Aracaju, 12 de julho de 2025
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Duas pesquisas da UFS são selecionadas em edital do Fundo Brasileiro para Biodiversidade

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Ao todo, Funbio vai destinar mais de R$ 1 milhão para ajudar no custeio de pesquisas

Dois projetos de pesquisa da Universidade Federal de Sergipe (UFS) estão entre as 37 propostas selecionadas na edição deste ano do programa de bolsas “Conservando o Futuro”, do Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio), em parceria com o Instituto Humanize. Ao todo, mais de R$ 1,1 milhão será distribuído para o desenvolvimento de pesquisas. O resultado da chamada pública foi divulgado no último dia 15.

A doutoranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFS, Carla Zoaid, foi selecionada com o projeto que visa desenvolver um modelo de gestão territorial para aplicação dos instrumentos da política florestal brasileira no estado. O alvo do estudo será a bacia hidrográfica do Rio Japaratuba, a partir da análise e testagem de critérios.

A pesquisa trabalha com a hipótese de que utilizar as bacias hidrográficas como Unidade de Planejamento, ao contrário dos biomas, é o modelo mais adequado para a organização do uso e a ocupação do solo e proteção da biodiversidade. Para isso, vão ser realizadas atividades, como processamento de imagem de satélite e coleta de dados em visitas de campo.

“Com base nisso, nós vamos propor um modelo de ocupação territorial, visando a sustentabilidade futura. E responder a principal pergunta: ‘quanto de vegetação deve estar protegida dentro dessa bacia hidrográfica, com base em todo o critério que iremos testar dentro da nossa pesquisa? “, afirma a pesquisadora que se dedica ao assunto há cerca de dois anos.

Carla Zoaid destaca que a bolsa vai permitir a aquisição de computadores robustos para processamentos de dados pesados, como os de geoprocessamento, licenças de softwares para análises mais refinadas, e custeio de pesquisa de campo.“É muito importante o financiamento dessa pesquisa para que a gente possa avançar e entregar uma informação qualificada para a sociedade”, pontua a doutoranda.

A orientadora de Zoiad e professora de Ciências Florestais da UFS, Laura Jane, espera que a pesquisa inspira outros pesquisadores a trabalharem com o assunto e que “haja um avanço das ciências ambientais no sentido de equilibrar o ambiente, no caso a bacia hidrográfica, com vegetação, desenvolvimento econômico e o principal: produção de águas para garantir a sobrevivência de gerações futuras”.

Com o projeto “Avaliação da efetividade de lagoas marginais no trecho final do médio São Francisco, estado da Bahia”, o doutorando em Ecologia e Conservação da UFS, Pedro Gargur, também conquistou uma das bolsas do Funbio. “A nossa proposta é evidenciar a importância das lagoas marginais desse último trecho do Rio São Francisco (Xique-Xique – Barra), que ainda corre livre de barramento, para a manutenção dos estoques naturais de peixes”, afirma o estudante de pós-graduação que, assim como Carla, estuda o assunto há dois anos.

Pedro Gargur afirma que, sem o apoio do Funbio, até conseguiria defender a tese, mas o trabalho não teria o grau de refinamento esperado com a bolsa. “Porque ela vai permitir que a gente trabalhe com um pouco mais de folga e até um pouco mais de ousadia no sentido de aumentar o número de coletas, adquirir equipamentos e softwares, pagamento de diária para pescador, motorista e auxiliar de campo, alimentação e combustível”, destaca o doutorando.

Diante da redução do número de editais de financiamento na área da biologia da conservação, o orientador de Gargur e professor de Biologia da UFS, Marcelo Fulgêncio, conta que o apoio do Funbio veio em boa hora para viabilizar a pesquisa com custos elevados.

O docente ainda considera o tema como um dos pontos essenciais para seleção do seu orientando. “Será um estudo que vai gerar dados inéditos para a região, que é pouco estudada. E isso, certamente, pesou na escolha”, diz.

Conservando o Futuro

O programa, que recebeu mais de 450 inscrições neste ano, seleciona trabalhos de estudantes de mestrado e doutorado que estudem um destes quatro eixos temáticos: conservação, manejo e uso sustentável da fauna e flora, recuperação de paisagens e áreas degradadas, gestão territorial para a proteção da biodiversidade e mudanças climáticas e conservação da biodiversidade.

Cada selecionado pode receber, de acordo com o Funbio, o valor máximo de R$ 20 mil para projetos de mestrado e R$ 38 mil para propostas de doutorado. Desde 2018, ano da primeira chamada de bolsas, já foram beneficiadas 60 iniciativas de pesquisa ligadas à conservação da natureza.

Funbio

Criado em 1996, o Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio) é “um mecanismo financeiro nacional privado, sem fins lucrativos, que trabalha em parceria com os setores governamental e privado e a sociedade civil para que recursos estratégicos e financeiros sejam destinados a iniciativas efetivas de conservação da biodiversidade”.

Abel Victor | Rádio UFS –

Foto: Arquivo pessoal

 

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