Aracaju, 11 de julho de 2025
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EM REUNIÃO MINISTERIAL, BOLSONARO RELATA COMO AGIU NO IPHAN

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O presidente Jair Bolsonaro relatou na reunião ministerial de 22 de abril como agiu no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) após ter recebido uma queixa de um empresário que o apoia. A queixa se referia ao embargo de uma obra no Rio Grande do Sul.

“E assim nós devemos agir, como tava discutindo agora. O Iphan, não é? Tá la vinculado à Cultura. Eu fiz a cagada em escolher, nu … não escolher uma, uma pessoa que tivesse o … também um outro perfil. E uma excelente pessoa que tá lá, tá? Mas tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder”, afirmou o presidente.

No dia 11 de maio, 21 dias depois da reunião ministerial em que Bolsonaro criticou a atuação do Iphan, o governo nomeou Larissa Peixoto para a presidência do órgão. Ela é servidora do Ministério do Turismo há 11 anos.

O cargo estava vago desde dezembro. Quem estava na função, de forma interina, era um servidor de carreira do órgão.

Em nota, a Sociedade de Arqueologia Brasileira declarou que acompanhou com “perplexidade” as manifestações do presidente da república. E que Bolsonaro demonstrou “total falta de conhecimento” dos processos e “nenhuma” preocupação com as heranças culturais deixadas por diversas sociedades que habitaram o país.

Em nota, a Sociedade de Arqueologia Brasileira declarou que acompanhou com “perplexidade” as manifestações do presidente da república. E que Bolsonaro demonstrou “total falta de conhecimento” dos processos e “nenhuma” preocupação com as heranças culturais deixadas por diversas sociedades que habitaram o país.

Gravação

A gravação do encontro foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) como parte do inquérito que investiga suposta tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

A reunião entre Bolsonaro e ministros foi citada pelo ex-ministro Sergio Moro, que diz ter sofrido pressão do presidente, nesse compromisso oficial, para trocar ocupantes de cargos de direção na PF.

O sigilo “pontual e temporário” determinado pelo ministro Celso de Mello sobre o vídeo da reunião foi retirado nesta quinta-feira.

O processo tramita sem cláusula de sigilo, mas o vídeo da reunião foi mantido com acesso restrito porque, na visão do governo, o encontro tratou de temas sensíveis à segurança nacional e à relação do Brasil com outros países.

A reunião ministerial

A reunião ministerial citada por Moro aconteceu em 22 de abril. Além do presidente Bolsonaro, estavam presentes o vice, Hamilton Mourão, Moro e outros ministros. Ao todo, 25 autoridades participaram do encontro.

No encontro, Bolsonaro reclamou da falta de informações da Polícia Federal e afirmou que iria “interferir”. A declaração, no entanto, não deixa claro como ele faria isso.

Cronologia

  • 24 de abril, manhã: Sergio Moro se demite do cargo de Ministro da Justiça, e diz que Jair Bolsonaro interferiu na PF ao demitir o então diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo, e insistir na troca do comando da PF no Rio de Janeiro.
  • 24 de abril, tarde: Jair Bolsonaro faz pronunciamento cercado pela maioria de seus ministros e diz que Moro propôs aceitar demissão de diretor da PF se fosse indicado ministro do STF. O presidente nega interferência mas diz que pedia a Moro, e nunca obteve, um relatório diário das atividades da PF para poder tomar decisões de governo.
  • 24 de abril, noite: Jornal Nacional revela parte das mensagens trocadas entre o ex-ministro e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), em que ela tentava convencer Moro a permanecer no cargo.
  • 24 de abril: Procurador-geral da República, Augusto Aras, solicita abertura de inquérito para apurar declarações de Moro.
  • 27 de abril: Celso de Mello autoriza inquérito no STF para apurar declarações de Moro com acusações a Bolsonaro.
  • 2 de maio: Ex-ministro Sergio Moro presta depoimento de mais de 8 horas na sede da PF em Curitiba.
  • 6 de maio: Celso de Mello determina que vídeo seja entregue pelo governo em 72 horas.
  • 6 de maio: AGU vai ao STF para tentar rever decisão que mandou entregar vídeo de reunião citada por Moro.
  • 9 de maio: PGR pede acesso à integra do vídeo de reunião entre Bolsonaro e Moro.
  • 14 de maio: Divulgada a íntegra da troca de mensagens entre Moro e Zambelli; deputada diz a Moro que Bolsonaro ‘vai cair se o sr. sair’.
  • 14 de maio: AGU pede ao STF que libere somente as falas do presidente Jair Bolsonaro; defesa de Moro alega que a petição omite trechos relevantes para a compreensão correta da fala do presidente, e reforça pedido para publicar vídeo na íntegra.
  • 15 de maio: Jair Bolsonaro admite, pela primeira vez, que citou a PF no vídeo da reunião ministerial e confirmou que a transcrição da Advocacia-Geral da União está correta.
  • 19 de maio: Celso de Mello assiste à íntegra do vídeo da reunião ministerial.

Por Jornal Hoje e G1

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