Aracaju, 24 de abril de 2024
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Professores de Filosofia da UFS recebem Título de Cidadania Sergipana

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A deputada estadual Ana Lúcia entregou nas mãos dos professores e pesquisadores do Departamento de Filosofia da UFS Evaldo Becker e Marcos Balieiro o Título de Cidadania Sergipana. Os filósofos e educadores têm dado grande contribuição ao fortalecimento e à humanização do ensino superior de nosso Estado. Realizada pela Assembleia Legislativa de Sergipe, a outorga dos títulos aconteceu na tarde desta segunda-feira, 13, e contou com a presença de professores e pesquisadores da UFS, amigos e familiares dos homenageados.

“A universidade deve estar a serviço da população e responder os problemas e as necessidades enfrentadas pela sociedade. E, em seus exercícios profissionais, estes dois professores pesquisadores têm buscado aproximar a universidade pública do seu principal escopo, que é produzir conhecimento para ser aplicado na sociedade a fim de transformá-la; que é formar nossos estudantes, nossa juventude, para a humanização de nossa sociedade, por meio do tripé ensino, pesquisa e extensão”, destacou Ana Lúcia.

Evaldo Becker é coordenador do Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFS, professor do Mestrado em Filosofia da UFS e do Mestrado do Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA-UFS). Em suas pesquisas, tem priorizado o estudo da Ética socioambiental, tendo desenvolvido os projetos “Ética socioambiental: história e perspectivas”, “Ética socioambiental nas comunidades tradicionais do Baixo São Francisco no Estado de Sergipe” e “Desenvolvimento Territorial e Sustentabilidade no Baixo São Francisco Sergipano”, este último com o objetivo de auxiliar as comunidades a traçarem os rumos do desenvolvimento de seu território de forma sustentável.

Marcos Balieiro tem contribuído desde 2010 com a UFS,lecionando no Departamento de Filosofia, na graduação e na pós-graducação. Desde 2012 é Chefe do Departamento de Filosofia.  Os projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos por Balieiro também refletem seu compromisso com a humanização da sociedade: Desde 2014, ele estuda “A Natureza Humana e Direitos Humanos”. Ele é também um dos coordenadores do Programa de bolsas de iniciação à docência (PIBID), por compreender a contribuição que a universidade pode dar para o desenvolvimento da educação pública.

Potencial transformador da educação

Ana Lúcia chamou a atenção para o potencial transformador do professor, sobretudo no momento atual, em que cresce o cerceamento da liberdade de expressão daqueles que ousam estimular o pensamento crítico. “Professores têm sido alvo recorrente desta investida fascista, pois nós, educadores, temos papel estratégico na construção de uma concepção de sociedade de iguais”, apontou Ana Lúcia criticando o Projeto Escola sem Partido e o ato de perseguição  ocorrido na Universidade Federal de Ouro Preto, contra o professor André Mayer, que foi chamado a depor na Polícia Federal, por coordenar um grupo de pesquisa sobre a sociedade contemporânea, referenciado à teoria social de Marx.

“Neste sentido, professores que compreendem a universidade como locus do conhecimento e que tem compromisso com a humanização de nossa sociedade – como Evaldo Becker e Marcos Balieiro – são fundamentais”, apontou Ana Lúcia.

Em seu discurso, o professor e pesquisador Evaldo Becker fez uma profunda análise do papel fundamental da educação na construção da cidadania de um povo.  Em alusão à defesa da justiça social do filósofo iluminista e deputado no período da Revolução Francesa Marquês de Condorcet, o professor destacou que “Educação pública, laica e universal: Eis um antídoto contra a ignorância, o fanatismo e a violência que assolavam a França de outrora e que assolam nosso país nos dias atuais, rebaixando uma das maiores potências econômicas, aos piores índices de educação e distribuição de renda”, pontuou, reforçando seu orgulho em ser professor de Universidade Pública.

Desigualdade e transformação

Becker lamentou o fato de, apesar de o Brasil ser um dos países mais ricos do mundo, ter um povo pobre e desprezado e teceu profundas críticas ao momento de desmonte do Estado Brasileiro, marcado pela priorização do capital internacional ante aos direitos da população. “Se faltam verbas para investimentos em educação, saúde pública, moradia etc., por que entregamos traiçoeiramente trilhões de dólares em petróleo às ricas potências estrangeiras¿ Por que não nos decidimos corajosamente a fazer algo diferente¿ Por exemplo, investir em nosso povo, cuidar para que nosso país permaneça nosso e que possamos nos orgulhar de nossa pátria”, questionou.

O professor Marcos Balieiro refletiu sobre o papel da filosofia como via para discutir os problemas concretos da sociedade, num tempo marcado pelo preconceito e pelas desigualdades sociais. “Nós precisamos discutir violência já que somos proporcionalmente o Estado mais violento do país. A gente precisa discutir o que acontece conosco já que estamos num um país que é recordista em assassinato de mulheres, por serem mulheres. A gente precisa discutir em que curso está nossa liberdade de expressão” avaliou o professor.

Balieiro reafirmou ainda seu compromisso de defender uma sociedade justa, estando na função de Chefe do Departamento de Filosofia da UFS. “Neste momento em que a universidade vem enfrentando reverses duríssimos e que o país vem enfrentando um cenário de cortes de direitos, em especial a educação – que vem sofrendo com cortes de verbas e iniciativas como o Escola Sem Partido – a parte boa de ser chefe do departamento de filosofia é que por mais dura que seja a batalha, a gente se encontra numa posição privilegiada, que é a de poder defender a sociedade sergipana e brasileira”, finalizou o professor e pesquisador.

Texto e foto: Ascom Parlamentar

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