Aracaju, 26 de abril de 2024
Search

Projeto Corujinha garante imunização gratuita a bebês e orientação a mães

1

Um dos pilares para uma vida longa e plena é ter a saúde sempre em dia e a prevenção é um dos principais caminhos para se alcançar esse objetivo. Quando se fala em prevenção, inclui-se, primordialmente, os cuidados desde os primeiros dias de vida. Foi com o foco na manutenção da saúde de recém-nascidos (RNs) que, há cerca de sete anos, surgiu o Projeto Corujinha em Aracaju. Vinculado ao Programa da Saúde da Criança e do Adolescente, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o projeto atua em três maternidades públicas e privadas da capital e garante que todos os RNs vivos saiam delas com as duas primeiras vacinas do calendário já tomadas, que são a BCG e primeira dose da hepatite B.

O projeto atua diariamente, de domingo a domingo, com 13 auxiliares de enfermagem nas maternidades Nossa Senhora de Lourdes, Santa Isabel e Gabriel Soares, e trabalha para fornecer aquilo que é de direito de toda criança. “O SUS fornece as vacinas gratuitamente e o que fazemos é facilitar o acesso a essas substâncias que as protegem contra as formas mais graves de tuberculose, no caso da BCG, e contra a hepatite B”, disse a coordenadora do Programa da Saúde da Criança e do Adolescente, Rita Bittencourt.

Sergipe como um todo tem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que as crianças saiam vacinas das maternidades, porém, a SMS tem um diferencial. O projeto desenvolvido em Aracaju é pioneiro no país e, além de garantir a vacinação, também realiza um trabalho de apoio às mães, dando orientações pertinentes a respeito das próprias vacinas, amamentação, cuidados com o umbigo do bebê, entre outras informações que elucidem questões voltadas para os primeiros meses de vida da criança. “Antes, em Aracaju, a gente chamava de primeiras ações de saúde e cidadania, mas, vimos a necessidade de instituirmos o Projeto Corujinha, principalmente quando o nosso principal foco é minimizar, cada vez mais a mortalidade infantil e, quando falamos de mortalidade infantil, temos várias ferramentas para evitá-la, entre elas a imunização, justamente o que fazemos no projeto”, destacou Rita.

Rita Bittencourt chamou atenção ainda para os cuidados que se deve ter desde o pré-natal. “No Projeto Corujinha nós ofertamos as duas primeiras vacinas e passamos outras orientações, mas, os pais devem ter a preocupação de construir uma boa gestação e isso quer dizer que a atenção deve ser voltada para o pré-natal porque é nele que as orientações com relação aos primeiros meses de vida do bebê também serão passadas e isso inclui a imunização. A vacina prepara o sistema imunológico da criança contra as doenças e,cada vez mais o calendário aumenta”, ressaltou a coordenadora ao destacar também a necessidade de fazer o acompanhamento do calendário vacinal. “É importante que os pais levem seus filhos para atualizar o calendário de vacinação. Antigamente, nós tínhamos uma cobertura de 98%. Hoje, temos vacinas que têm uma cobertura de mais de 50%. Então, quase metade da nossa população de crianças, nos seus dois primeiros anos de vida, está com o calendário desatualizado. O medo que isso dá é de que doenças que já foram erradicadas surjam novamente no nosso país”, afirmou.

Contato nas maternidades

Nas três maternidades em que o Projeto Corujinha atua, as auxiliares aplicam as vacinas entre as 7h e as 13h. De acordo com Larissa Lobo, referência técnica do Programa Saúde da Criança e do Adolescente, cerca de 16 mil vacinas são aplicadas por ano em RNs e todo o processo de sensibilização até a aplicação da vacina é muito rápido, porém, de extrema importância.

“Os médicos, enfermeiros e todo o restante das equipes das maternidades passam muitas orientações para as mães, porém, nosso trabalho, além de aplicar as vacinas, é reforçar esse aparato para dar mais segurança e, claro, expandir essa atenção voltada para as primeiras ações de imunização”, explicou Larissa.

Na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Josefa Brasil é a primeira pessoa a entrar no quarto de cada um dos bebês recém-nascidos. Ela é assistente social e responsável por dar as primeiras orientações para as mães, sobretudo as de primeira viagem que costumam ter dúvidas e a insegurança comum ao lidar com o primeiro filho. “A primeira abordagem tem que ser a da orientação, sem dúvida. Nós orientamos com relação ao tipo de vacina que está sendo administrada, o local em que está sendo administrada, os cuidados que têm que ter com a vacina. Também orientamos com relação ao teste do pezinho, o aleitamento materno, tempo de cada vacina, o retorno ao posto de saúde, as consultas, a limpeza do umbigo, e falamos ainda sobre as consultas do primeiro mês. Até com relação aos métodos contraceptivos nós falamos porque sabemos que, quando se trata de saúde, toda e qualquer orientação precisa ser reforçada sempre”, contou.

Após passar as orientações, Josefa entrega as cadernetas de vacinação para as mães e, logo em seguida, a auxiliar de enfermagem realiza a aplicação da BCG e da vacina contra hepatite B.

Eline Souza é uma das mães de primeira viagem. Aos 33 anos, ela recebeu a missão de ser mãe de gêmeas, um desafio que exigiu cuidados delicados desde os primeiros em que soube da gravidez. Foi na maternidade que ela recebeu as primeiras orientações sobre a importância da imunização. “Fiz as minhas consultas em Poço Redondo, onde moro, e em Aracaju, e foi na maternidade que ouvi muito sobre vacinação e terei muito cuidado porque agora sei o quanto é necessário para as filhas crescerem bem e saudáveis”, relatou.

Michaely Santos, de 27 anos, já tem mais experiência. Ela deu à luz ao quarto filho, uma menina, e já se acostumou com a rotina de vacinas. “Todos os meus outros filhos estão com as vacinas em dia e não será diferente com a mais nova. Com as orientações que me passaram, fico cada dia mais consciente da necessidade de manter meus filhos protegidos e, por isso, não podem faltar as vacinas”, disse.

Extensão

Para fazer parte da equipe do Projeto Corujinha, os profissionais precisam passar por um treinamento e, todo início de ano, eles tornam a ser capacitados. Porém, segundo Rita Bittencourt, desde quando a maternidade Santa Helena deixou o serviço do projeto para contar com uma equipe própria, o Programa Saúde da Criança e do Adolescente achou por bem ampliar o atendimento, de alguma forma. “Aquelas mulheres que passaram a dar à luz na Santa Helena e optaram por ter as vacinas de graças, puderam correr à USF Sinhazinha, que foi a unidade que colocamos como referência. Entretanto, quando percebemos que a demanda estava aumentando, decidimos estender a aplicação das vacinas para outras unidades de saúde.

Foi assim que surgiu a parceria com o Programa de Imunização e com a Universidade Tirantes (Unit). No início do mês de dezembro, aproximadamente 40 profissionais de oito unidades de saúde de Aracaju iniciaram um curso para aplicação da vacina BCG e a Unit cedeu o espaço físico para o treinamento.

Segundo Rita Bittencourt, o curso foi voltado para a BCG pela especificidade que ela apresenta. “A aplicação dessa vacina tem uma técnica diferenciada, ela não é uma injeção intramuscular como a maioria das injeções. Ela tem uma técnica que tem que ter uma habilidade, uma destreza maior, por isso, para ampliar as unidades que realizam a aplicação desta vacina foi preciso que os profissionais revivessem a técnica. Esse curso teve um momento teórico para falar sobre o que é a vacina, do que a vacina protege, quais são os eventos adversos que essa vacina provoca e o outro momento foi a parte prática”, contou.

Parceiro nessa iniciativa, o Programa de Imunização deu total suporte à ação. “A gente precisa estar com as nossas unidades básicas de saúde preparadas para receber essa clientela, então, todo o esforço é necessário para ampliar esse serviço que já é oferecido nas maternidades pelo Projeto Corujinha. Além de profissionais das unidades de saúde de Aracaju, contamos também com alguns profissionais do Ipes, já que lá também existe uma sala de vacina. Ou seja, é, de fato uma força tarefa para munir a população da imunização necessária nos primeiros dias de vida de uma criança”, reforçou Ilziney Simões, coordenadora do Programa de Imunização de Aracaju.

Para o ano de 2018, a intenção é ampliar ainda mais esse serviço, oferecendo em todas as unidades da capital. “A proposta é sensibilizar todas as unidades de saúde, mas, por enquanto, começamos com oito, uma unidade por cada região de saúde. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, a gente contemplou uma unidade de saúde para não centralizar apenas no Sinhazinha”, frisou Rita Bittencourt.

Foto Ana Lícia Minezes

Leia também