Aracaju, 25 de abril de 2024
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PMA realiza seminário sobre a construção participativa do currículo da rede pública

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Planejar cada passo dado é um dos princípios administrativos adotados pela Prefeitura de Aracaju. A atual gestão municipal, com o seu Planejamento Estratégico, tem dedicado uma atenção especial à área da Educação, realizando investimentos e mantendo o diálogo com seus servidores. Dessa forma, a Secretaria Municipal da Educação (Semed) realizou, durante toda esta terça-feira, 30, a segunda etapa do seminário “Travessias do Ensinar e Aprender”, em que, junto aos professores da rede, debateram a construção da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O evento aconteceu no Teatro Atheneu e contou com a participação de mais de 800 profissionais da Educação.

Partindo do questionamento sobre concepção e conceito de currículo, o seminário contou com a participação de palestrantes das redes públicas e privadas de ensino. “O que move estes professores que hoje estão aqui é que eles, assim como nós, da Semed, ainda acreditam nesse caminhar juntos, nessa construção coletiva. Seria mais cômodo para nós, da gestão, convidarmos especialistas para um gabinete e discutirmos isso entre a gente, impondo um currículo já pronto, mas preferimos estar aqui, frente a frente com aqueles que vão concretizar este currículo, que são os nossos professores, debatendo, de uma forma rica e coletiva”, afirma a secretária municipal da Educação, Maria Cecília Leite.

Este foi o segundo encontro sobre a BNCC realizado pela Prefeitura de Aracaju para os profissionais da Educação. O primeiro aconteceu em janeiro. “Nos colocamos na tarefa da construção dos cadernos curriculares da rede municipal de ensino de Aracaju. Nós temos hoje o currículo estadual, onde a nossa rede participou de sua criação e homologação. Mas, como ficou definido pela política nacional que resultou na construção da BNCC, fica a cargo dos municípios construir cadernos que tragam debates específicos acerca das questões avaliativas. Esse espaço do seminário é coletivo, para posicionamento e análise dos professores. Nada adiantaria chegar aqui com um currículo pronto. Essa será uma construção de muitas mãos, feita pelos técnicos da gestão, mas também pelos nossos professores”, destaca o diretor de Educação Básica da Semed, Manuel Prado.

Na mesa de abertura do evento estiveram presentes, além da secretária Maria Cecília Leite, a consultora para assuntos governamentais da Semed, Maria Antônia de Arimateia Freitas; o presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Sergipe, Antônio Belarmino; o presidente do Conselho Estadual de Educação, Hudson César Veiga; e a professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Silvana Bretas. Homologada no final de 2017, a BNCC é o documento que define os conhecimentos essenciais que todos os alunos da educação básica têm o direito de aprender. A partir dele, as redes estaduais e municipais passaram a elaborar seus currículos, respeitando o texto nacional, mas imprimindo a cultura e a própria realidade.

“Este evento dá continuidade a nossa discussão sobre a construção do currículo de Aracaju. Trouxemos convidados de várias instituições, tanto da rede estadual, como da particular e da federal. Os professoram compareceram em peso e pudemos passar para eles o calendário com as datas e as áreas específicas em que eles poderão se reunir para se posicionarem e contribuírem com essa construção coletiva, cada um com a sua área de atuação. Também apresentamos todo o desdobramento do plano de ação de 2019 para a formação desses professores, o banco de horas de estudo, para que eles saibam como elas são computadas para a emissão de certificação. A formação e as horas de estudo desses professores são o que mais primamos”, conta a diretora do Centro de Formação Continuada da Educação, Rita Amorim.

Debate amplo e democrático

Para a professora Maria dos Prazeres dos Santos, que atua nas Emefs Papa João Paulo II e Laonte Gama da Silva, as transformações sociais exigem de quem faz políticas públicas um compromisso com esse tipo de debate. “Estamos em constante transformação em todos os campos da sociedade, então, sempre é preciso e pertinente discutir a Educação. Buscar novas propostas, conhecer novos pensadores. E nesse sentido a construção do currículo tem que acontecer, porque a diversidade existe em todos os espaços e, logo, também nas nossas escolas. Assim, precisamos ter um caminhar direcionado não apenas ao Estado de Sergipe como também a Aracaju, a nossa cidade. E nós, educadores, somos o cotidiano, junto com as crianças e com as famílias, lá, nos bairros e comunidades, por isso nada mais justo que estarmos presentes nessas discussões, trazendo contribuições, pois nada está sendo ‘iniciado’. Existe uma história, um fazer já construído, pensado, experimentado por outros colegas em seus espaços de atuação e são momentos como esses em que esse saber é compartilhado e, a partir dele, queremos dar uma cara nova – e nossa – a esse currículo”, opinou.

Preocupado com os desafios que enfrenta no exercício da profissão, o professor Jackson Bruno Passos Carvalho, da Emef Professor José Antonio da Costa Melo, foi para o debate com uma preocupação específica em mente: como o seminário poderia ajudá-lo, e aos demais colegas, a pensar soluções para os problemas enfrentados no chão da escola? “Toda discussão é válida. Eu costumo dizer que essas reuniões costumam ser o ‘tempo do saber’. É a partir da discussão que é possível tirar uma série de colocações e de teorias que podem ser aplicadas em sala de aula. No entanto, acho que deveríamos tratar, paralelamente, de uma questão muito importante que é, hoje, a distorção da idade série. E as causas desse grave problema. O aluno que chega em sala de aula já vem com uma ‘bagagem’ de outras ordens e isto precisa ser trabalhado na escola. Mas como? A discussão sobre um currículo que situe o aluno na sua região, no seu espaço pode ajudar? Então, acredito que devemos trabalhar, sim, a construção da teoria sobre conteúdo da Base Curricular, mas também devemos ver como isto pode nos ajudar a enfrentar outros problemas com os quais temos que lidar no dia a dia”, afirmou.

Para a professora Ana Patrícia Melo de Almeida Souza, da Emef Papa João Paulo II, o grande ganho do encontro foi o compartilhar. “Falar sobre a formulação de um currículo para nossa cidade é algo muito importante e válido, tudo que pode estimular e ampliar a efetividade do nosso trabalho é algo bem-vindo. Mas para mim, nessas reuniões, o principal é a troca de experiências. É descobrir como o outro passou por situações similares e conduziu a resolução dos desafios. Quem atua com educação nunca para, é um eterno aprender, seja de novas teorias, seja de novas práticas, seja com os próprios erros e acertos. Mas é essencial parar e pensar sobre a efetividade e impacto do nosso trabalho”, concluiu.

AAN

Foto Walter Martins

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