Aracaju, 24 de abril de 2024
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Técnica acelera diagnóstico do câncer hematológico em Sergipe

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A leucemia é um tipo de câncervque se inicia na medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas. Com objetivo de acelerar o diagnóstico das leucemias, linfomas e mieloma múltiplo, que são tipos de cânceres hematológicos, ou neoplasias hematológicas, pesquisadores do Laboratório de Hematologia e Toxicologia do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) estão desenvolvendo a implantação da técnica de citometria de fluxo que permite diagnosticar de forma mais clara essas neoplasias.

A imunofenotipagem por citometria de fluxo é uma técnica nova em Sergipe que permite diagnosticar e classificar melhor os tipos de neoplasias hematológicas e direcionar um melhor tratamento para cada tipo. O projeto é coordenado pela pesquisadora, Dra. Dulce Marta Schimieguel Mascarenhas Lima que explica a importância do uso dessa técnica.

“Com essa técnica é possível melhorar o diagnóstico e dessa forma, detectar como essa doença vai evoluir, algumas delas evoluem de uma forma pior e outras evoluem de uma forma melhor. Isso é fundamental para que se possa direcionar uma terapêutica mais específica para cada tipo de doença, e melhorando o direcionamento da terapia, pode-se também melhorar a sobrevida do paciente” enfatiza Dulce Marta.

Um dos benefícios dessa técnica é a agilidade no diagnóstico da doença que pode ser feito na própria cidade, sem a necessidade de enviar os testes para outro centro, permitindo muitas vezes obter o resultado no mesmo dia, o que possibilita ao médico iniciar o tratamento mais rapidamente.

Etapas

A primeira etapa do projeto foi o levantamento dos prontuários para avaliar quantos pacientes de cada subtipo de neoplasias hematológicas são atendidos no Centro de Oncologia Oswaldo Leite no Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), que é o centro que atente o maior número de pacientes oncológicos da rede pública.

Na segunda etapa, foi feita a padronização e validação dos anticorpos monoclonais, que são marcadores imunológicos utilizados para identificar nas células do paciente se existe ou não alguma estrutura que diferencie uma célula maligna de uma célula benigna. A terceira etapa foi a fase de diagnóstico e classificação das neoplasias hematológicas, quando começaram a ser feitosos perfisimunofenotípicos dos pacientes.

Resultados

Dulce Marta relata que durante o projeto tiveram cerca de 30 pacientes atendidos, e com isso conseguiram diagnosticar oito leucemias agudas, cinco mielomas, dois linfomas, entre outros. Os mielomas são neoplasias que se originam nos plasmócitos, uma célula do sangue responsável pela imunidade do paciente e os linfomas são os cânceres no sistema linfático ou linfonodo (mais conhecido como íngua).

“Teve um paciente com suspeita de linfoma, que é uma doença mais branda, só que no momento da análise, verificamos que aquilonão era um linfoma, que tinha características de leucemia aguda e quando fizemos a imunofenotipagem nós confirmamos essa suspeita”, explica.

Dulce relata que os testes continuam sendo aplicados, pois há outro projeto que corre em paralelo. A coleta dos pacientes continua sendo feita porque os pesquisadores têm como objetivo implantar um laboratório especializado aqui em Sergipe.

“Nós temos colaborações como as professorasdo Departamento de Morfologia, Dra. Cristiane Bani Corrêa e Dra. Shirlei Octacílio da Silva, com o médico hematologista do HU, Dr. Geydson Silveira da Cruz e com o Dr. Roque Pacheco de Almeida. Nós já estamos começando o desenvolvimento dessa idéia, não temos a estrutura física ainda, mas como já temos os pacientes, vamos começar primeiro só com as leucemias agudas, que é a principal urgência, e depois iremos estender para as outras neoplasias”.

Colaboração

Esse projeto gerou diversas colaborações com outros centros do Brasil, Dulce Marta relata que através do projeto os pesquisadores entraram no “Grupo Brasileiro de Citometria de Fluxo – GBCFlux” que trata tanto de pesquisas quanto de diagnósticos utilizando essa técnica.

“Dentro desse grupo surgiram outras parcerias, iremos fazer trabalhos com pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, da UFPR de Curitiba, do Laboratório Fleury de São Paulo, e da UFAL de Maceió, onde esta técnica também não é realizada, e nossa ideia é futuramente expandir para fazer o atendimento para toda região próxima de Sergipe”, ressalta.

PPSUS

A pesquisa é fruto do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), desenvolvimento pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Estado de Sergipe (Fapitec/SE). A proposta do programa é desenvolver produtos para o Sistema Único de Saúde.

Foto assessoria

Por Adriana Freitas

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