Aracaju, 19 de abril de 2024
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Oficinas culturais e desportivas contribuem para a ressocialização de adolescentes

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Os avanços no comportamento dos adolescentes são visíveis e, em reconhecimento, nos últimos dois anos, o grupo de teatro do Centro de Atendimento ao Menor (Cenam) foi convidado para várias apresentações

“A gente participa de aulas que antes nunca tivemos oportunidade, melhora nossa relação com os funcionários e até entre os familiares que visitam a gente, e ainda por cima a Justiça já vê nosso caso de forma diferente”. O relato do adolescente J. S., 17 anos, revela o reconhecimento acerca dos benefícios de participar das oficinas de teatro na Comunidade de Atendimento Socioeducativa Masculina (Casem), em funcionamento desde o último mês de novembro, no Marcos Freire II.

Para além de incentivar uma mudança de postura, ele considera que as oficinas oferecem diversas oportunidades. “Eu estava na equipe que se apresentou no Tribunal de Justiça e depois no Museu da Gente Sergipana. Conheci o Rio Sergipe. Sou de Moita Bonita e, se eu não participasse das aulas, nunca teria visto um rio tão de perto”, contou J. S. Assim como ele, adolescentes participam de oficinas em todas as unidades socioeducativas administradas pela Fundação Renascer – vinculada à secretaria de Estado da Inclusão Social (Seit). Entre os temas escolhidos para discussão e interpretação do grupo estão racismo, combate às drogas, Dia das Mães, carnaval, Eca – 25 anos, Lei Maria da Penha, religião e ressocialização.

É dentro da perspectiva da socioeducação que as oficinas culturais e desportivas são trabalhadas, conforme explica o professor Márcio Santana. “A oficina de teatro desperta o lado artístico dos jovens, provoca melhorias na sua interação social e atende às orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase)”, explica o professor. Os avanços no comportamento dos adolescentes são visíveis e, em reconhecimento, nos últimos dois anos, o grupo de teatro do Centro de Atendimento ao Menor (Cenam) foi convidado para se apresentar não só no TJ/SE e no Museu, mas também no Ministério Público Estadual (MPE) e na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese).

Márcio destaca que os órgãos de fiscalização contribuem, por entender a importância de viabilizar a execução de ações de ressocialização. “Nunca havíamos recebido a liberação para uma apresentação fora do Cenam ou da Unidade Socioeducativa de Internação Provisória (Usip). Com um trabalho reforçado de base, ao lado de pessoas que compreendem a importância das ações socioeducacionais, construímos um intercâmbio de confiança e hoje somos convidados a nos apresentar em locais antes inimagináveis”, relatou o professor.

Na concepção do diretor da Comunidade de Atendimento Socioeducativa Masculina (Casem), Rodrigo Oliveira, a multiplicação das atividades culturais tem contribuído diretamente para a melhoria gradual do sistema. “Antes da abertura dessa unidade, em 28 de novembro do ano passado, eu coordenava o dia-a-dia na Casa São Francisco de Assis (unidade de semiliberdade Case II), e lá já conseguia perceber essa mudança de comportamento. O sistema é integrado e para todos. A cultura, nesse caso, transmitida através das aulas de teatro, tem nos ajudado bastante na conquista dos nossos objetivos”, afirmou.

Além das aulas de teatro, as unidades ofertam oficinas de pintura, manutenção de equipamentos de informática, artesanato, flauta, violão, canto, percussão, informática, artes gráficas, alimentos orgânicos, além de futebol de salão, vôlei de praia, corrida e capoeira. “Todos os dias nós temos atividades. A capoeira, por exemplo, é uma das modalidades desportivas que está presente na nossa programação. A diferença do cenário atual para o nosso passado é que, juntos, estamos oferecendo oportunidades para esses adolescentes. Essa é a principal resposta para as melhorias contabilizadas”, avalia o presidente da Fundação Renascer, Wellington Mangueira.

Fonte e foto assessoria

 

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