Em audiência pública na Comissão Especial que analisa o Projeto de Lei 9.463/2018, enviado pelo Executivo à Câmara dos Deputados, que ouviu o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, o deputado federal João Daniel (PT) voltou a alertar para o ataque à soberania nacional que a desestatização da Eletrobras representa. Membro da comissão que analisa da propositura que trata das regras para a venda do Sistema Eletrobras, o parlamentar ressaltou que os deputados têm um grande volume de dados e informações, muitos passados pelos próprios eletricitários, dos vários prejuízos que essa privatização vai trazer ao país.
“Os trabalhadores serão os primeiros prejudicados com a privatização da Eletrobras. Os que defendem a venda podem até mudar o nome, falar que é contenção, mas no final o resultado prático é a demissão dos trabalhadores do sistema”, disse João Daniel, que em outras oportunidades também já alertou para o impacto imediato do aumento da tarifa cobrada pela energia, além da própria entrega deste importante patrimônio do povo brasileiro. “Eles falam em desestatização, mas o que está em jogo é a privatização, a entrega da Eletrobras”, frisou.
João Daniel lembrou que acabou de se completar dois anos do golpe dado no Brasil com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e lembrou ao presidente que ele apenas estava ali sentado para fazer essa missão porque era fruto de um golpe dado na Câmara. “Esse golpe que tirou a presidenta Dilma tem um compromisso: foi vendida a alma e toda a história de cada um parlamentar que desse às empresas internacionais e nacionais o direito de levarem e cobrarem a conta que são as estatais. Por isso está, hoje, o desmonte da Petrobras, do Sistema Eletrobras, da Infraero”, declarou.
Por isso, acrescentou o parlamentar, a tentativa de diminuir o trabalho feito pelos deputados de oposição que são contrários à privatização, chamando-os de “não republicanos”, insinuando e deixando dúvida de que há interesses econômicos por trás dos interesses de defender essas empresas. O deputado ressaltou ainda que não passa de falácia a história de que numa possível desestatização não se vai privatizar os rios. “Mas claro que vai. As empresas vêm para cá, vão comprar o Sistema Eletrobras e vão ser donas das águas. O rio são Francisco vai ser das empresas chinesas”, alertou.
“É lamentável. As empresas dos países ricos não fazem isso. Temos calhamaços de documentos que comprovam isso. Nem Trump [presidente dos Estados Unidos] está fazendo isso. Pelo contrário. Faz as empresas comprarem empresas de outros países”, colocou. João Daniel acrescentou que ele e os que são contrários até aceitariam ser privatizado todo Sistema Eletrobras e a Petrobras, desde que isso estivesse previsto num programa eleito pelo povo brasileiro, se fosse feito por um governo que tivesse disputado a eleição e falasse claramente que iria privatizar essas empresas.
“E esse não foi o programa eleito nas últimas eleições. Nas últimas eleições, foi eleito um programa brasileiro para a defesa das estatais, dos serviços públicos, para defender um estado que tenha políticas públicas”, disse, ao ressaltar que este governo não eleito quer fazer o que nem governos eleitos, como de Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor, conseguiram implementar. João Daniel acredita que a reação da sociedade, através dos movimentos sociais e como está acontecendo em Sergipe com o apoio dos sindicatos, centrais e os bispos, todos se mobilizado e exigindo que os parlamentares tenham o mínimo de compromisso nacional de defesa das estatais, possa barrar essas privatizações.
Foto assessoria
Por Edjane Oliveira