Para dar asas à imaginação, não é preciso muito. E para os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alencar Cardoso foi preciso apenas papelão, algumas cartolinas e um ingrediente mais que especial: a dedicação do professor Genilton Gois. Para auxiliar no processo de alfabetização das crianças de 6 e 7 anos, o educador construiu o ‘barco das sílabas’, uma atividade lúdica que conquistou os alunos e tem feito a diferença no processo ensino aprendizagem.
A inspiração para a criação da atividade veio de um passeio realizado pela escola ao Oceanário de Aracaju, por meio do programa de Educação Ambiental, parceria entre as secretarias municipais da Educação (Semed) e do Meio Ambiente (Sema). “Quando fomos ao Oceanário, percebi a euforia deles durante o contato com os animais marinhos e ali percebi que poderia trabalhar alfabetização de maneira diferente. Poderíamos apenas fazer uma pescaria de sílabas, mas se não tivesse o barco, não seria tão divertido para eles”, afirma o professor Genilton, que é formado em Pedagogia e Matemática.
A canção infantil ‘A canoa virou’ é o primeiro passo para a aplicação da atividade. A letra é dividida em diversas partes e distribuída entre os alunos. Para cantar, eles precisam juntar as partes e formar a letra, aprendendo a formar as palavras e frases. “Também trabalho com eles a dobradura, em que eles confeccionam um barquinho, escrevem seus nomes e colam suas fotos, assim, eles associam o nome à foto, ajudando a memorizar”, explica o professor.
Depois do trabalho na sala de aula, é hora de ir até a quadra da escola onde o cenário marítimo já está montado. A partir daí, com chapéus de pescadores, os alunos entram no barco de papelão, construído pelo professor Genilton, e dão asas à imaginação. Nas ondas, eles pescam sílabas e, com elas, constroem palavras. Segundo a diretora da Emef, professora Valéria Costa Moraes, além de ajudar no processo de alfabetização, a atividade tem auxiliado em outro aspecto.
“A frequência dos alunos melhorou muito. Eles agora não querem mais perder aula porque sabem que terão algo diferente no dia seguinte. Eles comentam com os pais sobre a atividade e até alguns estudantes, que eram problemáticos, melhoraram o comportamento. Como eles são pequenos, ainda não tem a capacidade de absorver somente o abstrato, por isso, trazer este concreto para eles é muito importante”, conta a diretora Valéria.
Esta não é a primeira vez que o professor Genilton utiliza a ludicidade para auxiliar no processo de leitura dos alunos das turmas de 1° e 2° ano, o chamado Ciclo da Alfabetização. Uma sorveteria já foi montada para ensinar aos alunos os nomes dos sabores e, na próxima atividade desenvolvida, será montada uma cozinha. Os alunos também já participaram do projeto “Alfabeto dos Rótulos”, em que aprendiam a ler os nomes das marcas dos produtos que consomem em casa.
“Todo professor tem que ser pesquisador e o próprio Paulo Freire já dizia isso. Então, tem que levar novidades para a sala de aula, senão não funciona. Você tem que buscar algo que estimule as crianças, porque hoje em dia elas tem várias ferramentas que tiram a atenção. Além de estimular a leitura, também mantém a frequência do aluno na escola, pois eles sabem que no dia seguinte tem uma novidade e não querem faltar”, conclui Genilton.
Foto: Walter Martins