Aracaju, 13 de maio de 2024
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Matcha mania: conheça o chá que evita o envelhecimento e conquistou os hipsters. Além de fazer bem para a saúde, a bebida milenar pode ser um ótimo ingrediente na culinária

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Depois do hipisterismo dos cafés, a turma apontou o guidão da bicicleta para as casas que servem Matcha – se possível, acompanhado de um avocado toast. Nos restaurantes mais descolados do mundo haverá, certamente, Matcha no menu. E não param de abrir espaços dedicados ao chá japonês servindo não apenas a bebida tradicional, mas também versões com leite ou outras infusões, além de doces e comidas feitas com o pozinho verde mágico. Eles vêm com tudo que o mundo hipster pede: o verde do Matcha combina com decoraçãomillennial pink; as bebidas vêm em copos de geléia ou garrafas de remédio antigo; e, é saudável…aliás, harmoniza bem com comidas veganas. O sinal de que a moda já pegou? Até o Starbucks lançou recentemente a sua versão do Matcha Latte. Não vamos esquecer que a rede foi uma das responsáveis por popularizar a gourmetização do café ainda nos anos 1980 – quando “nasceram” os baristas. Ou seja…vem muito Matcha por aí.

“Há um crescimento do consumo de chá verde em relação ao preto no mundo e outras culturas que têm tradição de chá preto, como a Índia e a Tailândia. Estes países, inclusive,  já estão investindo na produção de chá verde e Matcha para a exportação”, revela Daniele Lieuthier, do Instituto do Chá. Porém, o Matcha ganha na corrida com o tradicional chá verde pois é menos amargo (o processamento dele é feito com mais cuidado e são selecionadas somente as partes mais preciosas) e fica lindo na foto – característica importante em tempos de Instagram.

O que é e para que serve?

Quem lê Casa Vogue ou passou pelo Casa Vogue Experience já sabe que todo chá é feito a partir da infusão de uma planta chamada Camellia Sinensis originária do leste da Ásia, mas que hoje é plantada em várias regiões tropicais do mundo – inclusive no Brasil.  Está tudo bem: Não é proibido colocar qualquer outra planta ou fruta em água quente para tomar, mas não podem ser classificados como “chá” , mas apenas uma “infusão”.

Dito isto, vamos às propriedades da folhas originárias da Camellia Sinensis: ela tem algumas moléculas antioxidantes – caso das catequinas – e tem teína. Mesma molécula da cafeína, a teína diferencia-se da substância do café, pois tem efeito mais lento e duradouro quando associada aos outros elementos do chá.  No entanto, quando combinada com outras substâncias do chá,  ela tem o seu). Ou seja, todo chá ajuda a evitar o envelhecimento, a aumentar a imunidade e a deixar a mente mais alerta. Portanto, vale substituir o café por uma xícara de chá de manhã e não é uma boa ideia tomar chás de noite (antes de dormir recomendo infusões como a do rooibos que não tem teína e é bastante nutritivo ou algo que acalme como camomila ou lavanda).

A planta também tem L-teanina, um aminoácido que atua no sistema nervoso central e age como um relaxante sem sedaçãoreduz a percepção do estresse e melhora a atenção. Conclusão: unindo os efeitos da Teína e os da L-teanina, os chás sempre foram grandes aliados dos monges que precisavam ficar calmos, porém despertos para meditar por horas ou dias.

E onde o Matcha entra nessa história? Bom…Ele não é feito a partir da infusão da Camellia Sinensis e sim da ingestão da própria planta moída. Pense em todos os efeitos acima elevados à décima potência (literalmente, ta? Uma porção de Matcha é o equivalente nutricional de 10 xícaras de chá verde).

O Matcha, vale lembrar, também ajuda a emagrecer, pois é bastante diurético – o que diminui a retenção de líquidos e, consequentemente, o inchaço! Além disso, há a presença de um antioxidante que estimula a liberação de CCK (colecistocinina), um hormônio que envia ao nosso cérebro a informação de que o estômago está cheio. Portando, a bebida sacia a fome ajudando o dia de dieta passar com mais tranquilidade.

Atenção: O consumo de Matcha (ou de qualquer outro chá) não é recomendado para pessoas com sensibilidade à cafeína, gestantes e lactantes – estas mulheres devem procurar infusões com cuidado. Alguns efeitos colaterais podem aparecer quando tomado exageradamente: fique de olho se começar a ter dores de cabeça e no estômago, diarreia, insônia ou azia.

Como o Matcha é feito e porque ele é mais caro?

O cultivo deste tipo de chá é completamente artesanal e tudo começa na colheita. As Camellia Sinensis que darão origem ao Matcha são mantidas na sombra, protegidas do sol, o que torna suas folhas mais verdes e aumenta a produção de aminoácidos.

São selecionados, manualemente, apenas os brotos mais jovens e é isso que garante o valor nutricional único o Matcha: aqui há maior quantidade de clorofila, aminoácidos e flavonóides – por isso os impactos são mais fortes que o chá verde tradicional. Depois de passar pela secagem a planta é moída e é exatamente esse pozinho verde que você encontrará nas casas de chás.

Ao invés de colocar o extrato da planta num recipiente perfurado dentro de água quente para infusioná-lo, como é feito para os chás regulares, você deverá colocar o seu Matchá direto na água numa temperatura média de 75º e bater bastante para o pó dissolver – tradicionalmente isso é feito com um batedor de bambu chamado chasen.

O método de preparação do chá jogando o pó da Camellia Sinensis direto na tigela com água quente tornou-se popular durante a Dinastia Song (960–1279), na China, e logo foi adotado pelos budistas zen. Este ritual foi levado para o Japão pelo monge Eisai em 1191. Neste país ele foi ainda mais apreciado e consumido por pessoas dos altos escalões da sociedade do século XIV ao XVI.

Onde achar?

No Brasil, a moda ainda está começando. Mas é possível tomar o seu Matcha na Japan House ou na sua própria casa: procure o kit completo na Liberdade ou em lojas como a Tea Shop, a Talchá ou a Moncloa Tea Boutique. O café do Zazá Bistrô, no shopping Rio de Design Leblon, também oferecem algumas opções de bebidas com o potente chá. E alguns restaurantes de São Paulo já servem doces feitos com o chá que fale experimentar, caso do Tartuferia Giapponese, que tem um bom tiramisu de Matcha; do Izakaya Toki, que serve mousse de chocolate branco com Matcha; e, do Extásia que incluiu um creme catalana de Matcha no menu. Já o Café Habitual, também em São Paulo, serve pudim de chia com leite de amêndoas e matchá – sobremesa must try se você for vegano ou viajar para as cidades que estão aderindo a Matcha mania com força: Nova York, Melbourne e Copenhague.

Para comprar online, procure pelo Matchaeologist ou pelo Zen Wonders, e se quiser aprendar a fazer receitas diversas com o Matcha, siga o Matcha Desserts. Não faltam inspirações para começar a se aventurar nessa explosão de sabores!

 

POR BETA GERMANO FOTOS DIVULGAÇÃO

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