Na manhã desta terça-feira, 24, no Plenário da Câmara Municipal de Aracaju (CMA), foi realizada uma Tribuna Livre para falar sobre a ‘Importância da Prevenção do Câncer de Mama’. A tribuna contou com a presença do oncologista e hematologista, Nivaldo Farias Vieira, que abordou sobre as incidências e mortalidade do câncer nas mulheres latino-americanas, além de fatores de riscos e medidas de controle da doença.

De acordo com Dr. Nivaldo Vieira, 57% dos novos casos e 65% das mortes ocorreram nas regiões menos desenvolvidas do mundo. “O câncer é um problema nosso e acomete, em sua maioria, pessoas de países menos desenvolvidos. Além de prevenível, o câncer pode ser curável, quando diagnosticado no estadiamento precoce. Medidas precisam serem tomadas para que esses índices caiam, pois essa doença afeta todas as idades, em países de alta, média e baixa renda”, ressaltou.

Segundo o oncologista, estima-se que os casos de câncer aumentem mais de 14 milhões em 2012 para aproximadamente 22 milhões em 2030 em todo o mundo. Sobre a incidência dos tipos de câncer que acometem as mulheres brasileiras, Dr. Nivaldo explicou que com exceção ao câncer de pele não melanoma, a estimativa de novos casos para 2016 são: mama (57.960 casos); Cólon e Reto (17.620 casos) e Colo do útero (16.340).

Com relação ao Câncer de Mama e de Colo de útero, o oncologista ressaltou que há uma diminuição das taxas de câncer de colo de útero e um aumento das taxas de câncer de mama. “Na verdade, há um aumento nas taxas de câncer de mama porque antigamente não havia muito diagnóstico de câncer de mama, muitas mulheres já morreram e a causa da doença era desconhecida. Então hoje há mais diagnóstico da doença”, frisou Dr. Nivaldo Vieira acrescentando que o papel do Estado é importante, pois o Estado precisa prevenir a incidência do câncer para as futuras gerações com promoção e ações de práticas saldáveis e fomentando o número de mamógrafos no Brasil.

Fatores de Risco

Dentre os fatores de risco para o Câncer de Mama apresentados pelo oncologista estão: histórico familiar; idade; primeira menstruação muito cedo; nunca engravidar; último parto tardio; menopausa tardia; obesidade; consumo de álcool; uso de hormonioterapia exógena (pílula anticoncepcional ou reposição hormonal na menopausa) e exposição a radiação.

Proposta da SBM

O oncologista ainda relatou que a nova proposta da Sociedade Brasileira de Mastologia é focar no autoconhecimento da mulher e não apenas no autoexame. “A mulher que toma conta de si mesmo, e que sabe se cuidar, cobrar seus direitos, cobrar do companheiro o uso de preservativo é um conceito muito mais profundo do que apenas palpar as suas mamas em frente ao espelho. Então, mais importante que o autoexame é a autoconscientização, para que a mulher entenda o seu papel e saiba se cuidar de todas as formas”.

Ana Aparecida, representante do Grupo “Mulheres de Peito”, falou sobre as dificuldades do tratamento do câncer pelo Sistema Púbico de Saúde. “Fui portadora de câncer e nunca fiz uma tomografia pelo SUS. O SUS não oferta assistência digna aos pacientes com câncer, falta medicamentos, exames, atraso nas cirurgias e atraso nas radioterapias por conta da máquina que sempre quebra. O câncer não espera, o câncer mata e muitos pacientes estão morrendo por falta de assistência do serviço público. Peço socorro aos vereadores desta Casa para auxiliar e apoiar nesta luta”, afirmou.

Vereadores

Emília Correa (PEN) parabenizou o palestrante Dr. Nivaldo e destacou a importância da alerta ao câncer de mama. “Lamento muito de saber que o Sistema de Saúde não dá a assistência necessária para salvar as vidas dessas mulheres. Câncer não só mata como também maltrata, tira a autoestima da mulher. Então precisamos fazer algo para mudar esta situação. Qualquer um de nós pode ser vítima desta doença”, disse.

Iran Barbosa (PT) também destacou a importância do tema da Tribuna Livre. “Os dados apresentados foram essenciais. Parabenizo a ênfase de Dr. Nivaldo para esclarecer que não apenas o autoexame é essencial, mas sim o autocuidado e autoconhecimento da mulher, que precisa mesmo se empoderar e ter consciência de seu papel”.

Isac (PCdoB) e Zezinho do Bugio (PTB) também ressaltaram o tema da tribuna. E Vinicius Porto (DEM) parabenizou o trabalho de Dr. Nivaldo e falou que o câncer já atingiu a sua família. “A minha mãe teve câncer de tireoide, o meu pai teve câncer de próstata e meu irmão mais novo teve câncer de testículo. Questiono porque os poderes públicos não fazem nada para mudar os altos índices dessa doença”, disse o vereador.

Jason Neto (PDT) enfatizou que é preciso cobrar dos poderes públicos, e parabenizou Dr. Nivaldo pela palestra. Já Professor Bittencourt (PCdoB) enfatizou a relevância dos dados apresentados. “São observações aprofundadas de embasamento não apenas de dados estatísticos, mas de dados políticos e sociais. Parabenizo a apresentação de Dr. Nivaldo”.

Américo de Deus (Rede) destacou que saúde é um direito universal. “Não há investimentos nesse sentido, o Hospital do Câncer não tem perspectiva de ser construído. São vários problemas que envolvem essa doença”. E Cabo Amintas (PTB) falou sobre o seu Projeto de Lei aprovado nesta Casa para a isenção do IPTU às pessoas com doenças graves como o câncer. “Essa foi uma forma de beneficiar essas pessoas e espero que isso venha ajudar os pacientes que tanto precisam de apoio”, finalizou o parlamentar.

Por Fernanda Sales

Foto César de Oliveira