Aracaju, 14 de maio de 2024
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Jovens são maioria na busca pelo Serviço de Apoio Psicológico ofertado pela PMA

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Há pouco mais de um mês, a Prefeitura de Aracaju passou a ofertar, de forma remota, o Serviço de Apoio Psicológico, coordenado pela Rede de Atenção Psicossocial (Reap), da Secretaria Municipal da Saúde. Somente na última semana, mais de 400 pessoas recorreram ao serviço e a maioria dos que procuram o atendimento está na faixa etária de 21 a 40 anos. Entre os principais motivos que levam à busca pelo serviço, a ansiedade devido ao isolamento social apresenta o maior percentual.

As medidas de isolamento e distanciamento social vigoram em Aracaju desde meados de março. Além das próprias questões clínicas decorrentes da covid-19, a população ainda precisa lidar com a manutenção da saúde mental, no momento em que as relações presenciais estão limitadas e o cenário da própria doença em si provoca oscilações de humor e perspectivas.

Foi justamente para dar suporte às pessoas nesses tempos difíceis que a Prefeitura passou a ofertar o serviço remoto de apoio psicológico. Para isso, 34 psicólogos se dividem em turnos, de segunda a sábado e também feriados, das 8h às 20h, para atender à população.

“Existe, inclusive, uma recomendação da OMS [Organização Mundial da Saúde] para que, em épocas de crise sanitária ou pandemias, possamos oferecer algum tipo de serviço ou apoio psicológico porque é muito comum que as pessoas passem a desenvolver alguns traumas, medos, ansiedade. Então, precisamos cuidar desses efeitos colaterais. A equipe de psicólogos está a postos para prestar esse acolhimento”, afirma a apoiadora institucional da Reaps, que supervisiona e monitora o Serviço de Apoio Psicológico, Mairla Protázio.

De acordo com o boletim da última semana, entre os motivos que levam as pessoas a recorrer ao serviço ansiedade devido ao isolamento social (24,6%), medo (16,6%) e sono irregular (15,1%) são os principais. O serviço registrou outras motivações, como preocupação com outra pessoa, alteração no apetite, conflitos familiares, angústia e sintomas depressivos.

Na última semana, dos mais de 400 atendimentos , 77,5% foram realizados a pessoas do feminino e, no geral, são as pessoas mais jovens que mais recorrem ao serviço, sendo que, a faixa etária dos 30 aos 41 anos aparece na primeira colocação, seguida das pessoas com idades entre 51 e 60 anos, e as que estão na faixa etária dos 21 aos 30 anos.

Para a coordenadora da Reap, Chenya Coutinho, no geral, esse quadro que envolve os mais jovens pode estar relacionado à pressão por produtividade. “Cada caso é um caso porque, emocionalmente, a pandemia a afeta a todos, mas afeta de formas singulares. De maneira geral, afeta mais essas pessoas jovens porque elas estão em idade produtiva. Vivemos numa sociedade do ‘eu preciso produzir’ e na hora em que se está em casa, a pessoa se cobra porque ‘tem que estar apresentando resultados’, ‘tem que se manter trabalhando’”, ressalta Chenya.

Segundo ela, muito se fala muito em ócio improdutivo, sem o devido questionamento sobre isso. Qual o sentido que a gente dá para esse contexto? Quando se diz ‘não posso sair’, ‘estou preso em casa’, traz um peso, uma limitação, uma sensação de impotência. Mas, na hora em que se diz ‘eu estou escolhendo não sair de casa para proteger a mim e aos meus’, traz escolha e remete à nossa responsabilidade diante de tudo isso. Então, é provável que esteja relacionado a essa fase produtiva e ao pseudo ócio improdutivo”, diz.

Ainda de acordo com a coordenadora, o serviço de apoio psicológico se faz imprescindível porque a pandemia é uma questão de saúde de maneira integral. “É a sua saúde física, mas é a sua saúde mental também em jogo. Cuidar da saúde é tão essencial quanto você cuidar e se prevenir contra a covid. Neste momento, em que vivemos uma situação de pandemia, de crise na saúde coletiva, oferecer um serviço gratuito, remotamente, respeitando as orientações de ficar em casa e, ainda assim, levar esse cuidado para dentro da casa das pessoas é garantir um cuidado integral. Por isso, recomendamos às pessoas que procurem o serviço e se cuidem em todos os aspectos”, frisa Chenya.

Para ter acesso ao serviço, basta ligar para o número 3304-3599.
Foto: Marcelle Cristinne

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