Aracaju, 23 de abril de 2024
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Tratamento para pés diabéticos completa dez anos de funcionamento

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Curativo. Esparadrapo. Gaze. Artifícios normalmente usados para estancar ferimentos ou pequenos cortes podem significar momentos de angústia e de dor para muitas pessoas. Não é o caso de quem participa do “Pé Diabético”. O projeto, que vai completar dez anos, vem transformando a vida de pacientes diabéticos que têm a necessidade de cuidados especiais no pé, após algum acidente. O tratamento é realizado atendendo as demandas específicas de cada enfermo e incluem o acompanhamento em outras áreas da saúde, para que resultem num controle mais eficaz da diabetes. Em Aracaju, o tratamento do pé diabético é realizado no Centro de Especialidades Médicas (Cemar) do bairro Siqueira Campos.

Atuando há mais de oito anos no projeto, a enfermeira Danielle Silveira destaca que o tratamento do pé diabético tem uma eficácia de quase 100% dos pacientes atendidos, resultando numa melhora significativa dos enfermos. Ela conta que, em mais de 500 casos tratados no local por mês, mais de 480 são controlados e os pacientes em quase sua maioria frequentam as sessões e seguem as dicas dadas. Danielle Silveira enfatiza que já a partir do diagnóstico, há um cuidado com os pacientes. “Essas pessoas, quando vêm para cá, primeiro são escutadas, para ter certeza que faz parte da nossa demanda ou não. Não bastar ser diabético e ter uma lesão no pé, o ferimento tem que ser decorrente da diabetes ou ter uma complicação devido à doença. Com essa constatação, nós já fazemos um planejamento de tratamento para esse paciente e realizamos o acompanhamento conjunto, tanto da enfermeira quanto do médico vascular (especializado em doenças das artérias)”, comenta.

Evitar ao máximo que os pacientes sejam encaminhados para a amputação, para Danielle Silveira, é um dos principais objetivos do tratamento. “O que a gente puder fazer aqui para que o paciente não tenha o pé amputado, nós fazemos. Um das medidas é a cobertura especial, na qual realizamos curativos, desbridamentos e orientações com atenção máxima para que não seja preciso levar o paciente para amputação. Mas, essa não costuma ser a nossa realidade aqui, quando isso acontece, normalmente, o paciente já chegou aqui em um estágio muito avançado”, frisa.

Envolvido em um acidente de moto em 2016, o auxiliar administrativo Carlos César, diabético desde os 16 anos de idade, passou a participar do tratamento do pé diabético para conter o avanço das feridas e lesões no pé. O paciente, que frequenta o Cemar duas vezes por mês, conta que, após iniciar do tratamento, ficaram menos complicados os cuidados com o seu pé. “Depois que comecei a me cuidar aqui foi tudo mais fácil. Eu faço os curativos e a raspagem aqui, o médico sempre diz como está o meu pé e eu estou evoluindo bem, já estou vindo desde o meu acidente e está controlando bem o problema no meu pé, o médico sempre explica como está a minha situação, isso ajuda muito”, diz.

Já o cozinheiro Antônio Ricardo é natural de São Cristóvão e conta que foi encaminhado ao Cemar após a sua ida à Unidade Básica de Saúde (UBS) com uma ferida no pé. “Eu fui no clínico geral porque estava com dificuldade para cicatrizar um corte no meu pé. Ele perguntou se eu era diabético e eu disse que sim. Ele me encaminhou para cá e há dois anos eu faço meu tratamento aqui”, pondera. O cozinheiro destaca ainda que a especialização dos cuidados com o seu pé fizeram diferença para que os ferimentos fossem contidos. “Aqui a gente tem o cuidado específico, nos primeiros meses que comecei a fazer o tratamento aqui no Cemar, já percebi logo que o meu pé estava melhorando, ele nunca mais piorou a situação”, comenta.

O cirurgião vascular João Iraeveston, responsável pelas consultas dos pacientes do pé diabético, destaca que é essencial o paciente não deixar o tratamento. O médico alerta que a falta de cuidado com a diabetes pode ser mortal. “Aqui fazemos o acompanhamento, os curativos e orientamos, tudo é para evitar o avanço de uma infecção, mas não pode fazer uma única vez e não voltar, esse tipo de desleixo pode levar até a morte. A depender do caso, nós mandamos voltar a cada um, dois ou três meses. O importante é sempre vigiar o pé, não se pode deixar o ferimento aberto avançar, é um grande risco de infeccionar”, alerta o médico.

Diagnóstico

O paciente é diagnosticado com o “pé diabético” quando possui a diabetes do tipo 1 ou 2 e eventualmente machuca ou inflama o pé, formando uma ferida maior, que, não se for devidamente cuidada, pode resultar na amputação do membro. Além do controle da alimentação e do estilo de vida que se tem, o diabético precisa ter uma atenção especial com os pés, sempre inspecionando se há bolhas, feridas ou mudanças nas unhas, dessa maneira, evita-se que o pé diabético se desenvolva e em casos de constatação do distúrbio no pé, começar o tratamento o quanto antes. O paciente que participa do tratamento para o pé diabético conta com uma equipe especializada, além do trabalho preventivo, focado em explicar os cuidados que devem ser tomados para que a enfermidade não avance e que seja evitada no outro pé. O diagnóstico pode ser feito em uma UBS ou em dos Hospitais Regionais, sendo os pacientes encaminhados para o tratamento, ou no próprio Cemar, onde serão feitos os exames e o início das medidas terapêuticas.

Dias do tratamento

A pessoa diabética que tiver com o ferimento ou lesão no pé pode procurar o Cemar para esclarecimento de dúvidas ou para realização de exames. O tratamento do pé diabético é feito às quartas-feiras, pelo período da manhã. O Cemar do Siqueira Campos está localizado na rua Bahia, S/N. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (79) 3234-0909.

AAN

Foto: Marcelle Cristinne

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