Laura Jane Gomes, da UFS, Paulo Silas Oliveira da Silva fez sua dissertação de mestrado avaliando a sustentabilidade da agricultura no Perímetro da Ribeira. Na sua pesquisa, 40 produtores irrigantes foram ouvidos sobre o tipo de agricultura que estava sendo praticada e foram feitas análises de solo no lote de cada um desses produtores. O evento também serviu para a entrega dos resultados desses exames laboratoriais, custeados pelo projeto do mestrando. Neste retorno dado aos consultados, o pesquisador se dispôs a explicar cada item avaliado no teste de solo.

“O Poção da Ribeira foi escolhido devido a sua real importância para a produção de gêneros hortícolas que abastecem tanto a grande Aracaju quanto outras regiões de Sergipe, Bahia e Alagoas. No entanto, mesmo diante da proximidade com a capital o acesso às tecnologias para produção agrícola de modo sustentável é escasso”, relata Paulo Oliveira em relação ao adequado e racional uso do solo, água e defensivos agrícolas. “De maneira que esse estudo também teve por objetivo dar voz aos agricultores irrigantes e visibilidade social aos problemas enfrentados por estas populações que, de forma generalizada, alimentam o Estado de Sergipe, sobretudo a grande Aracaju”, complementou.

Gerente da Ribeira, Augusto Cesar Rocha Barros convidou os agricultores do polo irrigado ao evento, onde auxiliou na explicação do significado dos termos usados pela análise de solo emitida aos agricultores, assim como as medidas cabíveis. “Para olerícolas, o pH (acidez) do solo tem que estar entre 5,5 e 7. Se estiver muito abaixo, tem que corrigir com calcário. Acima, tem que tirar o calcário e fornecer muita matéria orgânica”, advertiu. Na primeira palestra, tratando do estudo do solo, o servidor da Cohidro também complementou a fala dos estudantes. “A sorte aqui do Perímetro é do solo ser profundo, e com isso o efeito com o desgaste, causado pelo excesso de irrigação e plantio, é mais lento”.

Fabiana da Silva dos Santos é aluna do 4º período em Engenharia Florestal da UFS e cursa a disciplina “Extensão e Fomento Florestal”, lecionada pela Doutora Laura Jane. Sua turma foi direcionada pela Professora a fazer trabalhos acadêmicos, dividindo em três tópicos a extensa dissertação do mestrando João Oliveira. O grupo dela visitou o perímetro, anteriormente, coletando mais dados e durante o evento apresentou o resultado disso, ao falar dos cuidados que o agricultor tem que ter com a conservação do solo que usa para plantar. “Foi produtivo, contribui muito com nossa formação acadêmica, já que a proposta da disciplina é esta: transpor os muros da Universidade”, revelou.

Os alunos, formando outros grupos, trataram sobre o uso de agrotóxicos, focando na precaução que deve ser tomada ao aplicar esses defensivos: usando o traje completo de EPI (equipamento de proteção individual); respeitando os cuidados obrigatórios ao descarte das embalagens, sempre às devolvendo ao fornecedor e a atenção ao grau de toxidade que cada produto tem, dando preferência aos de menor intensidade. Já outra parcela dos estudantes fez trabalho e apresentou, aos agricultores, noções fundamentais sobre o associativismo como meio de sustentabilidade no meio rural.

Produtor rural e presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Povoado São José (AMAPSJ), Paulo de Souza Melo foi um dos agricultores que participaram da pesquisa. Ele conta que no perímetro o histórico do associativismo é negativo, com muitas tentativas de organização popular que fracassaram, embora sua entidade exista desde 2009. “Deu um novo patamar quando aqui três associações fizeram parte do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e estão fornecendo para outras e entidades beneficentes”, afirmou, se referindo ao programa em que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) compra alimentos, durante um ano, para fornecer à população em insegurança alimentar.

A Cohidro assessora e incentiva à participação no PAA em todas as entidades instaladas em perímetros irrigados. A associação de Paulo de Souza tem 34 produtores que vão fornecer 6,4 toneladas de alimentos ao Centro Sócio Cultural de Barra dos Coqueiros e a Associação de Moradores e Amigos de Pedra Mole. “Nós temos produzido para o PAA e colaborado na promoção social dos associados no encaminhamento de aposentaria, na procura do sindicato e inscrição nos programas de casa própria”, informou. Sobre o trabalho dos acadêmicos, complementou que “a importância econômica de uma análise de solo é muito grande. Diante do preço dolarizado dos adubos, é preciso saber corretamente o que o solo precisa”.

José Carlos Felizola Filho, presidente da Cohidro, diz contar com a mobilização dos produtores rurais nos perímetros irrigados, para que dessa forma possam progredir mais. “A situação de quem é atendido em um projeto como o Poção Ribeira, é bastante propícia, pela infraestrutura de água para agricultura fornecida pelo Governo de Sergipe. Cabe aos agricultores aproveitarem da melhor maneira possível essa oportunidade de crescer e progredir. Um dos meios é a união, para produzir dividindo os custos e vendendo em grupo, de modo mais competitivo e apto para participar dos programas públicos de compra de alimentos”, analisou.

O agricultor Josivan Freire Santos, também participou da pesquisa dos estudantes da UFS. “Eles perguntaram o que eu usava de agrotóxico, se criava gado. Fizeram muitas perguntas e colheram a amostra de solo. Achei interessante, se for do meu alcance, vou fazer o que sugere a análise”. Ele faz parte da Associação do Povoado Mangueira, inscrita e fornecendo em outro projeto do PAA com 35 produtores, mas entrega também para o Penae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) os alimentos que produz com a família, em quatro tarefas de área irrigada. “Trabalho mais com couve e batata-doce, mas planto também coentro, cebolinha e alface” informou o produtor na Ribeira há quase 30 anos. “Desde o início, quando a Cohidro chegou aqui, meu pai já tinha esse lote”.

Ascom Cohidro

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