Aracaju, 19 de abril de 2024
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Juíza diz que notícia sobre ‘teste do sofá’ é tendenciosa

A juiz Patrícia Cunha Paz, de Sergipe, enviou neste domingo (25), uma nota de esclarecimento sobre notícia veiculada no sábado (24), no Faxaju Online, republicada do site da revista Época, sob o título “Juíza diz que colegas fazem ‘teste do sofá”. nNa sua ota a juíza considera que a informação é “flagrantemente tendenciosa e causa estranheza e repúdio”

Segundo Patrícia Cunha Paz, “A matéria remete a alegações proferidas em maio de 2018, em evento acadêmico, ou seja, há mais de um ano. Não há justificativa para a publicação da notícia, sem qualquer contextualização, senão a
aparente intenção de ferir a honra desta Magistrada, do Judiciário do Estado de Sergipe e, em contexto
mais amplo, do Poder Judiciário brasileiro”.

A juíza diz ainda: “além disso, a matéria retira a fala da magistrada de seu contexto, publicando vídeo de trecho do
colóquio e levando a crer, equivocadamente, que se denunciaria uma prática do Judiciário.  As declarações foram feitas durante o painel ‘Gênero e a Feminização da Magistratura’, no XXIII Congresso Brasileiro de Magistrados. Na ocasião, de caráter eminentemente científico, tratavam-se das dificuldades que as mulheres enfrentam no trabalho no Judiciário.

– Finalmente, a utilização do termo “teste do sofá”, da linguagem popular, no lugar da expressão mais
formal assédio, em ambiente profissional, talvez não tenha sido muito adequada, fato que ensejou
interpretação equivocada do que foi dito e seu uso indevido em matéria jornalística, disse a magistrada.

Nota Na Integra:

A notícia veiculada ontem, 24 de agosto de 2019, sob o título “Juíza diz que colegas fazem ‘teste do
sofá’”, pelo site de notícias ÉPOCA (e republicada por outros sites) é flagrantemente tendenciosa e
causa estranheza e repúdio.

A matéria remete a alegações proferidas em maio de 2018, em evento acadêmico, ou seja, há mais de
um ano. Não há justificativa para a publicação da notícia, sem qualquer contextualização, senão a
aparente intenção de ferir a honra desta Magistrada, do Judiciário do Estado de Sergipe e, em contexto
mais amplo, do Poder Judiciário brasileiro.

Além disso, a matéria retira a fala da Magistrada de seu contexto, publicando vídeo de trecho do
colóquio e levando a crer, equivocadamente, que se denunciaria uma prática do Judiciário. As
declarações foram feitas durante o painel “Gênero e a Feminização da Magistratura”, no XXIII
Congresso Brasileiro de Magistrados. Na ocasião, de caráter eminentemente científico, tratavam-se
das dificuldades que as mulheres enfrentam no trabalho no Judiciário.

A ocorrência de assédio é preocupante tanto no setor público quanto na iniciativa privada. Não por
acaso, é penalmente tipificado e deve ser, portanto, combatido. A matéria, todavia, com sua linguagem
tendenciosa, inclina os leitores a acreditar que esta Magistrada estaria denunciando colegas de sua
profissão, quando, na verdade, estava referindo-se, de forma genérica, a uma prática de que,
lamentavelmente, se têm notícias, nas mais diversas relações intersubjetivas, no Brasil e no mundo.
Como em toda violência de gênero, contudo, inexistem dados compreensivos, devido à complexidade
e às múltiplas facetas da questão. Os casos, inclusive, são apurados pelos órgãos competentes em
segredo de justiça.

Finalmente, a utilização do termo “teste do sofá”, da linguagem popular, no lugar da expressão mais
formal assédio, em ambiente profissional, talvez não tenha sido muito adequada, fato que ensejou
interpretação equivocada do que foi dito e seu uso indevido em matéria jornalística.
De qualquer forma, além dos dissabores pessoais com o ocorrido, é salutar registrar que esta
magistrada se ressente de qualquer desconforto ocasionado pela notícia em relação a terceiros.

O Judiciário não merece ser vítima de notícias tendenciosas, nem, tampouco, esta Magistrada. Não
há justificativas plausíveis para que, há mais de um ano do evento, a imagem desta Magistrada e
trechos do colóquio sejam selecionados, de forma descontextualizada e tendenciosa, para ferir a
imagem de indivíduos e carreiras. Como dito, a divulgação causa estranheza, sendo lamentável,
portanto.

PATRÍCIA CUNHA PAZ – JUÍZA DE DIREITO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE

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