Aracaju, 12 de maio de 2024
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Gestores debatem como reduzir violência nas cidades

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Palestrantes apresentaram o trabalho desenvolvido com êxito na cidade de Medellín, na Colômbia

A implementação de estratégias para reduzir a violência nos municípios foi tema do Seminário Internacional Gestão das Cidades, que reuniu empreendedores e gestores públicos nessa terça-feira, 6, na sede do Sebrae. O evento contou com a participação de duas das maiores referências sobre o tema: o jornalista, consultor internacional e ex-secretário de Desenvolvimento Social de Medellin, na Colômbia, Jorge Melguizo, e o especialista em Políticas de Prevenção à Violência Urbana e atual secretário de Segurança Urbana de Recife (PE), Murilo Cavalcanti.

Em sua palestra, Melguizo apresentou como a cidade de Medellin, que se tornou famosa por sediar um dos maiores cartéis de drogas e foi considerada durante muitos anos uma das mais violentas do mundo, conseguiu reduzir os índices de criminalidade, atrair investimentos privados e se tornar um dos principais polos de desenvolvimento da Colômbia.

Para se ter uma ideia dessa evolução, no início dos anos 1990 o índice de homicídios na cidade era de 360 por 100 mil habitantes. Em 2017 esse percentual caiu para 21 por 100 mil cidadãos. Em Sergipe, para efeito de comparação, a taxa de homicídios saltou de 29,2 em 2006 para 64,7 por 100 mil habitantes em 2016, de acordo com o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgado na última terça-feira.

A melhora nesses índices pode ser explicada por conta da decisão do poder público de realizar investimentos em segurança pública, combater a corrupção e realizar, em parceria com o setor privado, investimentos em programas que oferecem capacitação profissional, renda garantida por tempo determinado e apoio psicológico e social aos moradores.

“ Mais de 80% dos recursos destinados aos investimentos foram aplicados em políticas sociais de curto, médio e longo prazo. A violência não se combate com mais armas e sim com um conjunto integrado de ações que ajudem a fortalecer as instituições, melhorar a transparência e levar os serviços a quem mais necessita, principalmente às regiões mais pobres”, explica Melguizo.

Um outro caminho apontado pelo consultor é o investimento em novas tecnologias. Na cidade colombiana o poder público e a iniciativa privada direcionaram recursos para a construção de biblioteca-parques que oferecem formações, encontros e acesso gratuito a computadores e internet e um novo modelo de urbanização, que conta com escadas rolantes, teleférico e transporte público eficaz, facilitando a aproximação entre os diferentes pontos da cidade, entre a periferia e o centro.

Todo esse esforço levou Medellin a conquistar em 2013 o título de Medellín o título de “Cidade Mais Inovadora do Planeta”, segundo o Wall Street Journal e o Urban Land Institute. Em 2016 a cidade conquistou outro título, o Lee Kuan Yew World City, vencendo concorrentes como Toronto, Viena e Sidney.

Parcerias

Já o secretário de Segurança Urbana de Recife, Murilo Cavalcanti, discutiu como as parcerias público-privadas podem ser importantes para reverter a violência nas cidades. Segundo ele, nas cidades onde foram registradas as maiores quedas nos indicadores de mortes violentas, o poder público buscou apoio junto ao empresariado local para implementar políticas que ajudaram a reverter esse cenário.

“ Em Medellin, por exemplo parte do investimento para a melhoria da infraestrutura da cidade contou com a colaboração da iniciativa privada, pois os empreendedores perceberam que para melhorar aquele cenário de violência era necessário também que eles participassem do processo. O resultado disso foi a melhoria dos indicadores, redução da pobreza, aumento do consumo e crescimento econômico”, destacou Murilo.

O Seminário foi promovido pelo Sebrae em Sergipe em parceira com a Federação do Comércio do Estado de Sergipe (Fecomércio), Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES), da Associação Comercial de Sergipe (Acese) e da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Turismo.

Foto assessoria

Por Wellington Amarante

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