Aracaju, 19 de abril de 2024
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Aos 22 anos, Sasha Meneghel é certamente um dos rostos mais conhecidos do país. Desde seu nascimento, transmitido ao vivo no Jornal Nacional em 1998

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Aos 22 anos, Sasha Meneghel é certamente um dos rostos mais conhecidos do país. Desde seu nascimento, transmitido ao vivo no Jornal Nacional em 1998, os brasileiros acompanham os passos da única filha da apresentadoraXuxa Meneghel com o ator Luciano Szafir. A herdeira da “rainha dos baixinhos” tenta não se abalar com a pressão da mídia. Uma de suas estratégias é manter a vida pessoal longe do público, com aparições em eventos escolhidos a dedo e poucas intervenções no Instagram. “Antes de começar a trabalhar, entendia que não tinha escolhido ser uma pessoa pública, então, não sabia lidar muito bem”, diz ela. “Ficava mal quando publicavam sobre mim. Não precisava nem ser fake news. Podia ser uma foto de uma ida ao shopping que já me incomodava”, conta. Foi Xuxa, diz ela, quem lhe ensinou a olhar para esse interesse com carinho. “Depois de todos os programas, por exemplo, minha mãe passa até duas horas tirando fotos com os fãs”, conta. “Ela sempre me diz: ‘Imagine como você gostaria que sua filha fosse tratada ao pedir uma foto com alguém e trate da mesma maneira’.”

Só depois que começou a atuar como modelo, numa carreira que estreou há quatro anos cercada de expectativas, Sasha se tornou mais acessível. Foi num desses – agora raros – shootings que ela conversou com Marie Claire. A oportunidade ocorreu durante a preparação para a sessão de fotos da campanha de Sì Fiori, fragrância da Giorgio Armani, da qual é garota-propaganda. Cercada por profissionais espirrando álcool por todos os cantos devido aos rígidos protocolos criados em decorrência da pandemia do novo coronavírus, a carioca se manteve tranquila. Mais do que fugir dos holofotes, Sasha revela que evita a imprensa porque é tímida. Mas quando fala, tem opinião sobre tudo. Entre cabelo e maquiagem, ela lembrou momentos marcantes da vida, falou sobre feminismo, a necessária revolução que a moda precisa promover e de sua rotina de autocuidado.

“Meneghel, com gê-agá”, soletra Sasha casualmente à profissional de
saúde – responsável pela testagem rápida para detectar infecção por Covid-19 de todos no estúdio –, como se fosse a primeira vez que a enfermeira estivesse ouvindo um dos sobrenomes mais famosos do país. Mesmo com o sorriso coberto pela máscara de proteção, os olhos de Sasha brilhavam, contagiando a equipe no set. Estava decepcionada apenas por não poder distribuir abraços. “Uma coisa que minha avó [Alda Flores] falava muito para a minha mãe, e que trago comigo, é: ‘Você não é melhor que ninguém, mas ninguém é melhor que você’”, diz, sobre ser uma mulher “pé no chão”, segundo ela, característica que ajuda a lidar com a fama e os planos interrompidos pela pandemia, como o retorno aos Estados Unidos. Sasha vivia em Nova York, onde finalizou em maio deste ano a graduação em design de moda na Parsons School of Design. Com a necessidade de isolamento, preferiu voltar ao Brasil para ficar próxima da família. Fez à distância seu trabalho de conclusão de curso.

Sasha tem revezado o isolamento social entre a casa da mãe, no Rio, e a do namorado, o cantor gospel João Figueiredo, em São Paulo. Os dois assumiram o relacionamento em abril deste ano e passaram grande parte da quarentena juntos. “Minha avozinha de consideração, a Maria, mora na nossa casa. Ela tem problemas respiratórios, então estamos tomando todos os cuidados. Eu não aguentaria se algo acontecesse com ela.” Maria, uma funcionária que Xuxa considera como uma segunda mãe, antes mesmo da pandemia já precisava usar respirador, por isso, a preocupação. Com o namorado, Sasha procura ser discreta. Uma das únicas demonstrações públicas ocorreu no primeiro Dia dos Namorados ao lado de João – que a presenteou com um jantar vegano. Sasha retribuiu com uma declaração nas redes sociais: “Hoje é o primeiro de muitos e muitos Dias dos Namorados. Todos os dias comemoro sua chegada na minha vida, nossa amizade e nosso namoro”, escreveu.

Sobre a pandemia, afirma tentar manter a serenidade. “A gente não sabe como vai ser o dia de amanhã. Não tem como fazer nenhum plano. É dia após dia e com aquela prioridade: o estado emocional tem que vir em primeiro lugar. Se você tem a possibilidade de fazer isso, claro. Sei que tenho esse privilégio”, diz ela. Antenada a tudo o que está acontecendo no país, ela revela ser uma ávida consumidora de notícias. Para não pirar, diz que “dá uma regrada”, revezando o noticiário com livros e música – ou “batata frita”. Seu exercício favorito hoje, brinca ela, é o trajeto entre a cozinha e o quarto. “À noite, no escuro, vou correndo”, conta, rindo.

Brincadeiras à parte, ela afirma que tem tentado manter uma rotina de exercícios porque faz bem para o corpo e para a mente, e que pretende começar a praticar ioga, mas que ainda não tem maturidade nem cabeça para meditar. “Acho que, na quarentena, todo mundo deu uma desligada em relação à pressão estética”, acredita. “Decidi me cuidar porque não estava me fazendo bem. Voltei a malhar em casa, a ver filmes que gosto e passar mais tempo com a minha mãe.” Xuxa, aliás, é uma constante em suas conversas e, todas as vezes que Sasha fala sobre ela, esboça um sorriso. “Ela é o mais forte exemplo feminino que tenho na vida”, revela. “Minha mãe é feminista, é vegana, tem um coração que não consigo descrever. Ela é a pessoa mais humilde que eu conheço. Ela acerta, ela erra… Por mais que não admita, porque é ariana”, brinca Sasha, que se descreve como uma “leonina meio domada”.

Antítese da filha, Xuxa é uma mulher bastante extrovertida. Durante a formatura de Sasha no colégio, a rainha dos baixinhos gritou da plateia: “Sasha, te amo!”, enquanto a filha recebia o canudo. Logo em seguida, o pai, Luciano Szafir, se juntou ao coro: “Eu também!”, soltou. Na época, em entrevista ao programa do humorista Fábio Porchat, Sasha comentou o episódio e disse que estava mais concentrada em não tropeçar do que em responder aos pais. E, claro, disse que foi “zoada” pelas amigas por conta da manifestação de Xuxa.

Sasha responde um firme “com certeza” ao ser questionada se também se considera feminista: “O Brasil ainda é muito machista e o primeiro passo é reconhecer isso”, explica. Outro tema que a preocupa é derrubar estereótipos para que todos os corpos sejam aceitos e considerados belos. “Estrias, celulite? Temos, e daí?”, diz. Para ela, a prioridade zero é sentir-se confortável. “Gosto de usar calça larga, camisetão e tênis, o que não me torna menos feminina. Minha sensualidade vem de dentro. Com ou sem maquiagem. Quando você está se sentindo bem, isso transparece”, acredita. Ainda que seja adepta desse estilo básico, moda, para Sasha, é coisa séria. Principalmente quando se trata de pensar no tema sob o viés da sustentabilidade, por exemplo. Como vegana, ela acompanha de perto as mudanças da indústria e torce para que sejam perenes. “É triste se a sustentabilidade for apenas um hype”, diz. “Espero que sigam essas causas pelos motivos certos porque a moda passa, mas o mundo, não.”

Muito ligada à família, Sasha conta que algumas fake news publicadas sobre ela renderam boas risadas. “Uma atriz da série Pretty Little Liars chamada Sasha [Pieterse] ficou grávida e meu nome ficou nos trends daquele dia, como se eu estivesse grávida. Juntaram com o fato de minha mãe sempre falar que quer ser avó, e pronto!”, conta. Ela garante que, um dia, Xuxa vai ser avó, mas não tão cedo. “Deixa acontecer naturalmente”, brinca. Outra personagem constante em suas conversas é a avó materna, Alda, que morreu em 2018, aos 81 anos, em decorrência do mal de Parkinson. “Passei parte do isolamento em Angra dos Reis porque, quando vou para lá, lembro muito dela. Vejo minha avó pintando os morros. Em certo ponto, ela estava com as mãozinhas tremendo, então, pintava com os dedos. É uma lembrança muito forte. Sempre que vou para lá, tento pintar exatamente no mesmo lugar que ela ficava”, conta.

É graças a essas heroínas da vida real que ela diz que, apesar da fama precoce, continua firme em seus propósitos, centrada e em busca de um mundo melhor. Seja com a ambição de criar uma marca inclusiva e que abrace causas sociais, seja no dia a dia. Sasha sonha com uma sociedade nova após a pandemia, que, segundo ela, nos obrigou a parar, literalmente, e refletir sobre as desigualdades sociais.

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