Ao participar hoje (21), de sessão especial, em homenagem à canonização de Irmã Dulce, batizada de Santa Dulce dos Pobres, a senadora Maria do Carmo Alves (DEM) revelou que tem refletido muito sobre o exemplo de fé que Santa Dulce dos Pobres deixou. “Através de sua história de vida vejo que a fé, tal qual a que percebíamos nela, exige uma entrega absoluta, uma confiança inquebrantável em Deus, assim como em Santo Antônio, de quem era extremamente devota”, disse.
Em pronunciamento no Senado Federal, Maria destacou que a fé que Santa Dulce professava “era tão ingênua quanto o olhar de menina que conservou até o fim da vida. Era uma fé que passava além de qualquer tipo de razão, uma fé de quem sabia confiar e esperar”, confessou Maria, de forma emocionada.
A senadora, também, destacou a ligação da então freira com o Estado de Sergipe e, consequentemente, com os sergipanos. “É uma ligação especial com a Santa Dulce”, disse, lembrando que ela começou seu noviciado em São Cristóvão, primeira capital de Sergipe e quarta cidade mais antiga do Brasil. “No Convento Nossa Senhora do Carmo, Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes iniciou sua missão de fé, tornando-se freira, ainda no começo da década de 1930, pela Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus”, contou.
Maria ressaltou que a irmã Dulce “nos deu a grande alegria de promover em terras sergipanas o seu primeiro milagre reconhecido pelo Vaticano, livrando da morte Claudia Cristiane Santos, que estava desenganada por uma hemorragia pós-parto, na cidade de Itabaiana”. Maria fez questão de registrar a supremacia religiosa de Santa Dulce, “cujo amor e caridade não olhavam credos nem religiões, sendo hoje venerada e querida por todos, independentemente da crença professada”.
História
Em seu pronunciamento, a senadora democrata relatou um trecho da história de Santa Dulce que, fundou em 1936, com os operários Ramiro Mendonça, Nicanor Santana, Jorge Machado e o Frei Hildebrando, a União Operária São Francisco, primeira organização operária católica da Bahia, que viria a se transformar no Círculo Operário. Em 1939, inaugurou o Colégio Santo Antônio, uma escola comunitária destinada aos operários e aos filhos de operários.
Dez anos depois, por força das circunstâncias, deu início a um serviço de atendimento de saúde, num tempo em que ainda não existia o Sistema Único de Saúde (SUS), ocupando um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio de Salvador, para acolher 70 doentes.
“Esse ato resultou em um dos maiores hospitais de Salvador, onde várias especialidades médicas atuam voluntariamente e onde ela própria cuidava dos enfermos, não deixando que lhes faltassem o tratamento e os medicamentos adequados, além do carinho especial que lhes destinava, curando-lhes também a alma, num resgate da dignidade humana”, salientou Maria do Carmo.
Em 1959, com obrigações financeiras que assustavam e que iam muito além das que praticavam sua congregação, foi instalada oficialmente as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) e, inaugurado, já no ano seguinte, o Albergue Santo Antônio.
“Quisera ela ter pensado nas dificuldades de realização das coisas, e nada teria feito. Só mesmo na entrega, na confiança de que seria atendida, de que Deus estava com ela olhando por seus filhos vulneráveis, que pôde realizar tão grande feito. E o dinheiro para manter suas obras aparecia, como um milagre. E como um grande milagre, perdura ainda hoje, dando sustentação às suas obras”, disse.
Ao destacar que teria muitas outras considerações a fazer sobre a vida e a obra de Santa Dulce, mas se limitaria “a agradecer a Deus por esse exemplo de amor e de exercício da fé, tão vivos para todos nós brasileiros, concluindo com afeto: rogai por nós, Santa Dulce dos Pobres”, primeira santa da Igreja Católica nascida no Brasil, canonizada, no mês passado, pelo Papa Francisco, em importante solenidade no Vaticano.
“Mais do que orgulho, tê-la como santa nos deixa um exemplo muito próximo de bondade, de amor e de caridade, como nunca tivemos a oportunidade de ter, pois nos chega de alguém que viveu esses tempos em que vivemos e que se santificou com obras que poderiam estar sendo desenvolvidas por qualquer um de nós. Digo qualquer um de nós, mas tenho que reverenciar todo o diferencial de sua vida, o supremo amor que tinha a Deus, a quem via nos pobres, e, principalmente, a grande fé que lhe habitava a alma”, finalizou Maria do Carmo.
Fonte e foto assessoria