Aracaju, 25 de abril de 2024
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ANÁLISE POLÍTICA: “Todos estavam lá”.

Por Nilson Socorro*

Nada de novo, ou melhor, ninguém novo entre os postulantes em Sergipe aos cargos majoritários, ao menos nas coligações que no momento ocupam os primeiros lugares nas pesquisas. Todos, em passado bem recente, especialmente nas últimas eleições de 2010, que também oportunizaram duas vagas para o Senado, estavam juntos, no mesmo palanque, sendo candidatos ou se apoiando. Agora, formam três grupamentos distintos, disputando as mesmas fatias do mesmo bolo.

Naquele não longínquo 2010, sob a liderança do saudoso governador Marcelo Déda, todos estavam no mesmo balaio. Déda disputava a reeleição, seu vice, Jackson Barreto, disputa agora vaga no Senado. Para o Senado, na oportunidade, os atuais senadores Antônio Carlos Valadares, hoje candidato a reeleição, e Eduardo Amorim, agora candidato ao governo do Estado. Juntos em 2010, agora dormem separados. Deda uniu a todos, não por convicções, mas, por muitas conveniências.

Ao redor da vitoriosa chapa majoritária de 2010 orbitavam também, entre outros, Belivaldo Chagas, atual governador e candidato a reeleição, na época vinculado, agora dissidente do grupo, ou melhor, da clã dos Valadares. A candidata a vice de Belivaldo de Chagas, a Eliane Aquino, era a então primeira dama do Estado. Lá, estava também, o médico Rogério Carvalho, que se elegeu  deputado federal e, agora é o outro candidato ao Senado do grupo governista.

A segunda coligação, encabeçada por Valadares Filho, dos mais jovens, mas, não o mais novo nas andanças eleitorais, também estava lá, em 2010, sob o mesmo cobertor, candidato a deputado federal. O seu vice, a deputada estadual Silvia Fontes, em 2010 era a primeira dama de Socorro, do então prefeito Fábio Henrique, que também estava lá na robusta caravana de Deda. Nesta chapa, novidade apenas o advogado Henri Clay, que mesmo sendo neófito neste processo, tinha pública predileção pela desintegrada trupe.

A terceira coligação, a chapa do senador Eduardo Amorim, também apresenta figurantes que se acotovelaram em 2010. O próprio Amorim, naquele ano, às vésperas da eleição, junto com o do senador Valadares, foi ungido, ante ameaças de deserção, pelo então presidente Lula, no memorável último comício, no Mercado de Aracaju. O André Moura, agora candidato ao Senado, também estava lá na mesma coligação, junto com o outro candidato ao Senado, o pastor Heleno Silva, que assim como André, também se elegeu deputado federal. O candidato a vice, Ivan Leite, é a solitária exceção, já que em 2010 estava com o ex-governador Albano Franco, que naquele ano, sem sucesso, disputou para o Senado a sua última eleição.

O quadro atual até poderia ser diferente, bastava o senador Valadares ter escutado Jackson, que após eleito governador em 2014, anunciou que não mais disputaria qualquer eleição e recomendou a Valadares, senador por três mandatos, que fosse “para casa cuidar dos netinhos”. Nem Valadares seguiu o conselho, nem tão pouco o próprio Jackson cumpriu a promessa. Pelo visto, agora a disputa é mesmo entre os que estavam lá, hoje, ex-aliados, ou melhor, adversários ocasionais. No quesito renovação, não vale nem aquele velho ditado popular, “muda o reisado, mas, continuam as figuras”. É que desta vez, reisado e figurantes são os mesmos e mudanças, só de lado. Ou, como cantaria o imortal Raul Seixas: todos estavam lá.

*É jornalista, professor e advogado.

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