Aracaju, 23 de abril de 2024
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Cirurgia para retirada de tumor cerebral com paciente acordado permite maior precisão

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Médico e paciente relatam experiência de procedimento realizado no Hospital Renascença

Mesmo com os inúmeros avanços tecnológicos, a realização de cirurgias no sistema nervoso central ainda provoca grandes temores, não só porque o evento cirúrgico em si leva o paciente à sensação de ausência de controle, mas também pela grande sensibilidade da área afetada, em que qualquer deslize pode gerar sequelas. Algumas técnicas já foram desenvolvidas pela medicina moderna visando à redução de riscos e perseguindo a preservação da integridade das funções cerebrais do paciente. Uma delas é o procedimento conhecido como “awake craniotomy” – craniotomia acordada, em tradução literal. Indicada para a remoção de lesões cerebrais próximas da área da fala, ela possibilita menos déficits pós-operatórios e melhor qualidade de vida para o paciente, conforme explica o Dr. Augusto Esmeraldo, neurocirurgião do Hospital Renascença.

Na unidade hospitalar localizada na capital sergipana, foi realizado um procedimento recente desse tipo, considerado pelo médico como grande avanço no tratamento dos tumores cerebrais. “A cirurgia acontece com o paciente consciente durante a maior parte do tempo cirúrgico. O paciente colabora com a equipe, conversando, respondendo a algumas perguntas, pra gente poder testar exatamente onde fica a área da linguagem dele, e retirar o tumor de forma que não cause nenhuma sequela. A retirada segura desse tumor demanda, portanto, que o paciente participe ativamente do ato cirúrgico, interagindo com a equipe. Não há como localizar a área da linguagem de forma precisa sem que o paciente esteja respondendo aos nossos estímulos”, explica o Dr. Augusto Esmeraldo.

A técnica cirúrgica em que o paciente permanece acordado durante o procedimento é indicada em casos onde a lesão está próxima de áreas motoras, sensitivas, da linguagem, ou envolvidas com a função cognitiva. A avaliação psicológica prévia é de fundamental importância para o sucesso do procedimento, pois é necessário avaliar e preparar o paciente, bem como registrar alterações cognitivas pré-operatórias que porventura já existam. No Hospital Renascença, a paciente Katlyn Andrade foi considerada apta ao procedimento. Ela, que após um desmaio no ônibus, descobriu um tumor cerebral, foi referenciada à equipe formada pelos Drs. Augusto Esmeraldo e Arthur Maynart.

“O médico falou da cirurgia acordada, fiquei com um pouco de medo, mas depois que pesquisei, o medo passou. Eu queria mesmo era ficar livre das convulsões, das crises e de uma sequência de tremores no braço. E foi um sucesso. A cirurgia durou em média 7 horas, eu passei a cirurgia acordada, não senti desconforto e até música teve. O médico mostrava um tablet com as imagens para eu falar, me mandava contar de 1 a 10, etc. Consegui manter a calma graças à equipe médica, e estava muito confiante neles. Me passaram tranquilidade”, conta Katlyn.

Após o procedimento, ela passou dois dias na UTI, mais três na enfermaria e recebeu alta. Segundo Katlyn, o pós-operatório também foi bastante tranquilo. “Sem dor e sem crises de convulsões. Com 15 dias, tirei os pontos. Fiquei muito satisfeita e recomendo a todos que precisarem passar por esse procedimento que confiem. Agradeço primeiramente a Deus, e a toda a equipe do Hospital Renascença, em especial aos médicos que me acompanharam nesse tempo: Dr. Augusto, Dr. Arthur, Dr. Franklin, Dr. York, Dr. Cícero e a psicóloga, Eveline”, afirmou a paciente.

A técnica começa com o paciente sob leve sedação, recebendo o suporte ventilatório através de um catéter de oxigênio. Após a abertura do crânio e exposição da área cerebral onde o tumor se encontra, o paciente é despertado, sem dor ou desconforto, e avaliado pelo neurofisiologista. Ele realiza testes motores e avaliação da linguagem, priorizando as funções associadas à área abordada cirurgicamente, com o intuito de mapear as áreas cerebrais para remover o tumor com segurança máxima, sem afetar as funções do cérebro.

O Dr. Augusto Esmeraldo destaca a importância da estrutura da unidade hospitalar, para que o procedimento seja realizado. “A cirurgia só foi possível graças à estrutura que o Hospital Renascença nos possibilitou. Um centro cirúrgico dotado de todos os equipamentos necessários, e a realização de avaliação pré-operatória desse paciente com psicólogos e médico neurofisiologista. Ficamos muito satisfeitos com os resultados”, concluiu.

Por Rebecca Melo

Foto assessoria

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