Aracaju, 23 de abril de 2024
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PMA conclui realocação de cerca de 1050 famílias da ocupação das Mangabeiras

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Após cinco dias, a Prefeitura de Aracaju concluiu, nesta sexta-feira, 24, a operação de realocação de cerca 1050 famílias da Ocupação das Mangabeiras, no bairro 17 de Março. Entretanto, todo o processo, desde a identificação, registro e retirada das famílias começou em abril de 2019, quando as equipes da Secretaria Municipal da Assistência Social iniciaram os trabalhos para inserir um projeto que, mais do que atender às necessidades, pudesse, de fato, promover a mudança de vida e perspectivas da comunidade.

“Hoje terminamos a primeira fase dos trabalhos em busca desse grande sonho. Retiramos todas as famílias que moravam aqui e as realocamos em casas alugadas. Elas permanecerão no aluguel social pelo próximos dois anos e após a construção do complexo residencial voltarão para cá para viver em um novo lugar, com toda a dignidade que merecem. Além das 840 famílias que já estavam cadastradas, também encaminhamos outras 172 que chegaram após o cadastramento para o aluguel social, mostrando o amor e carinho que temos pela população”, comemorou o prefeito Edvaldo Nogueira.

Segundo o gestor municipal, os moradores da ocupação eram pessoas que viviam na lama, em situações difíceis, as quais deixam o local para viver com segurança. “Estou muito emocionado com todo o trabalho que foi realizado nos últimos dias. Por isso, fiz questão de vir agradecer pessoalmente aos profissionais envolvidos na operação. Se não fosse por eles, nada disso teria acontecido. Agradeço a equipe da Assistência Social que atuou no cadastramento, indo de porta em porta, as equipes da Emurb e Emsurb que realizaram as mudanças dos moradores e retirada dos barracos, as equipes da Guarda Municipal e Defesa Civil, que garantiram a segurança de toda a ação, enfim, agradeço a todos os servidores que trabalharam com afinco para melhorar a vida das pessoas”, afirmou o prefeito.

Entender a realidade das pessoas que viviam na ocupação foi passo essencial para a inserção de todo e qualquer projeto, e era visível que a rotina dessas famílias estava longe de ser a ideal. Surgida no ano de 2014, a ocupação era ambiente insalubre, carregado de dificuldades em diversos aspectos. A gestão municipal compreendeu que a única solução possível para transformar essa realidade era retirar as famílias desse ambiente insustentável.

Assim, após o trabalho minucioso de cadastro das famílias, realizado em abril do ano passado, e a conquista, junto à Caixa Econômica Federal (CEF), do contrato para a construção e infraestrutura das 1.102 casas do novo complexo habitacional na localidade, batizado de “Irmã Dulce dos Pobres”, enfim, a realocação aconteceu, munida de todos os aparatos sociais e assistenciais para garantir às famílias o acolhimento necessário.

Ao longo desta semana, 300 profissionais de diversos órgãos e secretarias da Prefeitura estiveram envolvidos na operação. “A logística acontece desde 2019, no momento em que adentramos a ocupação para entender a realidade dessas famílias. Todo o processo começou a ser montado ali, fazendo cruzamento de dados para chegar aos beneficiados pelo projeto. Na operação de retiradas das famílias, estão envolvidos diversos profissionais, assistentes sociais, psicólogos, educadores sociais. Com base num mapa da área, esses profissionais foram de barraco em barraco, conversaram com cada família e, somente depois das orientações, se deu a mudança das pessoas para o endereço da residência onde ficarão até o complexo habitacional ficar pronto. Nesse momento, as principais necessidades das famílias foram atendidas para garantir o máximo de conforto possível”, explica a secretária municipal da Assistência Social, Simone Passos.

Na operação de realocação, cerca de 1050 famílias foram retiradas do local, entre as que já faziam parte do cadastro e outras que chegaram depois.

“Na ocasião do cadastro, identificamos 836 famílias morando nos barracos. Após esse período, continuamos monitorando a área através de drones. A partir do início do mês de junho deste ano, identificamos que o número de barracos aumentou, quando da notificação para que as famílias pudessem se dirigir ao Cras para fazer os contratos de aluguel. Observamos que havia 214 famílias a mais, sendo que, destas, somente 170 realmente tinham barracos na ocupação, já o restante tinha residência fixa. Assim, com as novas 170 famílias, realizamos o cadastro para o auxílio moradia. Agora, além das que irão receber a casa, as demais também saíram da localidade para uma residência mais digna até que possamos incluí-las em projetos futuros de moradia”, esclarece a diretora de Gestão Social da Habitação da Secretaria Municipal da Assistência Social, Rosária Rabelo.

Até a conclusão da obra do complexo habitacional, a Prefeitura vai investir quase R$8 milhões, em recursos próprios, para o auxílio moradia destinado às famílias. De acordo com a diretora de Habitação, diante do cenário, é natural que existam alguns movimentos, mas, a gestão não fechou os olhos para isso.

“É fato que existe um grande déficit habitacional e, infelizmente, isso ocorre em todo o país, mas, sabemos que a solução não é fingir que não existe. É natural que surjam movimentos porque existe a necessidade das famílias por moradia, mas esse é um projeto que foi construído, foi feito para atender às famílias da ocupação. Mesmo assim, durante a semana, estivemos com plantão social, com atendimento por assistentes sociais e psicólogos, atendendo a todas as famílias, com todos os tipos de problemas, de violação de direito, todo tipo de conflito. Essas famílias foram ouvidas e nós fizemos o atendimento de cerca de 80 delas. Algumas famílias foram encaminhadas para abrigos institucionais que a Prefeitura tem através do Sistema Único de Assistência Social, outras, realmente, tinham residência fixa e, no diálogo, elas contaram que, de fato, vieram atrás de algum tipo de benefício, e outras famílias, cerca de 50, foram identificadas em situação de extrema pobreza, e inserimos no auxílio moradia. Ao total, foram 1050 famílias atendidas.”, frisa Rosária.

Andreína Rodrigues Carvalho morava no local desde o início e nunca teve uma moradia digna. Ela diz que, desde o dia em que recebeu a notícia até esta quarta, com a operação para a mudança, sua vida já mudou. “Está sendo uma benção, porque foi muito sofrimento que a gente passou aqui. Já perdi tudo várias vezes por causa da chuva, mas estou muito feliz por ganhar minha casa, onde vou morar com meus filhos e recomeçar”, afirma.

Durante a operação de realocação, a somação de esforços foi ponto crucial para o desempenho positivo da operação. Além das equipes da Assistência Social, a ação contou com a integração da Secretaria Municipal Defesa Social e da Cidadania (Semdec), através da Guarda Municipal de Aracaju e Defesa Civil, Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) e das empresas municipais de Obras e Urbanização (Emurb) e de Serviços Urbanos (Emsurb).

O projeto habitacional

O projeto é uma idealização da Prefeitura de Aracaju, capitaneado pelo governo Federal, para construção de 1.102 habitações do novo complexo, batizado de ‘Irmã Dulce dos Pobres’, num investimento total de R$ 124,6 milhões, recursos oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), sendo R$ 116,7 milhões do financiamento e R$ 7,9 milhões de contrapartida do município.

O complexo habitacional está localizado envolto à reserva ambiental das mangabeiras, árvore símbolo do estado de Sergipe, e que será preservada e utilizada como uma reserva extrativista.

Fonte e foto assessoria

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