Seminário debate a importância de políticas públicas para o fortalecimento do cooperativismo e economia solidária
Representantes de diversas cooperativas de 25 estados brasileiros e do Distrito Federal participaram do seminário realizado na manhã desta terça-feira, dia 21, na Câmara dos Deputados, que tratou sobre a formação de lideranças e interação política e que também apresentou a União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas) criada em 2014, e o seu papel. O debate foi uma propositura do deputado federal João Daniel (PT/SE), realizado através da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazonas (Cindra) e na oportunidade foram tratados projetos importantes e destacada a necessidade de o campo e a cidade, juntos, fortalecerem o trabalho cooperativista da economia solidária. Vários parlamentares, entre deputados federais e senadores, também participaram.
Entre os debatedores, o seminário, presidido pelo deputado João Daniel, teve a presença do presidente da Unicopas, Arildo Mota Lopes; do presidente da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Vanderley Ziger; do presidente da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab), Francisco Dal Chivon; da vice-presidente da União Nacional de Catadores e Catadoras de Material Reciclável do Brasil (Unicatadores), Claudete Costa; do presidente da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil (Unisol Brasil), Leonardo Pinho;
O deputado federal João Daniel agradeceu a presença de todo que vieram das várias regiões do país debater esse tema tão importante que é o cooperativismo e a economia solidária. Agradeceu também à Unicopas, por tê-lo procurado e dado a oportunidade de a comissão realizar o evento. “Este seminário é a abertura de um grande debate que está acontecendo no país. A Unicopas tem na nossa bancada, nesta comissão e dos parlamentares aqui presentes e comprometidos com o Brasil e o povo brasileiro total apoio para a aprovação de leis e projetos que estão tramitando e a consolidação dessa política importante para o Brasil”, afirmou.
Reafirmando o seu compromisso com os integrantes de cooperativas, o deputado João Daniel apresentou, o requerimento 1505/19, requerendo a inclusão na ordem do dia da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 309/2013, que dispõe sobre a contribuição para a seguridade social do catador de material reciclável que exerça suas atividades em regime de economia familiar.
Políticas públicas
Durante o seminário, o presidente da Unicopas, Arildo mota Lopes, destacou a importância que as cooperativas têm no Brasil, sua contribuição para o Produto Interno Bruto do País (PIB), mas tudo isso não tem destaque na grande mídia. “Precisamos de um Estado indutor, que impulsione esse modelo do cooperativismo. Porque nós consumimos, geramos renda, emprego, preservamos o meio ambiente, mas estamos à margem das políticas pública. Por isso precisamos levar o debate para a sociedade brasileira”, afirmou. Ele acrescentou que o que falta aos milhares de cooperados em todo país são instrumentos que regulamentem o cooperativismo solidário, a economia solidária. O presidente da Unicopas também lembrou que essas cooperativas geram dividendos muito positivos à economia dos municípios, fora o fato de que este modelo distribui renda com maior equidade.
Representando o Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Tatiane Valente ressaltou que a economia solidária precisas ser olhada com a importância que ela tem e não como instrumento para resolução de situações paliativamente. Ela lembrou que nos governos administrados pelo Partido dos Trabalhadores a economia solidária teve um forte apoio para que isso acontecesse. “Muitos estados foram fortalecidos, e isso precisa voltar a ser pauta neste governo, porque a economia solidária se faz necessária para a economia do país. Não podemos perder aquilo que foi construído com muita luta”, ressaltou.
O senador Jaques Wagner (PT/BA), um dos construtores do seminário e da política de economia solidária, ressaltou a importância de debater esse tema no Congresso. Ele lembrou que foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que deu voz aos catadores e todos que fazem parte da economia solidária, tendo criado a Secretaria Nacional de Economia Solidária. “É fundamental essa reunião que está acontecendo no dia de hoje, até pelo processo de exclusão que existe não são aqui, mas no mundo inteiro, com o avanço da tecnologia”, disse. Ele destacou que no caso do cooperativismo e economia solidária não são só uma forma de organização do trabalho, mas é também uma forma de inclusão da pessoa, dela se sentir parte de um sistema.
O presidente da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab), Francisco Dal Chivon, falando sobre o benefício para a saúde e o meio ambiente, citou em sua explanação o exemplo da produção, no Rio Grande do Sul, de 500 mil sacas de arroz de produção agroecológica, desconstruindo a tese de que isso não seria possível. “Provamos que isso é possível e estamos fazendo. Isso também foi obra da organização cooperativista, da solidariedade, da cooperação e de um sentimento político de uma classe que trabalha”, afirmou, ao ressaltar que mais de 70% da comida que chega à mesa dos brasileiros sai da agricultura familiar.
A vice-presidente da União Nacional de Catadores e Catadoras de material reciclável do Brasil (Unicatadores), Claudete Costa, falou sobre a experiência e qualificação dos catadores de recicláveis, as dificuldades que encontram para isso e o preconceito que ainda existe contra os trabalhadores desse segmento. “Não somos catadores de lixo. Somos catadores e catadores de material recicláveis. Temos entendimento do nosso negócio, que gera dinheiro, somos empreendedores”, disse, ao lamentar, no entanto, que ainda haja muita discriminação na forma como eles são vistos.
Foto: Thiago Dhatt
Por Edjane Oliveira