Aracaju, 5 de julho de 2025
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Psicologia pode assegurar tranquilidade após pandemia

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Controlar a ansiedade é fundamental para um bom retorno ao trabalho presencial

Há um grande medo entre a população com relação a volta ao trabalho em tempos de pandemia. Muitas pessoas relatam o temor de contrair Covid-19 com a reabertura do comércio, por exemplo. Essa situação não preocupa tanto os que podem se manter em isolamento social, nesse momento, mas quando todos retomarem as atividades presenciais, o que provavelmente ocorrerá ainda com a pandemia presente, é preciso manter o corpo e a mente sãos.

“Sentimentos como medo e ansiedade são comuns a todas as pessoas como forma de proteção e autopreservação, principalmente quando entram em contato com alguma situação considerada perigosa. O medo faz com que nos afastemos. No entanto, esse processo também pode ser prejudicial, porque podemos entender algo como perigoso e apresentar um comportamento exagerado. Um exemplo disso, pode ser o de uma pessoa que tem medo de não dar conta de trabalhos e, por isso, nunca aceitar boas propostas. Talvez se ela aceitasse, tivesse sucesso”, exemplifica o psicoterapeuta e professor da UNINASSAU – Centro Universitário Mauricio de Nassau Aracaju, Diego Cardoso.

Ele observa que algumas pessoas podem ter pensamentos exagerados relacionados ao contágio pela doença. “Muitos acham que se forem contaminados pelo vírus não sobreviverão e, por isso, sentem um medo intenso. É importante notar que, apesar da situação delicada que vivemos, a maior parte da população não tem fortes sintomas e apenas uma pequena parte precisa ir para hospitais para tratamento (menos de 10% dos infectados). A ansiedade e o medo sempre estarão presentes, mas eles devem estar de acordo com a realidade”, orienta o psicólogo.

Diego atenta que, muitas vezes, nossos pensamentos são carregados emocionalmente, e, assim, não conseguimos enxergar as coisas como elas são. Por isso, ele indica aprender estratégias de meditação para ajudar a controlar essas emoções, permitindo enxergar o mundo de forma mais racional e apresentar um comportamento mais adequado. “Meu pai me ensinou na infância que o notificado na TV é, muitas vezes, a exceção. Apesar de nosso país ter uma taxa exorbitante de crimes, é uma parte mínima da população que os sofrem, e o mesmo acontece com a Covid-19”, sinaliza o professor.

Ele ressalta que a maioria das pessoas só observa o alto número de pessoas em estado grave, esquecendo de ver os milhares de outras pessoas que tiveram a doença e apresentaram sintomas mínimos ou moderados. “Sair de casa não significa ficar doente. Depois de tanto tempo em quarentena, recebendo muitas informações sobre os riscos da pandemia, pode surgir um medo exagerado de sair de casa em qualquer circunstância. Apesar disso, precisamos manter o isolamento e, em algum momento, nossa situação vai melhorar. Quando os governos começarem a afrouxar a quarentena, eles deverão fazê-lo de forma gradual, monitorando a saúde da população e tentando tornar essa flexibilização a mais segura possível”, observa Diego.

Seguros – Ele ressalta que há uma graduação em relação ao perigo de contágio, lembrando que lugares ao ar livre ou com forte ventilação natural tendem a ser mais seguros, assim como locais em que não seja necessário o contato próximo das pessoas. “Tomando os devidos cuidados, será possível minimizar o contágio. Caso o trabalho possa ser feito em casa ou em algum lugar com ventilação alta, é possível diminuir o medo. É possível não contrair esta doença. Mas é preciso reforçar os hábitos de limpeza e usar máscara em todos os momentos”, orienta o professor.

Diego explica que, embora emoções sejam processos psicológicos, é preciso lembrar que elas fazem parte do corpo. As pessoas com transtorno de pânico e hipocondríacos tendem a se sentir doentes e podem até sentir os sintomas da Covid-19, mesmo sem estar infectadas. “Para essas pessoas, o afrouxamento do isolamento pode representar um medo ainda maior. Destaco também pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo, especialmente se há uma mania de limpeza. Nesses casos, a recomendação é a mesma para qualquer outra pessoa que apresente sintomas de ansiedade, buscar ajuda profissional, que, nesse momento, pode ser online”, conclui o psicólogo.

Foto assessoria
Por Suzy Guimarães

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