Aracaju, 23 de abril de 2024
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CENTRO CULTURAL DE ARACAJU ABRE PARA 8ª EDIÇÃO DO SERCINE

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Apostando em uma programação plural e diversa, com linguagens e narrativas diferentes, o Sercine – Festival Sergipe de Audiovisual – chega a sua 8ª edição, neste sábado, 3. O local de abertura do evento foi o Centro Cultural de Aracaju, por meio de uma parceria entre o Núcleo de Produção Digital (NPD), unidade vinculada à Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), a Organização Cacimba de Cinema e Vídeo, e a produtora Rolimã Filmes.

O NPD, mais uma vez, integra a programação do evento com intuito de proporcionar a democratização do acesso ao cinema brasileiro para exibição das produções nacionais no Estado. “É um privilégio o Núcleo acompanhar o Sercine desde o seu nascimento ao longo dessas oito edições, pois é uma forma de contribuirmos com o projeto da Prefeitura de Aracaju, tornando a cidade mais humana, criativa e inteligente, investindo e estimulando a produção audiovisual local através de eventos importantes como este”, declarou a coordenadora geral do Núcleo de Produção Digital, Graziele Ferreira.

A presidente da Cacimba de Cinema e Vídeo e coordenadora de produção do Sercine, Jéssica Maria Araújo, explica que o papel do festival, atualmente, vai além da proposta inicial de criar uma janela das produções em que os realizadores (universitários e produtores do ramo) não tinham acesso. “Com o tempo a equipe percebeu a necessidade de fazer um novo recorte de público. Incentivar que outras gerações tivessem a possibilidade de conectar-se ao cinema brasileiro e aos curtas-metragens, então, o festival passa a trazer mostras destinadas às crianças. Já nas mostras competitivas, geralmente, contamos com a presença de estudantes do ensino médio, do pré universitário e de universidades”.

Em sua abertura, a programação do Sercine começou com a exibição do filme ‘Bixa Travesty’, do diretor Kiko Goifman e Claudia Priscilla. O longa metragem reflete os desafios da artista transgênero, Linn da Quebrada, mediante ao machismo e as várias manifestações da transfobia. O enredo ainda revela a intimidade da protagonista e funkeira que utiliza-se de suas composições para celebrar o seu corpo enquanto instrumento político. O documentário é destaque, também, pelas suas premiações, dentre elas o Teddy Award (destinados aos filmes com temática LGBT) no Festival Internacional de Cinema de Berlim, na Alemanha, e no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o Troféu Candango.

A mestranda em educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e também militante LGBT, Linda Brasil, marcou presença no festival promovendo um debate após a projeção, comentando sobre os pontos chaves do longa metragem, que unidos ao audiovisual tornaram a noite enriquecedora. “O filme representa, nesse momento histórico em que vivenciamos, questionamentos diante dos padrões e normas que são estabelecidas, de modo que aprisiona os corpos e as mentes das pessoas. Estamos passando por um  retrocesso no qual essas liberdades individuais estão sendo ameaçadas e o documentário mostra a importância de desconstruir, empoderar-se e utilizar o corpo como uma ferramenta política de transformação social”.

Diogo Cavalcanti, professor de Cinema e Audiovisual da UFS, foi conferir de perto a abertura do evento no Centro Cultural de Aracaju e elogiou a estrutura cinematográfica e a experiência da noite. “O diretor Kiko Goifman mostrou, através da sua arte, uma disposição lindíssima, corajosa e política, deflagrando uma liberdade necessária. O fato de o documentário ser exibido aqui, neste lugar incrível e acessível, demonstra uma importância pública para que o Sercine seja visto por todos, resultando em uma sala lotada e até com sessão extra”, comentou

Foto: NPD/Funcaju

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