Aracaju, 25 de abril de 2024
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SEM TRATAMENTO RENAL, PACIENTES CORREM GRAVES RISCOS

Em Sergipe cerca de 1.200 pacientes renais dependem das máquinas de hemodiálise para vencer a doença. As cinco clínicas conveniadas no Sistema Único de Saúde (SUS) não têm vaga para novos pacientes e em uma delas o atendimento está suspenso, porque a água usada na hemodiálise estava contaminada e poderia comprometer a vida de 110 pessoas.

O desempregado Laurinho Joaquim de Aragão foi diagnosticado com falência renal e precisa começar imediatamente o tratamento. Todos os dias ele sai do município de Nossa Senhora do Socorro, na Região Metropolitana de Aracaju (SE), para tentar uma vaga em uma das clínicas, mas continua na fila de espera. “Sempre dizem que está difícil, que tenho que ir pra fila, porque não tem vaga, mas estou correndo atrás vendo se consigo”, afirma.

– O paciente que busca uma vaga é mandado para casa para aguardar a vaga, que só aparece se o paciente que está na máquina transplantar ou se o rim dele voltar a funcionar, o que é muito raro. Não existe transplante em Sergipe. A terceira opção é se ele vier a óbito. Então a gente tem que tá contando com a morte de alguém para alguém ir pra maca”, conta o presidente da Associação dos Renais Crônicos de Sergipe, Lúcio Alves.

Os pacientes que dependem do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), o maior do estado, enfrentam um cenário de superlotação. Quem chega pela emergência com pressão alta e inconsciente vai para a hemodiálise, 37 pessoas ocupam leitos que poderiam ser utilizados por pacientes do pronto socorro.

“Tem dois meses que estou aqui dentro, já o médico liberou pra ir pra casa, mas eu queria falar a verdade eu não queria passar natal longe do meu fio e da minha família, não”, conta a dona de casa Silvana dos Santos.

“A gente só vai dar alta realmente do hospital se tivermos garantias dessas vagas em nível ambulatorial o que nós não temos ainda. Poderiam ter alta, poderiam fazer suas hemodiálises a nível ambulatorial nas clínicas contratadas pelos municípios, que têm essas clínicas, pela falta dessas vagas a nível ambulatorial pra não gerar desassistência desse paciente nos mantemos internados”, explica o superintendente do Huse, Luiz Eduardo Prado.

A Secretaria Municipal de Saúde, que gerencia a rede de assistência ambulatorial do Hospital de Urgência de Sergipe, disse em nota que o problema da falta de vagas no hospital se agravou ainda mais com o fechamento provisório de uma das cinco clínicas, e que não há previsão de abertura de novas vagas de hemodiálise no estado.

Já Vigilância Sanitária Estadual não tem prazo pra liberar a clínica que apresentou contaminação na água usada na hemodiálise. A última análise foi na semana passada.PPPaaa

Pagamento de diária – “Há quatro anos, o militar reformado Mário Júnior Ferreira fez o transplante do rim, mas a cada três meses precisa fazer revisões em São Paulo. A viagem só é possível graças a ajuda de parentes, porque o valor da diária paga pelo governo para quem faz tratamento fora de domicílio continua o mesmo, R$ 24,75.

“Tenho que buscar soluções pra poder viajar. Sem a minha viagem infelizmente vou perder o meu enxerto renal e voltar pra máquina de hemodiálise, que eu não quero isso pra minha vida”, lamenta Mário Junior.

O Ministério da Saúde informou, por nota, que neste ano foram gastos quase R$ 15 milhões, em Sergipe, com tratamento fora do domicílio. Disse ainda que os valores das diárias são de R 8,40, para pacientes sem o pernoite, e de R$ 24,75 para pacientes com pernoite no local do tratamento.

 (Com G1)

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