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Primatas mortos nem sempre trazem evidências de febre amarela, diz SES

A associação da morte de macacos unicamente devido à febre amarela é um equívoco. Já maltratá-los, além de ato cruel, é crime e pode prejudicar o trabalho, identificação e atuação dos órgãos da Saúde com relação ao procedimento em caso de detecção da doença
05 de Fevereiro de 2018 | 13:50

Mesmo com registros relacionados à febre amarela em alguns estados brasileiros, o governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), reafirma a inexistência de casos da doença no território sergipano. Além disso, esclarece que a morte de primatas não humanos nem sempre está associada à existência desses registros, mas, caso ocorra em grande número, serve de alerta para que os órgãos competentes investiguem os registros da doença em cada localidade.

Além de prejudicar a identificação das possíveis áreas de presença do vírus – o que facilita o planejamento e ações dos órgãos públicos para imunização da população-, matar ou agredir macacos, ou qualquer outro animal, é crime. O ato ilícito está previsto no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (9605/98). A pena prevista é de três meses a um ano de prisão, além do pagamento de uma multa. Em caso de morte do animal, a punição é aumentada de 1/6 a 1/3.

Segundo a gerente do Núcleo de Endemias da SES, Sidney Sá, o macaco é vítima da febre amarela, assim como o indivíduo que contraiu o vírus da doença, sendo que o principal transmissor desse vírus, em áreas silvestres, é o mosquito do gênero Haemagogus. Na área urbana, o principal transmissor é o do gênero Aedes, ou seja, tanto o Aedes aegypti, quanto o Aedes albopictus.

“O primata não é transmissor dessa arbovirose. Ele é um hospedeiro desse vírus. Quem transmite a doença para o ser humano ou para o macaco é o próprio mosquito, considerando que todos os casos da doença registrados no Brasil, na atualidade, estão ligados à procedência silvestre do tal mosquito”, esclareceu Sidney Sá.

Como proceder

Sergipe nunca registrou casos de febre amarela, seja em indivíduos ou mesmo em primatas não humanos, que acabam por se comportar como animais sentinela. Quando um cidadão encontra um animal desse morto é importante que a secretaria municipal da saúde dessa localidade seja informada imediatamente, para que todas as medidas cabíveis sejam tomadas. O indivíduo também pode acionar a SES ou mesmo a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro).

A identificação de macacos mortos e o consequente acionamento dos órgãos responsáveis diante do fato é tarefa de todos, especialmente da população. O prazo máximo de seis horas após a morte do macaco deve ser respeitado, a fim de que amostras de sangue e de vísceras desse animal sejam coletadas pelos órgãos competentes e enviadas ao Laboratório Central de Saúde do Estado de Sergipe (Lacen), daí a importância de ser imediata a notificação do primata morto. O Lacen, por sua vez, encaminha tais amostras para o laboratório referência Adolfo Lutz, localizado no estado do Pará.

“A secretaria municipal de saúde em questão também deve ser informada se o animal for encontrado em estado de decomposição. Enquanto houver condições, se a ideia for armazenar o macaco para que seja entregue ao órgão competente, não há preocupações quanto à transmissão da febre amarela, mas é preciso manter, pelo menos, cuidados com as mãos durante o manuseio, visto que o animal pode trazer consigo outros vírus, de outras zoonoses, a exemplo da raiva”, orientou a gerente.

Serviços disponíveis

Na ausência de procedimentos quanto ao animal morto junto à secretaria municipal de saúde da localidade, o cidadão pode contatar a SES, que mantém seus profissionais em observação para quaisquer casos suspeitos. Nesse caso, o fato deve ser informado ao Centro de Informação Estratégica em Vigilância em Saúde no Estado de Sergipe (CIEVS-SE), através do telefone 0800-282-282-2 ou do e-mail notifica@saude.se.gov.br. Se preferir, o cidadão pode entrar em contato diretamente com o Núcleo de Endemias da SES, através do (79) 3226 8323.

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