Aracaju, 24 de abril de 2024
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O QUE REPRESENTA O PEDIDO DE SOCORRO DO SARGENTO BORGES?

Aconteceu mais uma vez. No início da noite desse sábado (1º) mais um policial militar foi morto em Sergipe. O sargento Marcos Antônio Borges de Campos estava de folga e durante um momento de lazer com familiares e amigos, três marginais invadiram a chácara do militar, que reagiu, inclusive alvejando um deles, mas, infelizmente, foi atingido por um disparo de arma de fogo e veio a óbito.

Contudo, em meio à agonia, o PM ainda encontrou força, para acionar as redes sociais e enviar um pedido de socorro aos colegas de farda. Mas o que representa o pedido de socorro do sargento Borges? Certamente, representa o clamor de quem desde 1994 jurou defender a sociedade sergipana colocando em risco a própria vida. Essa mesma sociedade que constantemente se cala diante das mortes dos nossos policiais, ou simplesmente, verbaliza para afirmar que é o trabalho deles; que eles são policiais e por isso podem morrer.

Diante disso, o “tombo” do sargento Borges é, também, o tombo de toda uma Corporação que mesmo tendo papel fundamental e referencial junto à sociedade, tem seus direitos negados por ela. É difícil pensar que os policiais tendo os seus direitos negados, possam garanti-los de maneira adequada à população.

Ademais, mortes de policiais causam menos comoção social, e em muitos casos, nenhuma comoção. Considerados como agentes do Estado, da repressão, são odiados por grande parte da sociedade que vivem a defender por vocação. Nesse sentido, quando a violência é praticada por policiais, é comum assistir-se à execração pública dos próprios policiais, unanimemente tachados de truculentos e despreparados.

Por isso, o sargento Borges não caiu diante da violência de três marginais que agiram na certeza da impunidade. O PM desabou diante da violência da sociedade. Uma violência que não usa armas de fogo, e sim, ferramentas ainda mais letais: o desprezo, o ódio e a rejeição social.

Texto: André Oliveira é policial militar e jornalista.

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