Aracaju, 23 de abril de 2024
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Fica muito difícil tirar a diferença

Diógenes Braynerdiogenesbrayner@gmail.com

O grupo mais ligado ao prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) esperava vitória no primeiro turno. Não aconteceu e tem que se partir para uma disputa em segundo turno dentro de mais 14 dias. A previsão foi percebida inclusive pelo Ibope, que dessa vez foi exato em suas pesquisas. Pelos números, o prefeito comemorou a vitória pela diferença de 46% da segunda colocada, delegada Danielle Garcia (Cidadania), a maior já registrada em Aracaju, na disputa pela Prefeitura.

Edvaldo teve ontem várias reuniões, já sobre a campanha que se reinicia hoje. Até o momento não discutiu sobre apoios de outras legendas, o que deve acontecer no decorrer desses próximos dias. O objetivo é manter a sua presença nas ruas, oferecer propostas e chegar ao final com uma vitória. A diferença é extensa e uma maioria avalia que não há tempo suficiente para uma ultrapassagem, em razão da aceitação que Edvaldo obteve no primeiro turno, mesmo que não se possa desconhecer que se trata de outra eleição. Mesmo assim, é difícil esquecer os percentuais que separam o primeiro do segundo.

De qualquer forma não será tão fácil. Em qualquer eleição o excesso de confiança não é aconselhável. Torna-se uma arrogância prejudicial. Tanto que o cuidado do prefeito é manter a mesma linha do primeiro turno, com respeito ao adversário, sem xingamentos e evitando um oba-oba que não faz sentido em qualquer disputa eleitoral, mesmo em caso de fragilidade do concorrente, o que não e o caso da delegada Danielle Garcia, que já vai às ruas hoje. Danielle, inclusive, superou as suas apresentações iniciais, quando teve uma postura autoritária, como se estivesse exercendo uma atividade policial e não política.

As eleições de domingo passado realmente foram atípicas. Muita gente não foi votar, principalmente a chamada classe média. As ruas não estavam desertas, mas com pouca circulação e não se viu grandes filas nos locais de votação. Tudo muito tranquilo. Até mesmo o TSE atrasou a contagem, por ação de hackers, que provocou desconfianças sobre a segurança anunciada pelo programa. No final deu tudo certo, embora já se tenha ações em instâncias superiores para que haja explicações desse apagão, que inicialmente assustou muitos candidatos em todo o País.

Mudanças quase radicais na Câmara Municipal de Aracaju com a eleição de 15 novos candidatos o que muda o perfil do legislativo, que já há muito tempo vinha mantendo a mesma cara, sem qualquer maquiagem. As eleições de 2020 trouxeram à cena personagens que podem mudar a sua história, porque não são “figurinhas atreladas a figurões”, mas que saíram da vontade de um povo simples, carente de representação dentro do seu padrão de vida e das suas necessidades.

Algumas estrelas sobraram e, na política, o retorno de quem saiu é muito complicado, porque quatro anos sem mandato mudam uma história. Além disso, a nova Câmara não tem perfil radical nem de esquerda e nem de direita, o que sinaliza para uma melhor dedicação às necessidades da cidade, sem ranços ideológico ultrapassados, que sempre servem a um grupo que atrapalha ações que não atendam aos interesses das regras que traçam para o povo, sem saber se ele aprova.

De qualquer forma uma nova eleição se realiza dentro de mais duas semanas e tudo indica que, para o executivo, a mudança só acontece em caso de um grave acidente de percurso.

Conversas se iniciam

As reuniões para traça a campanha do segundo turno, dia 29, já se iniciaram ontem, para novas atuações. Tanto Edvaldo Nogueira (PDT), quanto Danielle Garcia (Cidadania) vão tentar ampliar o formato.

*** Será uma nova eleição, embora a diferença entre o primeiro e segundo colocados foi superior a 40%, o que demonstra tendência para Edvaldo Nogueira.

Reunião para decisão

Ontem à tarde houve uma reunião do Grupo de Esquerda – PT, Rede e Prós – e a maioria analisou o pleito, avaliou os resultados e pensa em atuar no segundo turno.

*** O pessoal fez uma avaliação do momento político e ficou bem claro que o grupo de esquerda sequer admite apoiar Danielle.

Saiu fortalecido

Senador Rogério Carvalho (PT) diz que “fizemos desta eleição uma grande demonstração de que o PT permanece no coração do povo mesmo com tantos ataques”.

*** Anuncia que o PT fez seis prefeitos em Sergipe, sete vice-prefeitos e 63 vereadores. *** – Saímos deste processo fortalecidos e com mais disposição para defender os interesses dos sergipanos, disse o senador.

Danielle volta às ruas

O grupo liderado por Danielle Garcia – PR, PSB e Cidadania – já volta às ruas hoje para iniciar a campanha do segundo turno.

*** Danielle já conversou com lideranças partidárias, mas ainda não definiu apoio. Vai deixar as coisas virem naturalmente.

Aumenta abstenção?

Vinícius Porto (PDT), reeleito para a Câmara Municipal, reconheceu que foi uma campanha muito diferente, inclusive porque houve cuidados para evitar o coronavírus.

*** Disse que a abstenção foi muito grande e isso pode ter prejudicado alguns nomes que não conseguiram a reeleição.

*** Acha que o prefeito Edvaldo Nogueira se reelege em razão da diferença ter sido muito extensa, mas adverte que a abstenção pode ser maior em razão da ausência dos candidatos a vereador.

Perde por 64 votos

Elber Batalha (PSB) não se reelegeu vereador por exatos 64 votos a menos em sua chapa. O candidato do Republicanos conseguiu ultrapassar quando faltavam apenas 10 urnas para fechar a apuração.

*** Elber Batalha também admite que a alta abstenção prejudicou a vários candidatos e acha que a maioria de eleitores ausente foi da classe média.

Rodrigo neutro

Rodrigo Valadares (PTB), que ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de Aracaju, disse ontem que, por sua linha política, não pensa em apoiar nem Danielle e nem Edvaldo no segundo turno.

*** – Nenhum dos dois representa o que eu penso na política e muito provavelmente vou ficar neutro neste segundo turno e deixar o eleitorado decidir.

*** Ele lembra que o “político tem que tomar posição. Vou avaliar mais acho que dificilmente será diferente dessa”.

Georlize e apoio

O delegada Georliza Teles (DEM) disse que ainda não sabe quem o partido vai apoiar no segundo turno. Mas diz que pensa diferente: “quem votou em mim não vai votar em quem eu apoiar. Mas depende da legenda”, diz.

*** Georlize já vai se apresentar hoje na Secretaria de Segurança, para retornar ao trabalho, sem nenhum problema.

Sobre André Moura

Ainda na euforia das vitórias em Japaratuba, com a reeleição de Lara, e em Pirambu, onde elegeu Guilherme Melo a prefeito, o ex-deputado federal André Moura anunciou sua candidatura e da filha em 2022.

*** Disse que a filha, Yandra Moura, será candidata a deputada federal, mas não falou que mandato pretende disputar.

Decide amanhã

O Patriota fará reunião amanhã para decidir quem apoiar nesses segundo turno. Uezer Márquez, presidente regional do partido, disse que o grupo vai resolver.

*** Só depois da reunião é que se vai anunciar a posição do partido no segundo turno.

Renovação grande

Emília Corrêa (Patriota), Nitinho (PSD), Vinícius Porto (PDT), Fábio Meireles (PSC), Isaac (PDT), Palhaço Soneca (PSD), Dr. Manuel Marcos (PSD), Anderson de Tuca (PDT) e Professor Bittencourt (PC do B)

*** Os nove vereadores acima foram os únicos que se reelegeram à Câmara de Aracaju, o que revela uma renovação de 65% aproximadamente, a maior já ocorrida naquela Casa.

*** As eleições municipais mostraram que um novo perfil de lideranças em Aracaju.

Assume a Assembleia

Com a Vitória do deputado Dilson de Agripino à Prefeitura de Tobias Barreto, assumir a vaga de deputado o suplente João Marcelo de Nossa Senhora das Dores.

*** Ele já toma posse em janeiro, quando Agripino assume a Prefeitura.

Uma boa conversa

Eleições atípicas – As eleições em Aracaju foram atípicas e a renovação na Câmara superou expectativas feitas por analistas.

Maior número – O centrão mostra que tem força em todo o País. Elegeu o maior número de prefeitos e isolou os discursos radicais.

Prevalece tese – A tese do empresário Carlos Augusto, do Grupo Maratá, prevaleceu em Lagarto. A cidade continua com dois deputados federais.

Moita Bonita – O deputado federal Bosco Costa sofre derrota em Moita Bonita: seu filho perdeu a prefeitura para o primo.

De Maria – No serviço público, tem muita gente competente que carrega o piano enquanto a turma da indicação fica na mamata. Tô mentindo?

Gaudêncio Torquato – Fraco desempenho dos parentes de Bolsonaro nas urnas Candidatos a quem Luciano Huck fez doações fracassam nas urnas.

Presidente sai mal – O presidente Bolsonaro não se saiu bem nas eleições municipais em todo o Brasil. Péssimo sinal para 2022.

Deu em Metrópoles – Bolsonaro publicou uma lista com uma série de nomes que disse apoiar, mas apagou em meio aos primeiros resultados divulgados.

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Opinião

A  D E L E G A D A ,  O  B I Ó L O G O  E  A  E L E I Ç Ã O

*João Augusto Gama

O resultado eleitoral de Aracaju não surpreendeu ninguém. Era o esperado. A grande surpresa foi a rejeição à delegada. Uma candidatura que nasceu montada no sucesso de 2018 do delegado-senador esvaziou. Com magros 21 pct dos votos fica claro o seu esvaziamento. 78 pct dos aracajuanos disseram nas urnas que o projeto arrogante e mal conduzido não tem nada conosco. A derrota foi feia.

O seu  marqueteiro que elogiou o prefeito dizendo que “a cidade é um canteiro de obras¨ e que não seriam paralisadas em uma eventual eleição da delegada, foi o mesmo que afirmou depois que as obras eram eleitoreiras. Sem nomeá-las. Ficou a dúvida no eleitor.

A obra do Moema Meire é importantíssima. O canal que divide o São Carlos do Maria do Carmo absolutamente humana. Obra de compromisso social. E o Japãozinho? Santa Maria, av. Hermes Fontes, recuperação de ruas, praças e avenidas  seriam eleitoreiras? Não disse quais as obras eleitoreiras. Por falta de conhecimento da cidade, sem visitar as obras, não disse nada. E o eleitor não é burro.

O biólogo levou seu partido a uma aventura. Perdeu o senso da realidade. Transformou o nacional em local. Seguindo o sonho esqueceu da realidade. Transformou o secundário em principal. Rompeu uma aliança de mais vinte anos por uma aventura de poucos meses. E nem seus próprios companheiros entenderam. É óbvio que seu partido tem mais que os magros 25 mil votos. Agora , como diria o marquês de Pombal, ¨é hora de cuidar dos vivos, enterrar os mortos e reconstruir Lisboa¨.

No dia 29 o prefeito precisa de pouco mais de 5 pct dos 55 pct do eleitorado que por alguma razão não votou nele, muitos até mesmo por rejeição e a delegada-candidata de 30 pct dos 79 que rejeitaram seu nome. Realmente, é uma conta difícil de fechar.

* Ex-prefeito de Aracaju

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