Aracaju, 14 de julho de 2025
Search

Feminicídio e estupro podem se tornar imprescritíveis, diz senador

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza reunião deliberativa com 36 itens. Entre eles, a PEC 10/2019, que trata de retenção do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) pela União. 

Bancada:
senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE); 
senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR).

Foto: Pedro França/Agência Senado

Os crimes de feminicídio e estupro poderão se tornar imprescritíveis, assim como já acontece com o crime de racismo. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou Proposta de Emenda Constitucional, com relatoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), modificando o inciso 42 do artigo 5º da Constituição. O texto original tratava do feminicídio entre os crimes imprescritíveis, mas o estupro foi incluído por sugestão da presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS), que relatou projeto nesse sentido aprovado no Senado e tramitando na Câmara. O projeto, de autoria da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), agora segue para votação no plenário.

“A impunidade é o maior mal desse país, e para isso colabora a prescrição de crimes dessa gravidade”, afirmou o senador Alessandro. “Precisamos comunicar aos agressores que a violência contra a mulher, que cresce a cada ano, não é admissível e será severamente punida pela ação estatal. Precisamos de uma sociedade que avance e deixe de lado o machismo arraigado e que garanta às mulheres o devido respeito”, completou.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o Brasil ocupa um desonroso quinto lugar na taxa de feminicídios entre 84 nações pesquisadas. Já o Mapa da Violência de 2015 aponta 106.093 mortes de mulheres por violência doméstica ou discriminação de gênero entre os anos 1980 e 2013.

O feminicídio entrou para o Código Penal em 2015 como um qualificador do crime de homicídio, no rol dos crimes hediondos. Já existe agravante se o crime for cometido contra menores de 14 anos, maiores de 60 anos ou com deficiência. A pena também é agravada quando o crime ocorrer durante a fase de gestação ou nos três meses posteriores ao parto, e na presença de descendente ou de ascendente da vítima.

Já dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que o Brasil nunca teve tantos casos de estupro quanto em 2018, com recorde de 66.041 registros — um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Por dia, 180 pessoas foram violentadas no país.

Segundo o Anuário, 81,8% das vítimas são do sexo feminino, e 18,2%, masculino. Nada menos que 63,8% dos estupros reportados à polícia no Brasil foram cometidos contra vulneráveis – casos em que a vítima tem menos de 14 anos e é considerada juridicamente incapaz de consentir uma relação sexual; ou ainda em que o abusado não consegue oferecer resistência, seja por deficiência, enfermidade ou por estar sob o efeito de drogas. O ápice da violência sexual ocorre aos 13 anos entre meninas. Para os meninos, a maior concentração de registros é por volta dos sete anos. O levantamento mostra ainda que 75,9% dos agressores são conhecidos das vítimas. Do total de estupros reportados, 93,2% tiveram autoria única e 6,8% foram cometidos por mais de um abusador. Os homens são maioria (96,3%) entre os autores.

Assessoria senador Alessandro Vieira

Leia também