Aracaju, 18 de abril de 2024
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Forrageiras suplementa rebanhos de caprinos e ovinos

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Já foram investidos R$ 1,52 milhão na ampliação da área plantada de forrageira para ração animal no estado

Agricultores familiares de nove municípios do semiárido sergipano (Aquidabã, Canhoba, Carira, Graccho Cardoso, Nossa Senhora Aparecida, Pinhão, Poço Verde, Simão Dias e Tobias Barreto) atendidos pelo projeto Dom Távora estão recebendo apoio financeiro para o cultivo de plantas que possuem características nutricionais para a produção de forragem. As forrageiras servem como suplemento na alimentação do rebanho da região. Além de garantir recursos financeiros, o projeto também possibilita capacitação para o plantio, como aconteceu no Dia de Campo realizado em Tobias Barreto.

Segundo o coordenador geral do Projeto Dom Távora, Gismário Nobre, já foram investidos R$ 1,52 milhão na ampliação da área plantada de forrageira para ração animal. “Até setembro deste ano, pretendemos concluir o investimento no plantio de 300 hectares de Palma e 200 hectares de bancos de proteínas com Gliricídia e Leucena nas 78 comunidades apoiadas com recursos para produção de caprinos e ovinos”, disse. Ainda de acordo com ele, a ampliação do cultivo de palma e outras forragens representa muito para as unidades produtivas de caprinos e ovinos do semiárido. “O Projeto já entregou para os pequenos produtores sergipanos mais de 15 mil animais, entre caprinos e ovinos nas comunidades apoiados pelo projeto. Todos os nossos projetos para aquisição de animais contemplam no mínimo um hectare de área plantada com forragem”.

Um dos exemplos vem da Associação Comunitária em Agropecuária do Projeto de Assentamento Francisco José dos Santos, no município Poço Verde. O Presidente da associação, Mílton Pereira dos Santos, disse que o Projeto Dom Távora financiou o plantio de 2 tarefas de palma consorciada com gliricídia e a associação contribuiu com mais duas tarefas como contrapartida da comunidade. “Depois de dois anos, quando a palma estiver no tempo de corte, vamos ter palma para mais dez anos”, garantiu Milton.

Para o secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, a ação leva ao fortalecimento da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura, contribuindo para a superação da pobreza no campo. “Esse investimento no suporte forrageiro atende aos pequenos agricultores que têm maiores dificuldades durante a estiagem prolongada. Essa inclusive foi uma das preocupações do governador Belivaldo Chagas na última reunião com o FIDA em fevereiro”, destacou o gestor. Ainda de acordo com ele, o governo de Sergipe está investindo R$ 1 milhão no plantio de palma na cadeia produtiva do leite. “A palma tem dado uma resposta muito positiva na bacia leiteira, que é extremamente forte e depende muito de água. Então estamos em esforço conjunto com a Secretaria da Inclusão Social e a Emdagro para a distribuição de sementes de palma, que ajudará a região do Alto Sertão”, pontuou.

Dia de campo

Um dia de campo sobre uso da gliricídia foi realizado com o objetivo de levar orientações e desenvolver capacidades dos produtores sobre o uso de forrageiras como fonte de proteína suplementar para alimentação do rebanho de ovinos e caprinos. Participaram 72 produtores e produtoras beneficiários do Projeto Dom Távora, atendidos com projetos de ovinocultura nas localidades Canaã, Pedra de Amolar, Poço das Claras, Curtume, Zumbi dos Palmares e Belo Monte, do município de Tobias Barreto.

A capacitação foi promovida pela Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As orientações técnicas foram ministradas por Cristiane Otto de Sá, pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros; e José Luiz de Sá, pesquisador da Embrapa Semiárido. A organização local da logística e mobilização dos produtores foi feita pelos consultores do Projeto Dom Távora, Camila Xavier Costa e Fernando Arimateia Oliveira.

“Estamos trazendo informações sobre a gliricídia, uma planta tolerante a longos períodos de seca, como suplementação na alimentação do rebanho de ovinos dessa comunidade. A ideia é que, além do milho e da palma que eles já cultivam e usam na alimentação dos animais, possam adicionar a gliricídia. Desta forma, terão uma importante alimentação rica em energia, proteína, água e fibra”, explicou a pesquisadora Cristiane Otto.

Além de explicar a importância da planta, modos de cultivo e produção de silagem e forragem desidratada, a pesquisadora da Embrapa também distribuiu sementes para a experiência inicial. “Com os 400 gramas de sementes que estamos distribuindo hoje, dá para produzir cerca de 2 mil mudas da gliricídia, quantidade suficiente para plantar 1 hectare dentro do espaçamento 5m x 1,5m. Dentro dessa área, depois de dois anos, é possível colher 6 toneladas por ano”, detalhou Cristiane.

O presidente da Associação do Assentamento Canaã, que sediou o dia de campo, João Catarino Nascimento, conhecido como João Branco, disse que a gliricídia vai ajudar a economizar na compra de ração. “O que vi hoje é muito importante porque vai ajudar a matar a fome dos animais no tempo de seca e ajudar na economia da ração. No meu caso, os nove animais que tenho consomem de 40 a 50 quilos de ração por dia. Se não tiver uma palma ou outra forragem não dá para sustentar”, disse o produtor.

A consultora do Projeto Dom Távora, Camila Xavier, explicou que a nutrição dos animais é importante para o tipo de negócio da ovinocultura. “Nesse tipo de negócio os produtores precisam, a cada quatro meses, ter animais em condições de venda para gerar renda e fazer novos investimentos, é para isso que estamos preparando os produtores”, disse a consultora.

ASN

Foto: Pritty Reis

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