Aracaju, 25 de abril de 2024
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Fernanda Gentil fala sobre trabalho e família: ‘Tudo o que faço é para dar aos meus filhos uma vida que acho que eles merecem’

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Ela está entre as figuras mais carismáticas do jornalismo – e não é para menos. Completando 31 anos nesta quinta-feira, 23/11, Fernanda Gentil já mostrou a que veio e conquistou credibilidade em um ambiente até hoje dominado pelos homens. Premiada no ‘Golden Rings Awards’, evento do Comitê Olímpico Internacional, pela cobertura dos Jogos Rio 2016, e ainda com uma Copa do Mundo e uma Copa das Confederações na bagagem, ela se tornou um dos rostos mais conhecidos na televisão quando o assunto é esporte. E, desde junho, vem enfrentando o desafio de expandir sua experiência para o rádio com o programa Convocadas, uma mesa-redonda exclusivamente composta por mulheres, que vai ao ar todas as terças na nova Rádio Globo.

“É um clima muito de mesa de bar mesmo, falando de um assunto que a gente adora. Nós trabalhamos com isso, respiramos esporte o dia inteiro. Então foi bem orgânico.”

Formada pela PUC-Rio, Fernanda conta que sempre quis trabalhar com esporte, mesmo antes de saber que seria jornalista. “O meu guia era o assunto que eu queria trabalhar, que é o esporte. Ponto. Sempre pratiquei, então é um universo que sempre gostei muito”, lembra ela.

O novo desafio como locutora da Rádio Globo, no entanto, lhe proporcionou a sensação de sair da zona de conforto do tema que lhe é tão familiar. Desde agosto, Fernanda também é uma das apresentadoras do Papo de Almoço, programa com três horas de duração focado em comportamento e relacionamentos. O convite veio após a saída de Mônica Martelli, que não conseguiu conciliar a agenda com a rádio, e ela não foi capaz de recusar. “Acho que é um espaço muito nobre que temos para falar sobre o que quisermos. E assuntos que hoje em dia têm que ser falados, sabe? Eu bato muito nessa tecla: é preciso muita inteligência para usar esse espaço, porque no rádio você fala para qualquer um, em qualquer lugar.”

Desde que assumiu o comando do programa às terças-feiras, Fernanda já abordou temas como maternidade, homofobia, transgêneros e inclusão de pessoas com deficiência, entre outros – e destaca que aprende muito com cada um deles. “A gente acha que vai ensinar, mas acaba aprendendo mais que qualquer coisa. Tem programas que eu fico calada, até que me dou conta e penso: ‘Gente, sou eu que apresento esse programa, tenho que falar alguma coisa!'”, diverte-se.

“É uma via de mão dupla: apesar de ser um espaço para eu falar o que acho importante, é muito mais para eu aprender também. Porque às vezes a gente está no nosso mundinho, na correria do dia a dia, e não olha para onde tem que olhar.”

Várias em uma

Apresentando o Esporte Espetacular na TV Globo e dois programas de rádio, ela tem se desdobrado para se dedicar à família, uma das prioridades em sua vida. Com dois filhos – Lucas, de 9 anos, que cria ao lado do tio após o menino perder a mãe, e Gabriel, de 2 – , ela assume: “Me culpo muito por estar trabalhando tanto hoje em dia, principalmente com os dois pequenos. Mas me ajuda muito a aliviar essa culpa o tanto que eu falo com eles sobre isso. O discurso é bem claro e transparente: eu saio de casa e volto por eles”, conta.

“Tudo o que faço é para dar aos meus filhos uma vida que acho que eles merecem, quanto à educação, segurança, alimentação… tudo! Tudo que eles precisarem, quero poder dar. E se puder dar um pouquinho além, vou querer também.”

Sempre conectada

Muito ligada às redes sociais, Fernanda tem uma relação intensa com o mundo virtual. “Eu adoro, fico até além do ponto que é saudável a relação com meu celular”, admite. Mas garante não se deixar levar por tudo o que lê na internet. “Eu zero pauto a minha vida em relação ao que dizem. Sempre digo que, se acreditar em tudo de bom que falam de mim, vou me achar acima do bem e do mal e, se acreditar em tudo de ruim, vou me achar o cocô do cavalo do bandido”, conta ela, que também não se preocupa com o fato de mostrar sua vida na web.

“’Esconder’ é uma palavra que eu não pratico na minha vida, não tem por quê. Não mudo nada da minha rotina em relação a isso.”

A jornalista, inclusive, defende o ambiente democrático que as redes sociais proporcionam, pois as vê como uma plataforma para defender suas ideias: “Os caminhos são muito curtos ali, é possível se posicionar como você mesma. Ninguém fala por você, ninguém bota palavra na sua boca, ninguém fala o que quer sem você poder se defender. Então eu procuro ver o lado bom disso”, conta ela, que mantém uma relação próxima com os fãs através da internet.

“Tenho muitos seguidores, felizmente, que também são muito participativos. Eles comentam tudo, curtem e compartilham, é um carinho muito bacana. Acho que é um termômetro muito legal do nosso trabalho”, diz.

O prazer de fazer o bem

Mesmo dividindo seu dia a dia entre a TV, a rádio, a família e as redes sociais, Fernanda ainda se dedica a uma atividade que toma grande parte do seu tempo: fazer o bem. A jornalista é uma das fundadoras da Caslu, uma associação que tem o objetivo de arrecadar doações para organizações que cuidam de crianças e adolescentes. O projeto nasceu a partir de uma história pessoal. “Eu perdi a minha tia, que era mãe do Lucas, meu afilhado. Ela morreu de câncer quando ele tinha 1 ano e 4 meses. Foi um grande trauma”, recorda.

Apesar da dor, Fernanda começou a pensar em outras crianças que vivem histórias parecidas. “Ficamos imaginando quantas delas estão nessa situação do Lucas, de perder a mãe ou o pai, ou até serem abandonadas, e não têm a sorte que ele teve, de ter uma família que fosse abraçar”, conta ela, que criou o projeto ao lado do ex-marido e mais dois amigos:

“Criamos a Caslu com o único pré-requisito de ajudar instituições que cuidam de crianças e adolescentes. Isso inclui clínicas, orfanatos, abrigos, creches e hospitais”.

O projeto atua ao longo do ano com a venda de camisetas, que tem seu valor revertido para a compra de mantimentos e materiais para essas instituições. “Cada campanha tem uma cor diferente. Nós vendemos as camisas, que são nossa única fonte de renda, e com o dinheiro fazemos as doações para o lugar que escolhemos ajudar”, explica.

A primeira campanha foi realizada em dezembro de 2013 e, desde então, o projeto já beneficiou mais de 2.240 crianças, de treze instituições. Atualmente, são realizadas quatro arrecadações por ano, e cada local beneficiado é selecionado a dedo pelos fundadores do projeto. “A escolha é muito criteriosa. Tem todo um processo porque, infelizmente, tem muita falcatrua por aí, muito trabalho que não é legal.”

“O trabalho voluntário é realmente um caminho sem volta. Sempre falo que a Caslu, depois dos meus filhos, foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida!”

A campanha de Natal já está a todo vapor e beneficiará a Casa de Joel, um abrigo no Rio de Janeiro que acolhe 220 crianças. A entrega das doações é realizada com uma grande festa, com atividades esportivas e culturais. Fernanda conta que os filhos já participam do projeto: “O Lucas vai há anos e assume um papel de super-herói: ajuda todo mundo, pega no colo, limpa a mão, dá comida… é muito bonito. Já o Gabriel estreou na Caslu na última campanha e ficou super à vontade, parecia pinto no lixo!”, orgulha-se.

“Acho muito didático meus filhos participarem da Caslu. Não preciso falar nada, os olhinhos deles já vão entendendo tudo, principalmente como eles são sortudos pela vida que têm e, mais ainda, como podem ajudar quem está ali.”

Fonte/Foto: globo.com

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