Só mesmo um bom projeto, e por um curto período, para tirar Rafael Vitti de casa e fazê-lo desgrudar da pequena Clara Maria, que completou um mês de vida dia 23/11. Sua filha com Tatá Werneck tem tomado todo o tempo do mais novo papai da praça – e com muito gosto -, mas o convite para gravar uma participação na série original do Globoplay, As Five, foi irrecusável. No spin-off de Malhação – Viva a Diferença, Keyla (Gabriela Medvedovski), Tina (Ana Hikari), Benê (Daphne Bozaski), Ellen (Heslaine Vieira) e Lica (Manoela Aliperti) voltam sete anos após o fim da novela.
“Estou vivendo a paternidade intensamente, mas quando veio o convite para fazer a série achei superlegal porque uma participação não exige tanto quanto uma novela. Se fosse isso, realmente teria que declinar porque estou nesse momento com minha filha.”Em 2014, Rafa fez seu primeiro papel em Malhação Sonhos. A forte ligação com a trama, que o projetou na carreira artística, fez com que ele abrisse uma exceção para voltar, brevemente, ao trabalho.
“A temporada delas foi incrível. Tenho um carinho imenso pela novela e gratidão por tudo o que colhi a partir desse trabalho. Então, tudo encaixou bem com o momento que estou vivendo, principalmente a questão do tempo porque não estou dormindo direito. Amo trabalhar, gravar. Estar nos Estúdios é como se fosse minha faculdade, é quando interajo com a galera. Estou muito feliz”, diz o ator.
Durante um dos intervalos de gravação, nos bastidores, Rafa bateu um papo com o Gshow sobre paternidade, casamento e a primeira tatuagem que fez em homenagem à filha. Ao contrário de seu novo personagem, Ariel, que tem vários desenhos espalhados pelo corpo, mais piercing, brinco…
“Ele é muito diferente de mim. Fiz a primeira tatuagem só agora, aos 24 anos, que é o pezinho da minha filha. Não gosto de usar brinco, pulseira, nada, porque sinto que é um peso no meu corpo. Minha orelha é furada desde os 10 anos. Mas para me sentir no personagem fiz esse trabalho de composição.”
Casamento
Essa inquietação com acessórios vale também para a aliança. Rafa e Tatá se casaram na reta final da gravidez, de um jeito nada convencional, e cercados de amor, com ela sentada no sofá de casa e a roupa do corpo, mais dois amigos, Gabriel Louchard e Natalia Paes, como padrinhos. Simples assim…
“Não uso aliança. A gente tem, mas estão guardadas. Essa é minha forma de me relacionar com meu corpo, não gosto de carregar coisas. E essa ideia de ficar com anel no dedo obrigatoriamente… Temos nossos símbolos para isso.”
“A gente é assim, sem guéri-guéri. Queríamos oficializar, a Tatá ainda estava grávida e só convidamos o Gabriel e a Nat, que é um casal querido de amigos que nos apresentou, para serem testemunhas. Chamamos um rapaz do cartório, e foi do jeito que está na foto (risos): a Tatá no sofá, sentadinha, eu sem tênis e de bermuda.”
“É o mesmo papo da aliança. Não tiro o valor porque tem muita gente que quer viver isso, e tem que respeitar a vontade de cada um. Só que nós optamos por um momento mais íntimo, de gestação. Mas quem sabe a gente não faz uma festa para comemorar, um casamento mais tradicional? Por enquanto, oficializamos assim e foi importante.”
Paternidade
Rafa não pontua um momento marcante dessa nova fase. Diz que desde o dia em que Tatá contou que estava grávida, mudanças começaram a acontecer e que será sempre assim:
“É difícil dizer com palavras o que é ter um filho, a pessoa só entende quando tem. É um amor enorme, uma alegria poder cuidar. Agradeço muito toda a estrutura familiar que temos, os pais da Tatá, os meus, meu irmão, o dela, é muito legal ter essa rede. É uma experiência transformadora mesmo, difícil descrever.”
O artista lembra o dia em que viu Clara pela primeira vez. De tão extasiado, revela que precisou conter a emoção e gritaria na maternidade: “Foi tanta adrenalina, eu estava muito emocionado, em choque, quase passando do ponto, quando me dei conta de que estava na sala de cirurgia gritando: ‘Ela é lindaaa, lindaaa’. Estava exagerado mesmo (risos). Mas é uma sensação que transborda. Eu vi tudo, cortei o cordão umbilical, foi bem especial.”
A reação dele, de cara, foi querer cercar a pequena de todo cuidado: “Ainda na maternidade, mesmo com as enfermeiras maravilhosas, eu dizia: ‘É minha filha, deixa que eu quero fazer’”.
“Nos quatro primeiros dias, peguei para mim essa responsabilidade por mais que eu estivesse com medo, porque sabia que era importante para começar meu vínculo, a me conectar com a Clara, para ela me reconhecer como pai. O afeto se constrói a partir do olho no olho, de mostrar as coisas. Amo mostrar tudo para ela. Fico na janela, dizendo: ‘Olha o céu, filha!’. Converso mesmo.”
Rafa acha importante não romantizar o pós-parto. Adaptar-se a um bebê e criar uma rotina saudável não são tarefas fáceis.
“Amamentação parece simples, mas não é. Existem vários fatores que precisam se encaixar para dar certo, como por exemplo, um bebê que às vezes é mais preguiçoso. Mas esse não é o caso da Clara, ela é esfomeada, suga tudo (risos). São desafios que pouca gente fala porque fica mais no lado do amor, mas eles existem, sim. É uma entrega muito grande”, frisa o marido de Tatá.
Mais adaptado, ele aprendeu que é preciso aceitar ajuda também: “A gente tem que ter sabedoria de saber a hora de descansar, entregar um pouco para a avó, sabe? De maneira geral, tudo me surpreendeu, porque eu tinha outra ideia de como seria. Meu lema hoje é cada dia um dia. Consciente de que vou aprender tudo, que é muita novidade, desde a posição que ela prefere arrotar, até como gosta de dormir… Minha viagem com a Clara é essa, fico ali percebendo, observando e babando muito.”
Ciente de que não existe essa de pai ajudar, Rafa frisa que seu lugar é de parceria, de obrigação e que pai é tão responsável pelo filho quanto a mãe:
“Estamos passando por isso juntos e as mulheres ficam com a parte mais desgastante, que é a gestação. E a nossa não foi fácil. Penso que a Tatá estando bem, minha filha está também e vice-versa. Não é só físico, é emocional. Precisa mesmo de uma benevolência do outro lado, de parceria. E quando o bebê nasce, no nosso caso que foi cesárea, a recuperação ainda é mais delicada. Como pai, procuro fazer todas as funções que precisam ser feitas.”
“Não passa pela minha cabeça não cuidar da minha filha e da minha esposa. O que tenho para fazer de mais importante do que isso? Para mim, é muito natural. Não vejo outro caminho, se não criar e cuidar junto.”
No primeiro mês de vida de Clara, o ator já se tocou de que o tempo voa, as fases passam e nada volta. Por isso, cada segundo dedicado à pequena é valorizado:
“É o que mais ouço: ‘Passa rápido, aproveita’. E é mesmo o que eu penso. Quando estou com muito sono, lembro que daqui a pouco ela nem vai mais querer vir no meu colo, então fico acordado. Posso dormir outra hora. Lembrando que não estou trabalhando e que a gente tem ajuda. Sei que isso não é a realidade da maioria das pessoas. Não dá para romantizar. Esgota, dá medo mesmo, são diversos sentimentos, mas penso que tenho que bancar as escolhas que fiz na vida. Não quero ficar me culpando depois por não ter trocado as fraldas da minha filha”.
Fonte/Foto: globo.com