Aracaju, 26 de abril de 2024
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SINDITEXTIL DENUNCIA AO MPF/SE TERRORISMO DOS PATRÕES

Por: Iracema Corso

Medo, pressão psicológica e constante ameaça de demissão marcam o cotidiano dos 300 trabalhadores da fábrica Trustnorth, localizada em Nossa Senhora do Socorro, Sergipe. Este é o clima predominante a poucos dias das eleições marcadas para o dia 9 de junho pelo Ministério Público do Trabalho para que os trabalhadores escolham qual dos sindicatos vai lhes representar: o SINDITEXTIL (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Têxtil em Sergipe) ou o SINDVESO (SINDVESO – Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil de Nossa Senhora do Socorro).

Mesmo com medo de revelar sua identidade, trabalhadores da indústria têxtil afirmam que com o apoio dos patrões, dirigentes da Força Sindical estão intervindo nas eleições através da ameaça constante de que todos que votarem no SINDITEXTIL serão demitidos. E o fantasma da demissão e do desemprego na indústria têxtil não é abstrato. Com a demissão coletiva de 200 trabalhadores em março e mais 130 trabalhadores no dia 11 de maio, ele ganhou forma e concretude apresentando-se como uma ameaça real. Ao longo de 2016, mais da metade dos 600 trabalhadores da Trustnorth foram demitidos. O dirigente do SINDITEXTIL, Dilson Gama alerta que as demissões aumentaram desde que o MPF tenta definir qual sindicato representa os trabalhadores da fábrica. Como se não bastasse, a fábrica não pagou a verba indenizatória e os 40% do FGTS aos trabalhadores demitidos.

Em mais uma tentativa de garantir o emprego, bem como de efetuar um Processo Eleitoral Limpo, o SINDITEXTIL protocolou a denuncia no Ministério Público Federal do Trabalho, na última semana de maio, alertando para as ameaças constantes de demissão dos trabalhadores e toda pressão psicológica até o dia das eleições.

SINDVESO fraudou assembleia de fundação – Enquanto o SINDITEXTIL foi criado de forma legítima pelos trabalhadores em 1941 e, desde então, luta em defesa dos seus direitos, o próprio MPT concluiu, em outubro do ano passado, que a assembleia fundadora do SINDVESO foi forjada. Após seis meses de trabalho averiguando as denuncias de fraude na fundação do SINDVESO, o MPT solicitou a suspensão das atividades do sindicato irregular em caráter liminar.

Além do explícito apoio patronal, trabalhadores afirmam que o sindicato criado pela Força Sindical cala-se diante das demissões e inúmeras irregularidades das empresas, a exemplo dos atrasos nos salários, corte do pagamento do Visa Vale, e cesta básica.

Mas além da luta de classes travada contra o patronato, os ataques da Força Sindical ao SINDITEXTIL marcaram esta gestão do começo ao fim. A tentativa de dividir a base forjando sindicatos em diferentes municípios foi uma constante ao longo do mandato.

Ápice deste conflito foi a invasão da sede do sindicato e agressão de diretores no dia 18 de dezembro de 2014. A Central Única dos Trabalhadores acionou a polícia e o problema só foi completamente resolvido no começo de 2015.

Presidente do SINDITEXTIL e diretor da CUT, Dilson Gama defende que a união dos trabalhadores na construção da luta sindical unificada é a única possibilidade de barrar os abusos, demissões e pressões cometidas contra os trabalhadores da indústria têxtil em Sergipe, pois a divisão dos trabalhadores só fortalece os patrões.

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