Agência Brasil
Na empresa, Montenegro é taxativo: “famosos de 15 minutos não entram”. Para agenciar um novo talento, ele exige formação e disciplina. “Ator, para mim, que não estuda não é ator. Eu gosto de ator que tem preparo psíquico, cultural e físico. Uma inteligência emocional. Hoje, se o artista não tiver esse todo, ele não sobrevive. Os quinze minutos de fama podem surgir para todo mundo. O mais difícil não é nem entrar, é permanecer”, observa.
Muito do que Marcus Montenegro aprendeu e viveu em mais de 30 anos de trabalho no ambiente artístico estará na biografia Caçador de Talentos. O livro está sendo escrito por Arnaldo Bloch e será lançado em maio de 2020. A obra, segundo ele, apresentará uma visão completa do mercado, dos profissionais e vai homenagear grandes artistas. Tudo entrelaçado com a trajetória do empresário, que tem muita história para contar.
Na adolescência, Montenegro queria ser médico, mas não passou na universidade federal e resolveu dar uma virada no projeto de vida. Apaixonado pela arte, percebeu que era uma pessoa da comunicação.
Ainda na faculdade, começou a estagiar numa produtora de vídeo institucional. Aprendeu noções de câmera, edição, direção, produção e roteiro, identificando-se imediatamente com a produção. Com a ânsia de aprender mais, deixou de ter carteira de trabalho assinada para estagiar no programa ‘Pequenas Empresas, Grandes Negócios”, que está no ar até hoje.
Decidiu seguir a carreira de produtor teatral, com apenas 19 anos. “Era a minha alma, o meu desejo. Até que tive a felicidade, em 1990, de conhecer o Wolf Maia e nós montamos a Companhia do Lobo”, lembra. Logo fez sucesso e ganhou o Prêmio de Melhor Produtor do Ano com o musical Blue Jeans. Lançou artistas como Fábio Assunção, Maurício Mattar, Alexandre Frota. “Foi um estouro, no Brasil não havia essa tradição de fazer grandes musicais no teatro”.
Produziu outros musicais e conquistou mais premiações. Foi quando conheceu Nilson Raman, empresário da cantora Bibi Ferreira, que começou a agenciar artistas. A atriz Nathalia Timberg foi a primeira cliente. “Nathalia é madrinha do escritório e ela apostou a vida inteira em mim, como ninguém. Acabei de fazer a grande festa dos 90 anos dela com muito orgulho, né? Orgulho em todos os sentidos. Pela nossa grande história, pela nossa trajetória de amizade e por ela chegar aos 90 anos fazendo TV e teatro”.
Montenegro ainda encontra tempo para fazer eventos sociais e ajudar a Casa dos Artistas. Foi assim, por exemplo, que comemorou seus 50 anos, em fevereiro. Ele diz que a doação pode ser de objetos, de prestação de serviço, do que a pessoa puder oferecer. “Não dá para você cobrar tudo do Poder Público. Se todo mundo fizer um pouquinho, o mundo vai ser muito mais fácil de viver”, afirma.
Por Roseann Kennedy – Repórter da TV Brasil Brasília