Aracaju, 6 de maio de 2024
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TRABALHADORES VÃO ÀS RUAS EM ARACAJU CONTRA PERDA DIREITOS

Por: Débora Melo

Contra a perda de direitos, trabalhadores do campo e da cidade vão às ruas de Aracaju

Trabalhadores/as do campo e da cidade vão às ruas de Aracaju, na manhã desta quinta-feira (9), para protestar contra a destruição de direitos sociais em menos de um mês do governo provisório de Michel Temer (PMDB). As mais de duas mil pessoas ocuparão a praça General Valadão, no centro da capital sergipana, para expressar o não reconhecimento a esse governo golpista.

A manifestação,  organizada pela Frente Brasil Popular e Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), é uma resposta aos cortes (anunciados e realizados) de recursos públicos aos serviços essenciais à população como o SUS. Os cortes atingem seriamente os programas de apoio à agricultura familiar, que tem um papel extremamente importante para o país por produzir 70% dos alimentos que vão para mesa dos brasileiros. E afetam também a proposta de convivência com o Semiárido. “Não vamos perder de vista o que foi construído por nós. E ir para a rua é uma estratégia de união e reafirmação de que existimos e temos uma pauta para o Estado”, diz Roselita Vitor, do Polo da Borborema, um coletivo de sindicatos rurais e organizações da sociedade, na Paraíba.

O ato vai reunir militantes de diversos movimentos populares como o Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (Motu), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Negro Não Temer, Movimento dos Quilombolas de Sergipe, Rede Sergipana de Agroecologia (Resea), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB), Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), entre outros.

O centro de Aracaju vai ser ocupado por agricultores e agricultoras familiares de todo o Semiárido brasileiro que estão participando de um encontro nacional promovido pela ASA, em Aracaju, desde a última segunda-feira (6). Segundo a coordenadora executiva da ASA pelo estado do Ceará, Cristina Nascimento, o mundo rural, da agricultura familiar, formado por 16 milhões de pessoas, não faz parte da lógica do agronegócio e da burguesia que assumiu o poder. “É um retrocesso e também mostra a lógica excludente de um governo impopular. Somos contra a destruição dos direitos conquistados. Resistiremos na rua, sempre”, afirma Cristina.

Para a agricultora Faraildes, do município de Japoatã, em Sergipe, o povo só consegue fazer valer seus direitos se descruzar os braços. “Quando comecei na luta era o tempo da ditadura militar, muita perseguição, fazíamos tudo no escondido. Hoje, é um pouco diferente, não nos reunimos mais escondidos, mas é uma ditadura de quadrilha de ladrão, apoiado até pela justiça, então temos que ir para luta, para rua”.

Antes, uma parada na frente da Embrapa – Das 7h às 8h, horário em que os funcionários da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão chegando no trabalho, centenas de pessoas vão manifestar suas discordâncias de medidas que interferem no funcionamento do órgão público. O protesto será na frente da Embrapa Tabuleiros Costeiros, na avenida Beira Mar. “Vamos protestar contra a orientação das unidades da Embrapa desenvolverem pesquisas apenas em locais restritos. Queremos o livre acesso destas unidades em todos os territórios do Brasil”, conta o coordenador executivo da ASA pelo estado de Sergipe, João Alexandre de Freitas Neto.

A Embrapa Tabuleiros Costeiros tem desenvolvido, em parceria com organizações do campo, como a ASA e o MPA, pesquisas participativas de avaliação da qualidade das sementes. Esses estudos fornecem informações importantes para valorizar o material genético guardado por muitos anos pelas famílias agricultoras do Semiárido.

Além desta pauta, o ato exige também o acesso ao banco de germoplasma da Embrapa e esclarecimentos sobre o projeto Cealba, que prevê a implantação de campos de soja e milho transgênicos na Bahia, Ceará e Alagoas. “Somos contra qualquer plantio transgênico”, assegura João Alexandre.

Sexta-feira (10) – Um dia após a manifestação em Aracaju, capitais e cidades de todo o Brasil vão sediar um ato nacional organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

 

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