Aracaju, 26 de abril de 2024
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PREVIDÊNCIA: REFORMA APOIADA POR ENTIDADES DO AGRONEGÓCIO, DIZ DEPUTADO JOÃO DANIEL

“Reforma da Previdência é apoiada por entidades do agronegócio formada por devedoras e empresas envolvidas com trabalho escravo”, denuncia João Daniel

O deputado federal João Daniel (PT/SE) repudiou o apoio dado à proposta de reforma da Previdência externado por 44 entidades que representam cerca de 90% da produção do agronegócio no Brasil. Elas enviaram uma carta ao presidente Jair Bolsonaro onde manifestam apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/2019. Para o parlamentar, a atitude dessas entidades demonstra o papel cruel e antipovo, ao apoiar uma proposta que representa um grave retrocesso, que vai atingir diretamente o trabalhador que mais necessita, levando a um aumento da pobreza.

“Esse apoio vem de muitas empresas que estão envolvidas em trabalho escravo e são devedoras da Previdência. Isso é cruel!”, denunciou João Daniel, acrescentando que, lamentavelmente, o agronegócio escraviza milhares de trabalhadores no campo. O parlamentar informou que, de acordo com o cadastro divulgado pela Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do Trabalho (MT), o agronegócio foi campeão absoluto na utilização do trabalho escravo, com praticamente 80% dos trabalhadores libertados do trabalho em lavouras, plantação de cana, desmatamento e pecuária.

Além disso, ressaltou o deputado João Daniel, o agronegócio desponta como um dos setores que mais prejudicam a Previdência. “Além dos calotes bilionários, usam a influência de sua bancada para assegurar privilégios, como  PL 9.252/2017 que que concede perdão total das dívidas acumuladas por produtores rurais e agroindústrias com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) – um impacto da ordem de R$ 17 bilhões aos cofres públicos, pelas contas da Receita Federal. Dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional mostram que proprietários de terra devem quase 1 trilhão de reais à União”, disse.

Segundo João Daniel, eles também se aproveitam de um governo neoliberal e conservador para investir numa produção envenenada onde o lucro prevaleça sobre a saúde pública. O deputado relatou que, desde o golpe contra Dilma, 1,2 mil novos agrotóxicos foram liberados no Brasil. “Apenas em 2019, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), sob o comando de Tereza Cristina, aprovou o uso de 121 produtos elaborados com agrotóxicos nos dois primeiros meses de governo. O resultado disso está nos hospitais, com o aumento indiscriminado de doenças cancerígenas, e na própria conta do INSS pelos consequentes afastamentos”, lamentou.

Por todos esses motivos, disse João Daniel, não há como não ter outra postura senão repudiar a reforma da Previdência e esta Carta enviada a Bolsonaro. “Carta esta que mostra apenas o lado dos oligopólios do agronegócio, que não é ao lado do povo, dos trabalhadores rurais, da sociedade, é o lado do dinheiro, do lucro e da maldade que se pratica e que vem à tona a cada pesquisa científica, a cada estatística, a cada matéria, a cada voz do trabalhador e das organizações que ecoam em protesto contra estes opressores”, completou o parlamentar.

Por Edjane Oliveira

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