Aracaju, 24 de abril de 2024
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Saúde promove palestra com oncologista para abordar epidemiologia do câncer

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O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promoveu, em parceria com a Associação dos Amigos da Oncologia (Amo), uma palestra com o médico oncologista Carlos Anselmo Lima para abordar a epidemiologia do câncer em Sergipe. O encontro aconteceu durante a reunião mensal do Grupo de Estudo sobre Câncer Relacionado ao Trabalho, no auditório da Amo, nesta sexta-feira, 27.

De acordo com o cirurgião oncologista e coordenador do Registro de Câncer de Base Populacional e Registro Hospitalar de Câncer, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Carlos Anselmo Lima, a epidemiologia da doença estuda os fatores associados para determinar tendências e causas. “Nós trabalhamos com a epidemiologia da doença, fazendo as estimativas de câncer baseadas em cálculos matemáticos, a partir de dados registrados em Aracaju, pois este trabalho é realizado, prioritariamente, nas capitais”, explicou.

Para ele, objetivo não é verificar câncer relacionado ao trabalho e sim a política de câncer global. “Como nós sabemos quais são aqueles mais ligados ao trabalho, isso pode ser deduzido. Por exemplo, os cânceres hematológicos (como leucemia) e os relacionados ao funcionário que fuma no ambiente de trabalho. A partir dos nossos registros, outras pesquisas podem ser estabelecidas. Nosso objetivo é definir a ocorrência de câncer, fazer estimativas para o futuro e que, com isso, os vários setores da gestão governamental possam aplicar as suas políticas de saúde”, argumentou.

Carlos Anselmo informou que existe um boletim com a estimativa de incidência de câncer no estado de Sergipe e suas regiões de saúde em 2018. Para o cálculo dos dados, foram usadas as séries temporais de incidência dos casos de 2009 a 2013. Conforme o boletim, existem 19 tipos de câncer em Sergipe – nos homens, o de próstata está em primeiro lugar, e nas mulheres, o de mama. A estimativa para a capital em 2018 é de 680 casos novos em homens, e de 730 em mulheres.

Prevenção

A assistente social Conceição Balbino, presidente da Amo e técnica fundadora do Cerest, explicou que o Grupo de Estudo sobre Câncer Relacionado ao Trabalho é uma inovação no Brasil e completa cinco anos de fundação neste ano. “Toda última sexta-feira do mês nos reunimos para debatermos o tema com profissionais da Atenção Básica de Aracaju e profissionais que trabalham ligados ao setor de Oncologia dos hospitais de Urgência de Sergipe (Huse) e do Cirurgia. Essa ação faz parte da diretriz do Ministério da Saúde, por meio do protocolo relacionado aos 11 agravos da saúde do trabalhador”, ressaltou.

Conceição informou que o Cerest trabalha com a questão da prevenção e citou o exemplo de quem lida com gasolina para mostrar a importância do Centro. “Algumas ocupações tem uma incidência de câncer relacionado ao trabalho, como por exemplo, os que são expostos a produtos químicos como o benzeno, presente na gasolina. Esse é um dos fatores que podem causar doenças no sangue, como a leucemia. Nem no Brasil e nem no mundo existe uma exposição saudável ao benzeno, as autoridades sanitárias sabem disso, e precisamos promover medidas preventivas, já que os trabalhadores dos postos de combustíveis estão expostos quase que diariamente. Também temos os trabalhadores de oficinas mecânicas, que geralmente são empresas familiares e nós precisamos orientar. E alcançar quem atua na economia informal é o nosso grande desafio”, pontuou.

Ela citou ainda os trabalhadores rurais que usam inseticida; os profissionais de radiologia; os pescadores e os agricultores que ficam muito expostos ao sol, sem nenhuma proteção tem o risco de desenvolver um câncer de pele. “Enfim, cada trabalho tem um tipo de exposição que pode ser evitada, protegida ou tratada. Além disso, nós também combatemos o trabalho infantil, porque criança não é um adulto pequeno, ela está em formação e com muito mais vulnerabilidades biológicas, psicológicas e sociais”, completou.

Para Conceição, a saúde do trabalhador está transversa a todas as políticas, seja de saúde, da previdência ou de vigilância. “O mundo do trabalho nos possibilitou um avanço social, mas também trouxe alguns agravos. Nós, como profissionais, devemos pensar como reduzir estes impactos na vida do trabalhador, pois o ofício serve para nós evoluirmos e não adoecermos. Os profissionais de saúde do trabalhador têm o desafio de levar este olhar crítico para todos os outros servidores da saúde, independentemente de onde atendam, para dar uma orientação adequada aos pacientes, a fim de promover uma queda nos riscos de doenças ou mortes”, ponderou.

Fonte e foto assessoria

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