Aracaju, 5 de maio de 2024
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Organizações dos trabalhadores de Sergipe protestam contra perseguição do Judiciário

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Organizações dos trabalhadores de Sergipe protestam contra perseguição do Judiciário a Plínio presidente da CUT

por: Iracema Corso

Para protestar contra a remoção do dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário (SINDIJUS) e presidente em exercício da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), Plínio Pugliesi, servidores do Tribunal de Justiça, acompanhados de organizações do movimento sindical, social e partidos políticos de esquerda amanheceram o dia de hoje (09) na porta do Palácio da Justiça, em Aracaju. Em menos de um mês, o dirigente sindical foi lotado em três locais de trabalho diferentes pela gestão do TJSE, sem que haja motivação nem respaldo legal, o que se configura como perseguição política.

O protesto foi marcado depois de diversas tentativas de negociação da direção do SINDIJUS com a gestão do TJSE, sem êxito. O dirigente sindical que no início de junho estava lotado na Secretaria Única do Fórum Gumersindo Bessa, depois foi transferido para a 3ª Vara Criminal e agora para a 5ª Criminal.

Participaram do protesto, denunciando a perseguição contra a liderança sindical, servidores do Judiciário (SINDIJUS), dirigentes da CUT/SE, Sindicato dos Professores (SINTESE), Sindicato dos Jornalistas (SINDIJOR), Sindicato dos Assistentes Sociais (SINDASSE), Movimento Atitude (oposição sindical na Saúde), Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Sergipe (FETAM/SE), Federação Nacional dos Servidores do Judiciário nos Estados (FENAJUD), além de representantes do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e do mandato da deputada estadual Ana Lúcia.

Marco Aurélio Velleza, dirigente da FENAJUD, veio do estado do Rio Grande do Sul para prestar sua solidariedade ao companheiro sergipano. Ele defendeu a necessidade de haver um controle da população no Judiciário brasileiro. Destacou que a não liberação de dirigentes sindicais, a perseguição e remoção do local de trabalho sem motivo, entre outras tentativas de calar os dirigentes sindicais, são recorrentes nos tribunais em várias regiões do país. “Plínio e todo o corpo do SINDIJUS já se destacaram nesses 10 anos de atuação como referência nacional. Assim como é inaceitável que esteja presa a grande liderança política do Brasil, o Lula, não vamos aceitar esta tentativa de calar o companheiro Plínio em Sergipe. A federação vai agir para que isso não aconteça”, assegurou Velleza.

Dirigente sindical da CUT/SE, Valmir Santos, foi um dos sindicalistas que participou do ato. “Vimos no dia de ontem que o golpe continua e a importância do Judiciário é crucial para que este golpe contra a democracia brasileira prossiga prejudicando trabalhadores, todos nós que produzimos as riquezas desta nação. Estamos aqui lutando porque tem resolução na CUT apontando há tempos que é preciso democratizar o Poder Judiciário, pois ele não serve aos interesses do povo brasileiro. Vamos continuar na luta em solidariedade ao companheiro”.

O diretor do SINDIJUS, Jones Ribeiro, deu o seu testemunho, que também já foi alvo das práticas antissindicais do Judiciário de Sergipe. “Eu mesmo já fui removido do local de trabalho por exercer o meu direito de me organizar no sindicato, fui removido de um fórum para outro pela gestão. Mesmo tendo sido perseguido, estou aqui para dizer que sou grato ao SINDIJUS e ao companheiro Plínio que, na época, fizeram a minha defesa. Hoje é minha obrigação defendê-lo e dizer que a perseguição a ele atinge todos nós”, garante.

Fabiana Spier, também dirigente sindical do SINDIJUS e servidora da Secretaria Única (SU), setor de onde Plínio foi removido, denunciou que a demanda de trabalho é enorme, chegando ao ponto de cada servidor ficar responsável por aproximadamente mil processos judiciais. Portanto, não há razão que justifique a remoção de Plínio para que os demais servidores fiquem ainda mais abarrotados de trabalho. Durante o processo de perseguição ao dirigente sindical, outra servidora do mesmo local também foi removida pelo TJ, igualmente sem justificativa convincente, ao que indica a servidora também foi atingida pela gestão para camuflar o caráter político da medida.

Assim como as demais lideranças, o próprio Plínio avaliou que não há como negar que a postura do tribunal é um ato de perseguição. “Um momento como esse faz a gente experimentar o valor que tem a essência do movimento sindical, que é a união. Os laços de solidariedade entre os trabalhadores precisam ser preservados para que a gente possa enfrentar os desafios que estão postos no contexto atual que favorece toda prática de totalitarismo. O sindicato não existe apenas para lutar por reajuste salarial, existe, acima de tudo, para unir os trabalhadores e promover a disputa pelos interesses da classe todos os dias do ano. A nossa luta não é só contra a minha remoção ilegal, é também por democracia, por eleições com direito de todos participarem, inclusive Lula, e pela recuperação dos direitos que foram perdidos. Outra coisa: como dirigentes, nós costumamos falar nos locais de trabalho que os trabalhadores não estão sozinhos e hoje eu pude ver, na condição de trabalhador prejudicado, que eu não estou só, porque vocês estão aqui comigo, o que agradeço”.

No final, os dirigentes das entidades sindicais tentaram acessar às dependências do Tribunal de Justiça para solicitar uma audiência com o presidente do órgão, desembargador Cezário Siqueira Neto. No entanto, por ordem do próprio desembargador, os sindicalistas foram barrados pela Polícia Militar já na entrada do tribunal, confirmando a relação autoritária e tensa mantida pela gestão perante a organização sindical dos trabalhadores.

No decorrer do dia, sindicatos dos trabalhadores do Judiciário de diversas partes do país emitiram notas públicas contra a perseguição do TJSE ao dirigente do SINDIJUS e da CUT/SE.

Foto assessoria

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