A Empresa dos Correios quer cortar 70 cláusulas do Acordo Coletivo dos trabalhadores deixando a categoria praticamente sem direitos. A proposta foi apresentada às lideranças sindicais durante reunião online que aconteceu na terça-feira (14/7).
Após a reunião, as representações sindicais organizaram uma live que contou com a presença de mais de 350 trabalhadores dos Correios de todo o Brasil. No debate, todos foram unânimes ao avaliar que a proposta da empresa dos Correios é inaceitável.
Secretário geral do SINTECT/SE (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios) e secretário de Cultura da CUT/SE (Central Única dos Trabalhadores), Jean Marcel explicou que o último acordo tinha vigência de 2 anos, conforme foi mediado pelo TST em 2019, quando houve dissídio e greve. No entanto, a empresa pediu intervenção do STF e, através de uma decisão do ministro Dias Toffoly, a discussão do acordo coletivo dos trabalhadores dos Correios foi retomada.
“Não concordamos, se houver algum avanço no sentido da liminar ser suspensa, vamos terminar a negociação. A manutenção do acordo coletivo foi a principal conquista da dura negociação travada em 2019. Estamos pagando mensalidade mais cara no nosso plano de saúde e fomos prejudicados por esta canetada de Dias Tofolly que, forma antidemocrática e política, interferiu em algo que foge às suas atribuições como ministro do Supremo. Não tem sentido que ele altere o que foi negociado e mediado entre a empresa, os trabalhadores dos Correios e com mediação do TST. Se o STF mantiver a liminar de Toffoly, nosso acordo coletivo termina sua vigência em 1º de agosto”, explicou o dirigente sindical Jean Marcel.
Proposta Inaceitável
O acordo coletivo em vigência possui 79 cláusulas, o objetivo da empresa é eliminar 70 cláusulas que representam direitos e garantias dos trabalhadores dos Correios.
“O que a empresa dos Correios faz é se alinhar à política genocida de Bolsonaro ao colocar os trabalhadores na linha de frente de exposição à Covid-19, tentar retirar todos os direitos e mentir dizendo que a empresa está no vermelho, quando sabemos que os Correios tem lucrado bastante com o isolamento social. Inclusive com a pandemia, uma das poucas empresas que cresceu fora dos segmentos da saúde foi a dos Correios, que está fazendo muitas entregas. E infelizmente nossos trabalhadores estão morrendo e adoecendo”, alertou Jean Marcel.
Para o dirigente sindical, a defesa do acordo coletivo é apenas uma batalha na ‘guerra contra a privatização’ que é o objetivo principal do governo Bolsonaro. “Vamos lutar para garantir nossos direitos. Se não conseguirmos derrubar esta liminar do Toffoly e caso a empresa também não apresente uma proposta viável, vai ter greve, vai ter luta. Sabemos que eles querem tirar nossos direitos e diminuir o número de trabalhadores para privatizar os Correios. Por isso, mais uma vez e sempre que for preciso vamos lutar pelos nossos direitos e contra a privatização dos Correios”, demarcou Jean Marcel.
Segundo Jean Marcel, ainda nesta semana os sindicatos vão divulgar a data da assembleia geral e a agenda de mobilização completa.
Por: Iracema Corso