Aracaju, 18 de abril de 2024
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SES destaca importância da vacina na prevenção da meningite

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Impermeável à maioria das bactérias, vírus, fungos e parasitas, a membrana que protege o sistema nervoso central do ser humano pode ser penetrada por um destes agentes infecciosos, causando a meningite, doença que acontece com registros de casos todos os anos.  De acordo com os dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (SES), neste ano de 2019 são 11 notificações, com seis casos confirmados e um óbito.

A meningite afeta principalmente crianças, que podem ser imunizadas com uma simples vacina disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), indicada para ser tomada antes de um ano de idade. “É importante que a população tenha conhecimento de que há um calendário nacional de imunização e nele temos vacina específica para o pneumococo, haemophilus influenza e meningococo, que originam as formas mais graves da meningite”, salientou a diretora de Vigilância em Saúde da SES, Mércia Feitosa.

Incentivar os cuidados preventivos é um dos objetivos do Dia Mundial de Combate à Meningite, celebrado em 24 de abril, segundo informou o infectologista da SES, Marco Aurélio, salientando que a meningite não é uma doença única, como a tuberculose ou a gripe. É, na verdade, uma inflamação da membrana que envolve o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal), causada por bactéria, vírus ou outro agente infeccioso que consegue penetrar a meninge.

O agente infeccioso causa uma grande inflamação, que manifesta como principais sintomas uma forte e constante dor de cabeça, que melhora muito pouco com o uso de analgésico, diferente de outras cefaleias; febre, geralmente alta; rigidez da nuca, que causa forte dor quando se tenta flexionar o pescoço; e vômitos, que, diferente daqueles causados por uma infecção intestinal que são precedidos de náuseas, é um vômito em jato, originado dessa inflamação no sistema nervoso central, segundo explicou o infectologista.

Ele salientou que o quadro nas meningites virais pode ser autoresolutivo, ou seja, pode melhorar espontaneamente com o uso de analgésicos, antitérmicos, repouso e hidratação. O que não acontece com a forma bacteriana, que exige o uso de antibióticos. “Para confirmar o quadro da meningite, identificando o tipo, é preciso fazer a coleta do líquido cefalorraquidiano, que protege o cérebro e a medula. Normalmente é límpido como água, transparente, mas fica turvo ou purulento quando há a inflamação, confirmando que ali é uma meningite”, observou Marco Aurélio.

Segundo Marco Aurélio, o líquido coletado vai para o Laboratório Central de Sergipe (Lacen), onde é feita a cultura e outros exames para determinar o tipo de meningite, se é viral ou bacteriana, e qual bactéria a está causando. As mais comuns são as meningocócicas e seus subtipos (B e C) e a estreptocócicas.

Marco Aurélio enfatizou que a meningite é uma doença grave, já que afeta o principal órgão vital da pessoa que é o sistema nervoso central, que é quem controla as funções do organismo. “A viral pode evoluir de uma forma desfavorável para um quadro mais grave, embora geralmente seja mais autoresolutiva, com inflamação é menor. A bacteriana, se não for tratada a tempo pode levar a óbito. Aliás, tem uma letalidade alta, com óbitos chegando a quase 100% dos casos”, disse.

Quando o infectologista fala em ‘tratada a tempo’, quer dizer quanto mais cedo o paciente receber assistência médica, melhores são as chances de combater a doença e minimizar suas sequelas. A meningite é uma doença aguda, com apresentação dos sintomas muito rapidamente. “A pessoa começa com a dor de cabeça e em 12 horas já tem as manifestações todas ampliadas. Vai piorando à medida que não vai sendo tratada”, alertou o infectologista, aconselhando levar o paciente à unidade de saúde mais próxima.

Acrescentou que a meningite ainda deixa sequela, mas não tão fortemente como ocorria no século passado. “Era uma das grandes doenças que deixavam muitas sequelas como surdez, problemas de fala e motor. Hoje a gente ainda vê sequelas, mas cada vez menos”, salientou ele, destacando que na atualidade as sequelas se não são reversíveis, são bem mais remediadas com as terapias complementares com fisioterapia e fonoaudiologia.

Para Marco Aurélio, o importante quando a gente fala do Dia Mundial de Combate a Meningite é lembrar que ela existe, não é uma doença única, que existem os agentes infecciosos. “Mas dizer também que vencemos grandes batalhas, o que era grandes problemas no passado, hoje são menores”, ressaltou.

Notificação

A meningite é uma doença de notificação compulsória, ou seja, havendo suspeita de que um paciente contraiu a doença, é preciso informar o caso na Vigilância Epidemiológica do seu município, que, por sua vez, tem o dever de notificá-lo ao órgão epidemiológico estadual.

“Como é causada por vários agentes infecciosos, para cada tipo de meningite há uma medida específica de controle, que pode ser um bloqueio vacinal, o uso de medicamentos preventivos para limpar a garganta das pessoas que estão infectadas, ou pode ser só a observação do caso, pois pode ser uma doença que não esteja relacionada a transmissão entre as pessoas”, disse.

Segundo Marco Aurélio, os agentes infecciosos são muito sensíveis à iluminação, à luz solar e sugere como medida profilática para quem tiver um caso de meningite em casa, arejar o ambiente. Não precisa queimar colchões ou lavar toda a roupa. Basta arejar o ambiente.

Foto: Flávia Pacheco

ASCOM SES

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