*Thieryson Santos
Certa vez a vida perguntou para a morte: “Por que todo mundo me ama e te odeia?” A morte de imediato respondeu: “Porque você é uma linda mentira e eu sou uma dolorosa verdade”.
O enfretamento no combate ao Covid/19 tem nos demostrado uma dolorosa verdade, pois em Sergipe 3.023 morreram e há uma forte tendência de crescimento se nada for feito a altura para inibir novas mortes. Alguns, afim de mascarar a ineficiência de tomar medidas necessárias e urgentes para conter o crescimento da peste, preferem o discurso fácil e joga pra galera a responsabilidade atribuindo a culpa a falta da vacina.
Ora, estamos careca de saber que o distanciamento social, o uso de álcool em gel, uso de máscaras e vacinas podem reduzir bastante o número crescente de óbitos, além da superlotação dos hospitais e das UBS da capital.
Para falar da Unidade Básica de Saúde em Aracaju, ontem dia 08 de março, esse causídico com sintomas de covid/19 dirigiu-se às 09 da manhã até a UBS José Machado, no Bairro Santos Dumont, para realizar o teste de covid. De imediato, a funcionária preencheu a lista com meu nome num papel e pediu gentilmente para aguardar do lado de fora.
Pois bem, a UBS estava tão cheia que as pessoas se aglomeravam do lado de fora e vinha pessoas de todo o tipo, crianças de colo que vinham do Santa Isabel, idosos, jovens que muitos de aguardar por uma chance de ser consultado acabou que muitos foram vencidos pelo cansaço, outros pela fome, outros pelo sol escaldante e até não ter mais vaga para atendimento.
Até a polícia miliar não passou despercebido pelo povo ao perceber quando o mesmo ao descer da viatura, meio abatido, pediu ao funcionário que fosse atendido pelo médico e fizesse o teste do Covid. Quando ao sair da porta da UBS para surpresa de todos, o policial parou no meio do povo e rasgou o verbo “Gente eu sou policial, mas Bolsonaro é um vagabundo”. Nunca pensei que testemunharia isso.
Já passava do meio dia e fui finalmente atendido às 13h:00 da tarde, passei por duas triagens na sala 07 e 06 até chegar na outra sala e finalmente ser consultado por médico mais ou menos às 15h:10, encerrando a peregrinação com a coleta dez minutos seguintes. Nesse interstício testemunhei ainda os funcionários bastante preocupados, sem sabe o que fazer com tanta gente que não parava de chegar. Houve princípio de tumulto, a guarda municipal logo foi acionada para conter os ânimos acirrados. Mas o momento mais difícil de ouvir foi quando o homem que parecia administrador da UBS, dirigiu-se ao povo dizendo que não teria mais capacidade de atendimento por motivo de lotação.
Portanto, cuide-se para que a dolorosa verdade não chegue até você ou sua família.
*Thieryson Santos é advogado