Aracaju, 24 de abril de 2024
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OPERÁRIOS DA OBRA DA TERMELÉTRICA DE SERGIPE MANTÉM GREVE

Desde sexta-feira, 10/08, operários da Termelétrica Porto de Sergipe estão em luta. Os operários paralisaram contra demissões em massa, maus tratos e condições de trabalho precárias. Para manter esse nível de exploração, as empresas contam com o apoio dos governos e da polícia. O governador Belivaldo Chagas (PSD), candidato a reeleição, deu ordem à polícia para reprimir os trabalhadores. Sendo que a empresa tem praticado diversas barbaridades e tem se recusado a negociar.

A empresa também conta com o apoio de um sindicato para prejudicar o trabalhador. O sindicato que representa legalmente a categoria é o Sindmont, filiado a Força Sindical. É o mesmo sindicato que teve o presidente e outros diretores presos acusados pela morte do Barriga, liderança do SOS Emprego, movimento de desempregados que lutava pelo direito de trabalhar na termelétrica.

O sindicato só enrolava e tentava desmontar a greve. Os trabalhadores então decidiram em assembleia, na segunda-feira, 13, que não aceitavam a representação do sindicato e elegeram uma comissão de base. Agora os trabalhadores aguardam que o Ministério Público do Trabalho conceda o reconhecimento legal à Comissão de Base, que já foi legitimada pelos trabalhadores.

A realidade na obra é um retrato da Reforma Trabalhista que está em vigor no Brasil, aprovada pelo Governo Temer e os corruptos do Congresso Nacional e do Senado. A Celse não tem funcionários próprios. Ela contratou aproximadamente 12 empresas de grande e pequeno porte. Todo o trabalho pesado feito pelos operários é terceirizado. Os trabalhadores que paralisaram são contratados pela Enesa, que conta com um quadro de 600 funcionários. No dia 24 de julho 31 trabalhadores dessa empresa foram internados com intoxicação por causa da alimentação fornecida por ela e, para piorar, eles não tinham cobertura do plano de saúde.

“É pressão em cima dos caras. Aí cai material, acidente toda hora… cobrança demais e qualidade de menos. Não dá condições pra você trabalhar. A obra ta 72 dias adiantada. Uma obra para 1.500 pessoas, eles estão fazendo com 300 a 600 pessoas. Você tem que trabalhar por dois ou três aí na pressão”, ouça abaixo o relato de dois operários. https://www.facebook.com/pstu.sergipe/videos/1007151296131278/?hc_ref=ARQOy-bVnfQQYrUGwv1mT7hBiFz5q9r55R1YVDYCQCAqc8Cwo7Xq7LwOCF08MoWhxkk

A terceirização da obra e a super exploração vai além do nosso continente. Estruturas enormes chegam completamente montadas de Taiwan, da Tailândia e Vietnã. Países conhecidos pela alta exploração e morte de trabalhadores por excesso de trabalho.

Se a obra da termelétrica está adiantada três meses, quer dizer que a Celse, através da Enesa e demais terceirizadas, multiplicou o lucro dela, com o chicote no lombo do trabalhador no Brasil e nos países da Ásia.

Nesta sexta, 17, os operários da termelétrica continuam em greve e também vão enviar uma comissão para acompanhar o julgamento do ex-presidente do Sindmont, acusado pela morte do Barriga.

Foto assessoria

Por Leonardo Maia de Alencar

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