Aracaju, 28 de março de 2024

Sob o FASCínio da arte e à luz da razão, escreve Marcos Santana

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*Marcos Santana

A trigésima quinta edição do Festival de Artes de São Cristóvão (FASC), ocorrida no período de 15 a 18 de novembro de 2018, para muitos, proporcionou uma verdadeira sensação de encantamento, de deslumbramento mesmo, com tamanha riqueza e variedade de manifestações artísticas autênticas. Pude constatar isso no brilho do olhar de inúmeras pessoas, e até em algumas lágrimas que teimavam em correr pelos rostos, como aconteceu comigo, por mais que tentasse contê-las.

Nas várias caminhadas que fiz pelas ruas do Centro Histórico da cidade, em diferentes horários, circulando entre grupos folclóricos que realizavam cortejos em meio aos casarões centenários, ouvi relatos emocionados, tanto de visitantes quanto de moradores. Muitos me explicaram sobre como aquela experiência os havia remetido a momentos felizes vividos há décadas.

Todavia, é preciso registrar, também, todo o trabalho árduo que é feito silenciosamente, iniciado muitos meses antes da realização do evento em si. Me refiro, por exemplo, às várias reuniões com os empreendedores locais, na tentativa de conscientizá-los a respeito da necessidade de aperfeiçoarem seus processos produtivos e de atendimento. Ao árduo trabalho de captação de recursos, por meio do convencimento dos patrocinadores quanto à viabilidade do investimento.

Da mesma forma, em relação aos moradores que puderam alugar suas residências para hospedar os turistas. E para nossa felicidade, neste ano já tivemos em funcionamento o primeiro empreendimento de hotelaria no formato hostel, uma modalidade muito utilizada atualmente em todo o mundo.

Em suma, o que considero fundamental ressaltar, apesar de todas as dificuldades inerentes a um evento de grande porte, é o fato de que existe uma dimensão socioeconômica a ser considerada no tocante ao FASC. Algo que vai muito além de todos os benefícios subjetivos ligados à valorização da nossa cultura, à preservação das nossas tradições, ao resgate da nossa identidade. Ou seja, há um legado que é concreto, que é objetivo: o festival movimentou diretamente a vida de muitas pessoas, garantindo-lhes um ganho econômico efetivo, obtido com dignidade.

E é exatamente a partir da consciência que tenho a respeito dessa linha tênue que existe entre o sonho de recuperar a autoestima do meu povo, tendo a promoção da sua cultura como elemento fundamental, de um lado; e as responsabilidades com a garantia do exercício dos direitos e do acesso às políticas públicas, de outro; que me coloquei, ainda quando elaborava o meu programa de governo, um desafio: resgatar o FASC, sem jamais comprometer o andamento das obras e serviços públicos, nem o pagamento aos servidores dentro do mês trabalhado, como tenho feito desde janeiro de 2017. Como ponderou Max Weber, na política, há que se nortear pela ética da convicção, sem jamais perder de vista a ética da responsabilidade.

Assim, determinei à comissão organizadora do 35º FASC, assim como o fiz no ano anterior, que fossem tomadas todas as medidas necessárias para que a integridade do conjunto arquitetônico fosse preservada, especialmente a Praça São Francisco, este patrimônio mundial do qual tanto nos orgulhamos. E cuja importância, para mim, vem de muito antes do reconhecimento oficial pela Unesco. Nasceu junto com a minha formação como ser humano, como cidadão sancristovense, ou seja, está na essência da minha identidade.

E assim foi feito, nas duas versões do evento, com a contratação de empresas e profissionais qualificados e reconhecidos pela experiência e competência com que atuam no mercado. Cada prego colocado, cada estrutura montada, obedeceu aos mais rígidos critérios técnicos, de forma que, ao final do evento, os locais ficassem exatamente como eram anteriormente.

Quero agradecer, do fundo do meu coração, a todos os patrocinadores e apoiadores que acreditaram nesse projeto, destinando recursos financeiros e agregando suas marcas ao FASC. Da mesma forma em relação aos servidores que se empenharam na sua construção, a todos os voluntários que contribuíram individualmente para que tudo acontecesse com primazia.

Agradecer ao governador Belivaldo Chagas, que com sua discrição característica, prestigiou a abertura oficial. À Polícia Militar, que garantiu, mais uma vez, que nenhuma ocorrência grave acontecesse, num evento de quatro dias, que contou com um público de dezenas de milhares de pessoas. Aos veículos de comunicação que divulgaram e transmitiram as atividades.

Enquanto eu estiver à frente da gestão de São Cristóvão, a Cidade Mãe de Sergipe, o FASC será realizado com amor, dedicação e responsabilidade. Os protagonistas serão sempre os artistas, nas suas mais diferentes expressões, e sobretudo o público, que é a própria razão da sua existência. Jamais cederemos a pressões de qualquer natureza, seja da indústria cultural, seja de caprichos individualistas ávidos por efêmeros minutos de notoriedade.

Como bem disse o genial Lenine: “A gente espera do mundo, e o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência”.

*Prefeito do Município de São Cristóvão

Foto: Daniele Pereira/PMSC

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