Aracaju, 6 de maio de 2024
Search

PRODUTORES RURAIS DESENVOLVEM SISTEMA NEUTRALIZAÇÃO ÁGUA

7

 

Modelo foi implementado em propriedade na cidade de Nossa Senhora da Glória

Um sistema desenvolvido por produtores rurais em Nossa Senhora da Glória permite reaproveitar no cultivo da palma a água usada na lavagem dos tanques de ordenha. Com a ferramenta, cerca de 800 litros de água deixam de ser descartados diariamente e ajudam a garantir uma importante fonte de alimentação para o rebanho.

O modelo foi implementado em uma pequena propriedade no Povoado Riacho Doce, utilizada como unidade demonstrativa do Projeto Sertão Empreendedor, uma iniciativa desenvolvida por meio de uma parceria entre o Sebrae e o Senar para melhorar a competitividade e sustentabilidade dos empreendimentos rurais no semiárido brasileiro. Lá, os 51 animais em lactação são responsáveis pela produção de mil litros de leite diariamente, extraídos em duas etapas: uma logo no início da manhã e outra no período da tarde.

Após a ordenha dos animais, todo o espaço precisa ser limpo para evitar a contaminação do produto e é aí que começa a entrar em funcionamento o sistema criado pelos produtores. A água suja é armazenada em uma caixa de gordura e em seguida passa por um processo de decantação, permitindo a separação entre os materiais sólidos e líquidos.

Essa água é então bombeada para a primeira caixa receptora do sistema de água de reuso.  Em seguida, o líquido é direcionado para um novo recipiente, onde passa por um novo processo de filtragem. Essa caixa contém cinco camadas de materiais (pequenas rochas, brita grande, brita fina, areia grossa e pó-de-serra com esterco e minhocas para degradar toda a matéria orgânica presente na água).

Irrigação

O líquido final, rico em nutrientes e com elevado teor de nitrogênio, é armazenado em um grande tanque, com capacidade para guardar até 30 mil litros do produto. Essa estrutura é interligada à área de plantio da palma, permitindo que o vegetal seja irrigado por um eficiente sistema de gotejamento. Os dejetos que foram separados durante o processo de decantação também são encaminhados aos campos, onde são utilizados como adubo.

“Além de evitar o desperdício de água, a utilização do novo sistema ajuda a elevar a produtividade dos campos de palma, garantindo ao produtor uma permanente fonte de alimento para o rebanho. Se pelo modelo de cultivo tradicional eram necessários dois anos para a extração das primeiras raquetes do vegetal, com a irrigação por gotejamento esse período é reduzido a seis meses”, explica a supervisora do Projeto Sertão Empreendedor, Camila Costa.

Segundo os técnicos do projeto, com a maior oferta de palma e a sua utilização no composto oferecido aos animais, é possível reduzir em 23% o custo de produção do litro de leite. De acordo com o gestor do Sertão Empreendedor, Luís Nakanishi, o investimento para criação do sistema gira em torno de R$ 8 mil, valor que consegue ser recuperado pelos produtores em apenas um ano e que pode ser financiado por meio de linhas de crédito disponibilizadas pelos bancos públicos.

Quem já utiliza a ferramenta, aprova as vantagens proporcionadas pelo novo sistema. “ Agora conseguimos garantir que os animais tenham sempre alimento disponível, independente do clima. Isso contribui para que a produção de leite na propriedade não seja reduzida, tornando o negócio viável durante todo o ano”, destaca o gerente da propriedade, Cândida Batista.

Foto assessoria

Por Wellington Amarante

Leia também