Aracaju, 10 de julho de 2025
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Três mulheres, três histórias e o sonho de viver sem medo

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A biomédica Ludmila Carvalho Senna chega cedo ao Laboratório Central de Sergipe (Lacen) todos os dias. Trazendo uma medalha de Nossa Senhora das Graças no pescoço e fé no coração, se prepara para uma exaustiva jornada na análise de patologia clínica. No outro extremo da cidade, Maria Cristina dos Reis chega ao Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) para cuidar da limpeza e higienização da UTI 2 Covid e se sensibiliza com pacientes que lutam pela vida. Ali perto, na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, a pediatra neonatal Klebiana Santos Gomes de Barros chega para cuidar dos pequenos pacientes que acabaram de nascer prematuramente.

Três mulheres, três profissões e uma história em comum: estão na linha de frente da assistência aos pacientes infectados pela Covid-19 e unidas pelo mesmo ideal de ajudar a salvar vidas nessa cadeia de cuidados que é o Sistema Único de Saúde (SUS). Estão conectadas também por fortes emoções e sentimentos que mexem com a cabeça e o coração de quem atua na pandemia, como o medo e a insegurança. “O vírus é um agente desconhecido e invisível, que pode estar em qualquer lugar. E isso nos causa medo”, definiu a pediatra neonatal Klebiana de Barros.

A pandemia do novo coronavírus também mexeu com a rotina dessas mulheres que, como tantas outras, não limitam a jornada de trabalho às atividades profissionais. A principal implicação foi o aumento de trabalho. “Há um ano que nós estamos em uma rotina intensa, com o aumento não só do quantitativo de amostras, mas também das horas trabalhadas. Embora seja sido muito exaustivo trabalhar na pandemia, é também uma oportunidade de aprendizado muito grande, profissional e pessoalmente”, considerou a biomédica.

“A demanda de trabalho cresceu, a quantidade de pacientes aumentou, o estresse passou a fazer parte do nosso dia a dia e tudo isso nos deixou sobrecarregados, a todos nós, do médico aos trabalhadores da limpeza. Chegamos à exaustão, nos levantamo de novo e de novo, mas estamos seguindo, buscando a cada dia fazer o melhor para todos”, reforçou a pediatra.

A crise sanitária mexeu profundamente com o emocional de quem atua nas áreas Covid, mas não foi capaz de abater a força interior de Maria Cristina dos Reis. Trabalhando na limpeza da UTI 2 Covid do Huse, executa tarefa de risco. Cada dia, segundo ela, era uma superação, era uma vitória. “Foi muito difícil conviver diariamente com o perigo, com a ameaça de ser contaminada e adoecer, ou levar o vírus para minha família. Eu ficava apavorada, mas todos os dias lá estava eu, orgulhosa do que fazia. Agora trabalho com mais tranquilidade porque tomei a vacina”, relatou a trabalhadora.

Histórias parecidas, sonhos e esperanças iguais. Para estas três mulheres, que diariamente enfrentam o perigo e vivem os sentimentos conflitantes da dor da perda e da alegria da recuperação do paciente, é preciso acreditar, ter fé e acalentar o sonho de que as coisas vão tomar um rumo mais tranquilo, seja para a saúde mundial, seja para cada indivíduo. Para as três, a vacina é a esperança.

Ascom/SES

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