Aracaju, 26 de abril de 2024
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EDVALDO: SEM OLHAR PARA O RETROVISOR

DIÓGENES BRAYNERplenario@faxaju.com.br

A campanha do segundo turno começou com um arranque do candidato Valadares Filho (PSB) nas pesquisas e na percepção das pessoas que circulavam por Aracaju. Até a segunda semana a visão era esta. Aos poucos também se percebeu que o candidato Edvaldo Nogueira avançava e começava a ganhar terreno, apesar do burburinho favorecer ao candidato socialista.

A campanha foi uma baixaria de todos os lados. De ‘Marizete’ e ‘Gugu’ à ‘manicure Zoraide’. Tudo parecia tão igual que não há qualificativo, embora eram quadros de humor nonsense. Tudo bem, mas houve um equívoco no discurso do bloco que dava apoio a Valadares: ao invés de mirarem o candidato Edvaldo Nogueira, passaram a atirar no governador Jackson Barreto (PMDB) e o resultado foi o que se viu.

Diferente do seu estilo, JB ficou em silêncio e, ao invés de responder diretamente, foi para as ruas dos bairros de Aracaju, principalmente da periferia, e revelou a força que tem junto ao eleitorado da Capital. Provavelmente, com a vitória, Jackson vai falar ao distinto público e – quem o conhece sabe – direcionar seus discursos à oposição.

Outro equívoco grande: a presença do prefeito reeleito de Salvador, ACM Neto (DEM), em Aracaju, para dar força à campanha de Valadares. ACM Neto fortaleceu a acusação de que o partido o apoiava. Isso lhe pôs na parede. Não conseguiu desfazer e terminou sendo assimilado pelo eleitorado.

Outro fato que prejudicou Valadares Filho foi a divulgação do processo assinado pelo procurador Sérgio Monte Alegre, de 2011, que rejeitava as contas de Edvaldo, exatamente às vésperas do pleito. Foram buscar fatos do fundo do baú, e deu-se um tiro no pé, como disse aqui. No sábado, a suspensão da divulgação da pesquisa do Cinform, solicitada pela coligação de Valadares Filho, em que o resultado favorecia a Edvaldo Nogueira, foi o golpe de misericórdia, aplicado pelo grupo no seu próprio candidato.

Mas política é assim mesmo: alguém tem que sair perdendo. Desta vez foi Valadares Filho, que retorna à Câmara Federal e pode voltar a ser candidato a prefeito em 2022. Nada o impede, inclusive a sua capacidade e disposição. O deputado é um nome que dignifica a política de Sergipe e que foi um candidato difícil de vencer, exatamente por seus méritos, caráter e ética.

Agora é esperar que o prefeito eleito Edvaldo Nogueira cumpra tudo que propôs durante a campanha, para que se tenha uma cidade melhor e dentro dos padrões que o candidato expôs à sociedade em caso de ser eleito. Pronto, foi. Agora é formar uma equipe sem a obrigatoriedade das indicações políticas e administrar Aracaju para o presente, sem olhar para o retrovisor jamais.

PROVÁVEIS

As pesquisas de opinião pública realizadas nesta reta final da campanha erraram feio. Todas elas deram Valadares à frente até com 04% de diferença.

No primeiro turno deram vitória ampla a Edvaldo Nogueira.

DATAFORM

Segundo informações que circulou nos bastidores, na pesquisa censurada, sábado, do Dataform, dava vitória de Edvaldo Nogueira por 05%.

Acertou em cheio, assim como aconteceu no primeiro turno.

PESQUISA

Dataform produziu uma pesquisa interna, ontem, contratada pelo PMDB, que mostrou vitória de Edvaldo Nogueira por dois mil votos apenas.

Os votos seriam disputados pau a pau.

CAUSAS

A impressão era que Valadares Filho estava à frente durante a campanha, pela presença do seu grupo nas ruas e nos grupos sociais da Internet.

Nas duas últimas semanas, Edvaldo começou a recuperar votos.

SERGIO

A publicação do pedido de rejeição – e até intervenção – solicitado pelo procurador Sergio Monte Alegre, a três dias do pleito, teve efeito negativo.

Vitimalizou Edvaldo Nogueira,

ACM NETO

A presença do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), na campanha de Valadares Filho também provocou uma reação forte contra o candidato.

É que ACM oficializou o apoio do DEM para Valadares Filho.

JACKSON

O governador Jackson Barreto (PMDB), de segunda-feira até sábado à noite, percorreu toda a periferia de Aracaju pedindo voto pessoal para Edvaldo Nogueira.

Mostrou que mantém sua força eleitoral em Aracaju.

CERCADO

Um carro em que se encontravam o vice-governador Belivaldo Chagas e familiares foi cercado em um dos bairros de Aracaju, por eleitores de Valadares Filho (PSB).

Foram agredidos verbalmente.

INSTAGRAN

A informação foi postada pela filha de Belivaldo no Instagran. Ela considerou que “atitudes desprezíveis como essas são desnecessárias”.

– Vivemos numa democracia. Não podemos impor a ninguém que lado ficar.

SUSPEITA

Senador Valadares (PSB) postou que não se não fosse essa falha que gerou suspeita de acordo [que não houve] de nada adiantaria a influência do poder político e econômico.

Segundo o senador, “ganharíamos”.

FÁBIO

O prefeito de Socorro, Fábio Henrique (PDT), disse que passou o dia acompanhando Valadares Filho e a impressão que tinham era de vitória.

Mas, admitiu, ‘que vontade do povo tem que ser respeitada”.

ADVOGADOS

Quarenta advogados trabalharam de graça nas eleições de ontem, para a candidatura de Edvaldo Nogueira nos bairros de Aracaju.

Alguns contratados foram dispensados.

VALADARES

O senador Valadares (PSB) postou cedo no twitter: “Nesse domingo se prenuncia a vitória da mudança contra as falsas bandeiras do PMDB-PCdoB-PT”.

– Que Deus ilumine a mente do povo de Aracaju.

ABSTENÇÃO

Crescimento da abstenção era prevista. Ela mostra que os discursos dos candidatos e as baixarias das equipes nos grupos não mudaram a opinião dos enojados com a política.

Os dois candidatos não tinham liderança própria.

CHATEADO

O eleitor – como aconteceu em todo o Brasil – está saturado da política e dos políticos de qualquer lado. Aponta que quer um nome que nunca se envolveu em eleições.

Virgem da política e dos partidos.

VERGONHA

Na fila de uma das seções de um colégio nos Jardins uma senhora declarou seu voto “em branco” e justificou porque não votaria em Valadares ou Edvaldo.

– Os dois são iguais. Estavam juntos até um dia desses, disse.

ORIENTA

Uma outra senhora, de bermuda amarela, contestou a igualdade dos candidatos e tentou convencer que o melhor era Valadares Filho.

Foi repreendida porque estava fazendo ‘boca de urna’.

SUPREMACIA

Um ex-deputado federal escreveu: “analisando com distância do dia a dia da campanha percebo que os dois candidatos não conseguiram supremacia de um sobre o outro.

– Ambos dependeram do grupo que formaram em torno de si.

GRUPO

Com os primeiros resultados das eleições, integrantes do grupo de Valadares Filho (PSB), na Internet, começaram a abandoná-lo [o grupo].

Com o resultado final do pleito, não tinha mais ninguém.

Notas

Enfraquece – Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes disse ontem que o fim do voto obrigatório não é uma solução para o processo eleitoral brasileiro e que o alto índice de abstenção que vem sendo registrado nas eleições de 2016 enfraquece o processo eleitoral.

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Família – No último programa, Valadares Filho desmentiu que tinha apoio político do prefeito João Alves Filho e falou que família é a base mais importante para que o ser humano siga no caminho do bem. Aprendi com minha família que o compromisso social e o respeito com as pessoas são as formas ideais de mudar o futuro.

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Déda – Edvaldo Nogueira exibiu pela primeira vez a imagem do ex-governador Marcelo Déda, de quem sempre foi aliado. Eliane Aquino explicou que havia acordo para não exibir imagens de Déda, mas que sentiu, nos abraços dos eleitores, que ‘ele estava presente’. Não pareceu apelativo.

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Violência – Plano Nacional de Segurança Pública focará na redução dos assassinatos e da violência contra a mulher, na modernização do sistema penitenciário e no combate aos tráficos de pessoas, drogas e armas, além do contrabando nas fronteiras. O plano será anunciado após o aval dos governadores.

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De bem – O presidente do Senado, Renan Calheiros, rendeu homenagens à presidente do STF, Cármen Lúcia, após uma troca de farpas entre eles em consequência da Operação Métis da Polícia Federal, que apura denúncia de que a Polícia Legislativa do Senado teria agido para atrapalhar investigações da Operação Lava Jato.

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Bandeira – A bandeira tarifária que será aplicada nas contas de luz no mês de novembro será a amarela, com custo de R$ 1,5 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. A medida se deve às condições hidrológicas menos favoráveis, o que determinou o acionamento de usinas termelétricas mais caras.

Conversando

Imprensa – Associação Nacional de Jornais recorre ao STF para que portais sigam a mesma legislação de jornais e revistas.

Edvaldo – “Aracaju me conhece, sabe da minha capacidade. Sabemos das dificuldades, mas vamos trabalhar para deixar nossa cidade melhor”.

Valadares Filho – “Uma gestão que pensa em sua gente, despartidariza suas secretarias e coloca à frente pessoas qualificadas para solucionar seus maiores problemas”.

Tarde demais – Clóvis Silveira diz: “Amanhã pode ser tarde demais, tarde demais para pedir desculpas, tarde demais para tentar, tarde demais para acreditar!”

Rato – Do humorista Mução: Ingressos para o Rock in Rio vão custar até 435 reais. É melhor escutar Pablo na churrascaria Rato Molhado.

Demônio – O advogado João Fontes diz que programas eleitorais tentam mostrar que os políticos “fazem pactos com o demônio”.

Emendas – Belivaldo Chagas diz que Governo de Sergipe encaminhou bloco de emendas de seu interesse, mas conjunto de interesses mudou critério.

Violência – Lucas Rosário diz que a Secretaria de Segurança não camufla dados sobre a violência e salienta esforços do Governo do Estado para combater criminalidade.

Nêumanne – ONU desmente duas vezes defesa triunfante de Lula, que não se desculpou pela mentira. Que vexame!

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