Aracaju, 6 de maio de 2024
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Tambores da Shell achados no NE eram de empresas dos Emirados Árabes e Libéria

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Segundo matéria publicada pelo portal Terra, através de informações da agênia de notícias do Estado de São Paulo,  os tambores da companhia Shell encontrados no litoral do Nordeste, em meio ao derramamento de borra de petróleo em 2 mil quilômetros da costa brasileira, foram produzidos e comercializados por empresas do grupo Shell localizadas na Europa e no Oriente Médio. O governo ainda investiga se o material da empresa é o mesmo que polui 178 pontos da costa brasileira desde o fim de agosto.

O Estado obteve, com exclusividade, detalhes das informações repassadas pela companhia anglo-holandesa às autoridades brasileiras. No documento sigiloso, a Shell encaminha ao governo brasileiro dados de dois compradores dos produtos encontrados no Brasil. A primeira é a empresa Hamburg Trading House FZE, uma distribuidora baseada nos Emirados Árabes , que adquiriu 20 tambores do lote encontrado na costa brasileira. O segundo cliente é a empresa Super-Eco Tankers Management, baseada em Monrovia, na Libéria, na África Ocidental, que comprou cinco tambores do lote da Shell.

Segundo informações técnicas da Shell, a Super-Eco Tankers Management, que comprou cinco tambores, “potencialmente opera em águas brasileiras”. A distribuidora dos Emirados Árabes, na avaliação da empresa, é menos provável que passe pela costa do Brasil. A multinacional informa ainda, no documento, que a identificação do produto no tambor como “Argina S3-30” é produzido e comercializado em vários países. Foi por meio do código do tambor iniciado com o número “55”, que a empresa identificou que se trata de produtos produzidos na Europa e no Oriente Médio.

O lote de tambores, que tem data de 17 de fevereiro de 2019, foi produzido em Dubai pela Shell Markets. Depois, esses tambores foram comercializados por outra empresa do grupo, a Shell Eastern Trading (SET) no Porto dos Emirados Árabes. As informações foram enviadas à Shell Brasil por meio da SET.

No documento, a Shell informa que o primeiro tambor encontrado com a logomarca da empresa “não foi produzido ou comercializado pela Shell Brasil” e que se trata, efetivamente, de um “produto líquido límpido, de coloração âmbar”, diferente do que está invadindo o litoral do Nordeste.

No momento da venda dos lotes, afirma a empresa, houve “transferência de titularidade e custódia do produto e da sua embalagem pela SET ao cliente e ao distribuidor”. Por isso, alega a SET, empresa do grupo Sheel, que a informação encaminhada sobre detalhes dos lotes e seus compradores “não indica necessariamente que tais empresas (cliente e distribuidor) sejam proprietários ou possuidores dos tambores investigados”.

UFS detecta parentesco – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, visitou nesta quarta-feira áreas afetadas pelo vazamento de óleo no Nordeste em Bahia, Alagoas e Sergipe. Ele se reuniu com o professor Alberto Wisniewski, do Departamento de Química da Universidade Federal do Sergipe (UFS) e responsável pela análise do material encontrado nos barris da Shell e nas praias de Sergipe. “Ele (Wisniewski) explicou para nós que são fisicamente diferentes porque um está diluído, com contato com o mar, e o outro concentrado no barril, mas a fonte molecular é a mesma. O DNA é o mesmo”, afirmou Salles ao Estado. “O que está nos barris está em conformidade com o que está na costa”, disse.

Na avaliação do governo, a hipótese mais forte sobre a origem do crime ambiental, neste momento, é de “navio fantasma”, embarcação clandestina que faz o contrabando de petróleo. Análises da Petrobrás e da Marinha já apontaram a origem venezuelana do material encontrado nas praias. O governo Nicolás Maduro, porém, nega que o óleo seja do país vizinho.

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